Sim, as raparigas leem mais. Os rapazes são mais difíceis de convencer a pegar num livro. Mas uma coisa que reparo quando vou às escolas é que eles, quando gostam de uma história, gostam mesmo, e são capazes de nos metralharem de perguntas até conseguirem arrancar-nos o máximo de informação possível. Não sinto tanto isso nas raparigas, apesar de também ter encontrado muitas leitoras com livros em estado lastimável debaixo dos braços, de tanto serem levados de um lado para o outro e lidos vezes sem conta.
Que tipo de leituras atrairão mais os rapazes? Talvez fosse uma boa ideia começar com livros que apelem à sua curiosidade e ao seu sentido prático. E depois então avançar para a literatura. Às vezes é uma questão de encontrar aquele livro que transformará o rapaz teimoso num leitor totalmente convertido.
Recentemente foram lançados dois livros de respostas a diversas perguntas sobre os mais variados temas. Em Trocado por miúdos, da Porto Editora, responde-se a questões como «Para que serve a tromba do elefante?», «Porque é que uma maçã cai da árvore e uma estrela não cai do céu?», «Como surgiu a crise em Portugal?». Já em Grandes Perguntas de Gente Miúda com Respostas Simples de Gente Graúda, de Gemma Elwin Harris, editado pela Editorial Presença, também se propõe a responder a perguntas como «Por que é que o mar é salgado?», «A que distância de nós está o espaço?», «Por que é que eu não consigo fazer cócegas a mim mesmo?», «O que é que faz com que eu seja eu?».
Os rapazes tendem a gostar mais de monstros, de fantasmas e de outras criaturas fantásticas, pelo que nada como apelar ao seu imaginário com Como Treinares o teu Dragão, de Cressida Cowel, publicado pela Bertrand. É possível que ele tente argumentar que mais vale ver o filme da Dreamworks, mas o livro é bastante garrido e apelativo, irresistível de folhear. Há ainda a série O Detetive Esqueleto, de Derek Landy, da Porto Editora, e Feras e Heróis, escritos por Adam Blade e editados pela PI.
De aventuras e de autores portugueses, recomendo a coleção Sete Irmãos, de Margarida Fonseca Santos e Maria João Lopo de Carvalho; e a série Olympus, de Ana Soares e Bárbara Wong, edição da Objectiva.
Chamo a atenção para um outro livro que é o Clube CSI, de David Lewman, editora Imagine Words, baseado na série de televisão, mas escrito para miúdos.
Claro que há muitas outras sugestões, mas nada como fazer uma visita a uma livraria e deixar o seu menino passear nos corredores, folhear os livros, e ver como reage. Ou então passe algum tempo com ele a navegar na internet, a visitar os sítios dos autores, a ler as críticas de outros leitores, procurar clubes de fãs, como este que existe de uma série de livros da Margarida Fonseca Santos, O Reino de Petzet – www.oreinodepetzet.blogspot.pt
E se o seu filho não se revelar um leitor ávido de literatura, isso não quer dizer que não possa continuar a ser um leitor. Há muitos livros práticos sobre inúmeros temas, mas isso fica para um próximo post.