Será uma pergunta controversa. Os rapazes lerão efetivamente menos que as raparigas? Nas minhas visitas às escolas eram de facto as raparigas que mais perguntas me colocavam sobre os meus livros, mas julgo que isso terá que ver com o facto de a personagem principal dos meus primeiros livros ser uma fada. Já no caso do «Monstro, em que o protagonista é um rapaz roliço com excesso de imaginação, notei uma grande diferença. Eram muito mais os rapazes que me abordavam e com um curioso fervor que nunca detetei nas raparigas. Eram menos, sim, mas mais empenhados na história. Foi pelo menos essa a minha perceção.
Num artigo intitulado What If Boys Can’t Find the Right (Reading) Stuff?, discute-se se os rapazes leem pouco por na indústria editorial, bem como na crítica literária, haver mais mulheres do que homens. Em que é que isso influencia o interesse das crianças do sexo masculino pela leitura? No artigo é sugerido que o facto de haver mais mulheres editoras pode ter impacto no tipo de livros que são lançados e cujos conteúdos interessarão menos aos rapazes do que às raparigas. Um exemplo citado é o dos livros infantis ilustrados que o autor Jonathan Emmett considera serem mais apelativos para as meninas do que para os meninos. Parte da culpa disto será, segundo ele, dos homens editores por não se interessarem tanto pela edição de livros infantis e juvenis. Será mesmo assim? Esta é pois uma questão interessante para refletir e debater.