A descoberta da filosofia na adolescência teve um impacto importante na minha vida, pois foi quando comecei a tecer mais seriamente uma ideia sobre a humanidade, a religião, com a qual sempre tive muitos conflitos, e finalmente sobre mim própria. Tinha catorze anos e estava no décimo ano, no curso de Humanidades, pelo que a disciplina de Filosofia fazia parte do currículo. Filósofos como Bertrand Russel, Kant, Platão, Simone de Beauvoir e, principalmente, Sartre, foram, nesses anos de grande turbulência juvenil, fundamentais na minha procura insaciável de respostas para as grandes questões da vida. Foi então que descobri O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, um livro que nos transporta para o mundo da filosofia.
Quando está prestes a fazer quinze anos, Sofia Amundsen recebe cartas de alguém desconhecido perguntando quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Estas perguntas lançam Sofia numa viagem pela Filosofia em que descobre muitos pensadores, desde Sócrates a Jean-Paul Sartre.
Não o li de uma assentada, até porque na altura não era grande leitora a não ser de manuais escolares. Contudo, funcionou, para mim, como uma espécie de bússola no que diz respeito aos pensadores, àquilo que era para eles a existência, o conhecimento, a verdade, enfim, tudo aquilo que eu procurava para poder determinar por mim própria o modo como olhava o mundo. O livro não oferece uma leitura muito fluida, apesar da linguagem acessível. Todavia, poderá ser um importante rastilho para todos aqueles jovens adolescentes que estão a começar a criar a sua visão do mundo e a procurar descobrir o seu lugar dentro dele.