Gosto imenso de histórias de terror para crianças. Acho que se fosse criança não leria, mas agora que sou crescida, é um gosto. Estranhamente, não gosto de filmes de terror, nem literatura de terror para adultos. Creio que é a criança em mim que gosta de se assustar, mas sem ser com nada muito gore. Doll Bones, de Holly Black (autora de As Crónicas de Spiderwick), estava nomeado para vários prémios quando o adquiri, o que me suscitou muita curiosidade, não só pela história, mas também pelas ilustrações que remetem para Edward Gorey.
Zach, Poppy e Alice são os melhores amigos. Juntos inventam mil e uma brincadeiras com os seus bonecos. Porém, um dia Zach descobre que o pai deitou todos os seus brinquedos fora, pois considera que ele já é demasiado crescido para brincar com eles. Zach fica furioso e sente-se subitamente desorientado. Decide então que a única maneira de ultrapassar isso é deixar de brincar e de ser amigo de Poppy e Alice. Uma decisão radical, mas que não tem volta. Até que um dia as meninas lhe fazem uma visita e lhe contam sobre uma série de estranhos acontecimentos. Poppy acha que a boneca dela, uma boneca de porcelana, está possuída por um fantasma e que na realidade foi feita com ossos de uma menina assassinada muitos anos antes. Para escaparem a uma maldição, as três crianças terão de levar a boneca para o sítio onde a menina vivia e enterrá-la lá.
Identifiquei-me em parte com a história, porque quando tinha treze, catorze anos, descobri que o baú dos meus brinquedos de infância fora parar ao lixo e assim de uma assentada perdi tudo aquilo que representava as minhas memórias das brincadeiras de infância, o que teve um grande impacto em mim. Já não brincava com os brinquedos, mas mesmo assim, foi como se alguém tivesse cortado um fio que ainda me prendia à infância, fazendo-me entrar assim em pleno na adolescência.
É o que acontece neste livro, em que a descoberta desta boneca e da sua história marca como que a última grande aventura da infância de Zach, Poppy e Alice, antes de entrarem na adolescência e começarem a perder aquela inocência de criança na sua jornada para a idade adulta.
Outra coisa que me interessou muito foi a imaginação demonstrada pelos miúdos nas suas brincadeiras com os brinquedos. Penso que qualquer criança irá identificar-se com esses momentos e, talvez, ao ler este livro, transportar os eventos da história para as suas próprias brincadeiras.
Não está traduzido para português, mas recomendo a adultos que gostem deste tipo de literatura e até podem ir traduzindo oralmente para os seus pequenos se estes ainda não forem capazes de ler sozinhos em inglês.