Quebrada a onda das histórias passadas em futuros distópicos, em que os heróis ou as heroínas combatem o regime imposto, criada pelo mega-sucesso de Os Jogos da Fome, da autora Suzanne Collins, eis que o realismo contemporâneo invade as livrarias. Depois de mais de uma década dedicada à feitiçaria, aos vampiros, aos lobisomens, anjos e futuros pós-apocalípticos, este ressurgimento como que restaura a glória do género quase desaparecido dos escaparates.
Lá fora a tendência está definitivamente marcada, enquanto em Portugal os autores portugueses nunca chegaram a abandonar o género, como por exemplo, no caso juvenil, a Margarida Fonseca Santos, a Maria João Lopo de Carvalho, etc.
Como é que isto aconteceu? A «culpa» será de John Green, mas não exclusivamente, com o seu A Culpa é das Estrelas (cuja adaptação ao cinema já anda a estrear pelo mundo), de autores como Rainbow Rowell, com Eleanor & Park, R.J. Palacio, com Wonder, Jandy Nelson, entre outros.
O escapismo que os géneros fantásticos e distópicos proporcionavam, dão lugar agora ao confronto com histórias de heróis que passam por situações semelhantes às dos leitores, que têm de enfrentar obstáculos colocados pela doença, pela sociedade ou por si próprios, mas que no fim procuram o mesmo que todos os outros – o amor, a liberdade de escolha, de identidade e uma compreensão do mundo no presente.
O Publishers Weekly, publicação dedicada ao setor editorial, tenta encontrar aqui uma explicação para o crescimento do realismo contemporâneo na literatura para adolescentes.