Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido como Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas, era, além de escritor, professor de matemática e de lógica. Talvez por isso gostava muito de jogar com as palavras, com a lógica e de incorporar na sua escrita alguns enigmas matemáticos. A certa altura, em Alice no País das Maravilhas, Alice faz contas de multiplicar que não parecem fazer qualquer sentido, como 4×5 é igual a 12 ou que 4×6 dá 13. Na verdade, Carroll estava a jogar com conceitos matemáticos relacionados com expoentes (algo indecifrável para mim). O autor também brinca com a lógica, como por exemplo no episódio em que o Gato Cheshire desaparece quase totalmente no ar, menos o seu sorriso, e Alice comenta já ter visto muitos gatos sem sorriso, mas nunca um sorriso sem um gato (numa tradução mais ou menos livre). Algumas das situações ridículas contadas na história não passam de referências e jogos de palavras, por vezes tão sofisticados que passam despercebidos aos leitores (como eu).
Durante toda a história, Alice depara frequentemente com puzzles e problemas de resolução impossível e que a deixam por de mais frustrada. Carroll achava as histórias da sua época demasiado moralistas e simplistas, pelo que considerava importante demonstrar às crianças que, tal como na vida real, nem todos os problemas tinham uma resposta lógica ou sequer um significado. É interessante verificar que uma história para crianças possa ter tantas leituras, em níveis tão diferentes.
Deixo algumas análises interessantes a Alice aqui, aqui e aqui.
