Monthly Archives: Julho 2014

Em setembro o «Fábulas» regressa com novidades

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As férias já começaram para muitos na companhia de amigos, família e bons livros. São dias para aproveitar o descanso, passear, gozar o tempo livre com filhos, netos, sobrinhos, primos, pequenos e graúdos, e partilhar histórias vividas na praia ou no campo, entre páginas e fora delas.

O Fábulas fará também uma pausa a fim de respirar, recuperar energias e preparar-se para a rentrée, altura em que regressará com um novo formato, novasadições que irão enriquecer em muito este singelo blogue e outras novidades.

Assim vos desejo umas boas férias. Até já!

 

Livros de referência com belas ilustrações

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A Porto Editora tem uma coleção, Educação Literária, através da qual publica diversos livros de referência de autores lusófonos e estrangeiros indicados, segundo informação da editora, pelas Metas Curriculares de Português do Ensino Básico e Secundário. Os livros são em formato médio e alguns deles apresentam um aspeto gráfico cuidado como é exemplo um dos mais recentes, Maria Moisés, de Camilo Castelo Branco, ilustrado por Raquel Costa, da Little Black Spot.

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A coleção conta com obras de Manuel António Pina, Alexandre Herculano, Luísa Costa Gomes, Matilde Rosa Araújo, Virginia Wolf, entre clássicos da literatura mundial, como Robinson Crusoé, A Ilha do Tesouro ou As Aventuras de Pinóquio. Mais aqui.

Veem aí dois filmes sobre a vida de Tolkien

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J.R.R. Tolkien teve uma vida relativamente pacífica. Casou-se com o seu primeiro e grande amor, Edith Mary Bratt, não sem sobressaltos, pois Edith era mais velha do que ele três anos e era protestante ao passo que ele era católico. Teve uma breve participação na Primeira Guerra Mundial, mas devido a diversos problemas de saúde foi considerado inapto para servir na frente, onde perdeu quase todos os seus amigos da escola. Formado em Língua e Literatura Inglesa, após a guerra, Tolkien começou a trabalhar no Oxford English Dictionary. Pouco depois, em 1920, tornou-se no professor mais novo a dar aulas na Universidade de Leeds. Em 1925, regressou a Oxford para leccionar em Pembroke. Na Segunda Guerra Mundial chegou a ser convidado para servir no departamento de criptografia e recebeu formação na área, mas os seus serviços acabaram por não ser necessários, pelo que regressou a Oxford onde permaneceu até à reforma, após o que se mudou para Bournemouth, no sudoeste da Inglaterra. Edith faleceu em 1971 aos 82 anos e Tolkien seguiu-a vinte e um meses depois. O casal encontra-se enterrado no Wolvercote Cemetery, em Oxford.

Uma biografia mais completa do autor pode ser encontrada aqui.

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Tolkien e C.S. Lewis, criador da saga As Crónicas de Nárnia, foram grandes amigos. Juntos animaram um clube informal, os Inklings, com outros colegas da Universidade de Oxford, em que se discutia o amor pela escrita de fantasia. C.S. Lewis, que era ateu, converteu-se ao cristianismo, após uma conversa com Tolkien e outro amigo, Hugo Dyson, que lhe terá ajudado a restaurar a fé em Deus. Para desapontamento de Tolkien, porém, Lewis juntou-se à Igreja Anglicana e não à Católica.

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Este poderá ser o mote de um dos filmes que estão anunciados sobre a vida de Tolkien. O primeiro, já em preparação, chama-se Tolkien & Lewis, será realizado por Simon West, e narrará a história da amizade entre os dois autores e de como dela nasceram duas grandes obras da literatura inglesa e mundial, O Senhor dos Anéis e As Crónicas de Nárnia. O segundo filme, produzido pela Fox Searchlight, acompanhará a vida inteira do autor, desde a breve infância vivida na África do Sul, à adolescência, ao seu tempo de serviço na Primeira Guerra e depois como professor universitário, enquanto escrevia O Senhor dos Anéis. Não há para já datas de estreia, mas prevê-se que Tolkien & Lewis se estreie nos cinemas em meados de 2015.

A notícia é daqui.

 

As aventuras do urso que nasceu no Peru

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Chama-se Paddington, é um urso, usa um chapéu velho, um casaco de lã e adora doce de laranja. Vindo dos confins do Peru, é encontrado numa estação de comboios em Londres, onde acaba por ser adotado pelo casal Mr. e Mrs. Brown, passando o seu nome a ser de então em diante, Paddington Brown.

Este pequeno urso adorável e muito educado é criação de Michael Bond, autor inglês de livros infantis e juvenis. O primeiro volume foi publicado em 1958 e até à data já foram publicado 26 livros.

A história foi inspirada num urso de peluche que o autor encontrou numa prateleira de uma loja perto de Paddington Station, na véspera de Natal de 1956. Ele decidiu então comprar o ursinho para oferecer à mulher. Em dez dias, Bond escreveu o primeiro livro.

Em 1972, surgiu o urso de peluche Paddington, desenhado por Shirley e Eddie Clarkson, manufaturado na cozinha de sua casa, onde davam vida a um pequeno negócio. O peluche, calçado com botinhas da Dunlop, fez um sucesso de tal forma grande, com encomendas de todo o mundo, que Shirley e Eddie não tiveram mãos a medir para produzir os bonecos em quantidade suficiente para satisfazer os pedidos. As coisas depressa começaram a correr mal, com produções defeituosas, má gestão, problemas legais, entre outros azares, mas o ursinho Paddington acabou por se tornar um ícone entre os brinquedos mais queridos das crianças.

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A Editorial Presença lançou dois volumes em Portugal: O Regresso de Paddington, história comemorativa dos cinquenta anos da publicação do primeiro livro, que a editora publicou recentemente com o título Um Urso Chamado Paddington – Aventuras do urso que nasceu no Peru, com ilustrações originais de Peggy Fortnum.

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Paddington foi adaptado a série de televisão em 1975, em 1989, e mais recentemente em 2008. Em dezembro estreará a primeira adaptação ao cinema, pelo produtor de Harry Potter, David Heyman, realizado por Paul King, e com atores como Hugh Bonneville (Downton Abbey), Sally Hawkins, Julie Walters e Peter Capaldi nos principais papéis. A voz de Paddington será a do ator Ben Whishaw, que participou em filmes como Skyfall e Cloud Atlas.

Para saber mais sobre os livros pode ir aqui. A página oficial do filme encontra-se aqui.

Juvenil e «Jovem Adulto», onde é que um acaba e o outro começa

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Hoje, mais do que nunca, enfrenta-se uma dificuldade que não se verificava há quinze anos, mais ou menos – definir o que é um livro juvenil. Muitos afirmam que tudo começou com Harry Potter. Quando os adultos começaram a ler Harry Potter. Os primeiros dois, três volumes, não há dúvida de que são juvenis, mas os seguintes, aqueles que acompanham a adolescência de Harry e os amigos, esses já podem ser colocados noutra secção.  Mas qual?

A explosão na diversidade de histórias que se deu a partir de Harry Potter causou uma certa confusão nas livrarias, principalmente com o lançamento da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e posteriormente da série Jogos da Fome, de Suzanne Collins. De repente, estes livros já não eram só para crianças, ou só para adolescentes, também os adultos ou jovens adultos se aventuravam na leitura destes livros, por vezes com mais fervor do que o público-alvo para o qual estavam destinados, à partida.

Crepúsculo não será para crianças, será mais para adolescentes, e a trilogia Jogos da Fome  é provavelmente demasiado violenta para miúdos de dez anos. Assim tornou-se necessário estratificar o juvenil em diferentes faixas. Estas faixas dividem-se agora frequentemente entre os 9-12, que os anglo-saxónicos apelidam de tweens;13-17, a adolescência plena, ou até entre os 17-20, categorizado como Young Adult ou «Jovem Adulto», embora aqui as idades possam ser variáveis, dependendo da história, da linguagem, do conteúdo. O próprio Young Adult já sofreu uma estratificação com o surgimento do New Adult, para histórias com conteúdo sexual mais explícito.

Então como é que se decide quando um livro é juvenil ou para jovens adultos? Um dos fatores decisórios estará na idade da personagem principal da história. Quantos anos tem? Dez, doze, quinze, dezassete? O segundo fator poderá ser o do «ponto de vista». O livro está escrito na terceira pessoa? Na primeira? Os livros destinados aos adolescentes e jovens adultos tendem a adotar o ponto de vista da personagem ou personagens principais, e apresentar-se na primeira pessoa, enquanto que para os mais pequenos o autor costuma optar pelo uso da terceira pessoa.  A linguagem e o vocabulário utilizados são outros fatores a ter em conta, assim como o assunto e a complexidade «interior» da história. Nos livros juvenis, as personagens tendem a ser mais reativas, enquanto que naqueles livros destinados aos adolescentes, o protagonista tende a questionar mais o statu quo e a desafiá-lo, num constante balanço entre conflito interior, ação e reação.

O debate não se encerra certamente nestes possíveis fatores, na tentativa de criar uma linha que ajude a distinguir o juvenil do Young Adult. De qualquer forma, tratam-se de meras categorizações. O mais importante – parece-me – é o próprio leitor. As leituras não serem definidas tanto pela idade de quem lê, mas antes pelo seu ser como indivíduo, com as suas experiências, as suas capacidades, as suas forças e as suas fragilidades.

Fica a reflexão.

 

A visita de Hans Christian Andersen a casa de Charles Dickens

wild-things-cover-214x300Está prestes a sair nos escaparates anglo-saxónicos um livro no mínimo intrigante intitulado Wild Things – Acts of Mischief in Children’s Literature, pela editora Candlewick, uma obra que reúne histórias, curiosidades e episódios caricatos sobre vários autores de literatura infantil e juvenil.
Num sítio criado para promover o lançamento do livro, têm sido publicados pequenos excertos de algumas dessas histórias, e entre as quais encontramos um episódio sobre a amizade entre Hans Christian Andersen e Charles Dickens, que terá azedado depois da visita que o pai dos contos de fadas fez ao autor inglês.

Aparentemente, Andersen não era uma pessoa amistosa. Havia quem o considerasse egocentrista, ansioso e muito irritante. Ainda assim tinha os seus admiradores. Charles Dickens era um deles. Um dia este convidou-o a ficar na sua casa por uns dias. Shans_christian_andersen_digital_collectionegundo contam os autores do livro, Andersen também era admirador de Dickens, pelo que foi com muito agrado que aceitou o seu convite para uma visita que não duraria mais de duas semanas. O contista ficou nada menos que cinco. E não foi por Dickens ter insistido para ele ficar. Ao que consta, às inúmeras dicas de que talvez fosse hora de regressar a sua casa, Andersen fez orelhas moucas. Quando ele finalmente se foi embora, o autor inglês terá posto uma mensagem no quarto de visitas a assinalar a estadia prolongada do contista e que para a família mais parecia ter sido anos.

Mais histórias no sítio dedicado ao livro em www.wildthings.blaine.org.

 

Algumas novidades e leituras para o verão

As férias chegaram finalmente e a diversão também passa por mergulhar nas páginas de um livro. É um pouco difícil descobrir as novidades das editoras, nem todos os sítios estão devidamente atualizados ou são de fácil consulta, mas deixo aqui alguns dos títulos que me despertaram a atenção e que poderão vir a ser uma escolha interessante para os jovens se entreterem nestes dias de dolce far niente.

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Odd e os Gigantes de Gelo, Neil Gaiman, Editorial Presença

«Há muitos anos, numa antiga aldeia viquingue da Noruega, vivia um rapaz chamado Odd. Até ao momento em que esta história começa, Odd não era muito afortunado. O seu pai tinha morrido e a mãe voltou a casar com outro homem que já tinha sete filhos. Depois de um acidente em que uma árvore quase lhe esmagou uma perna, Odd passou a andar apoiado numa muleta. Tudo se tornou ainda mais difícil naquele ano, porque o inverno parecia não ter fim e os aldeãos andavam perigosamente irritáveis. Foi então que Odd decidiu fugir de casa. Deslocando-se com dificuldade, dirigiu-se para a floresta e instalou-se numa cabana que o pai ali construíra. Mas a sorte de Odd estava prestes a mudar de uma maneira que ele nunca poderia ter imaginado quando encontrou aqueles estranhos animais, o urso, a águia e a raposa…»

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114 Enigmas e Quebra-Cabeças, Carlos Borrego Iglesias, Arteplural

«Estás pronto para treinares o teu cérebro? Com estes 114 jogos divertidos – enigmas de lógica, problemas de matemática, adivinhas, jogos de memória e de observação, entre outros – vais poder passar o tempo e exercitar os teus neurónios.»

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Felicidade, Kathryn Littlewood, Gailivro

«A família de Rosemary Bliss tem um segredo. É o Livro de Receitas da Felicidade – um volume antigo, encadernado em pele, de receitas mágicas como Bolinhos de Canela Pedra de Sono e Gengibre Cantante.
Rose e os irmãos têm de manter o livro guardado enquanto os pais se ausentam da cidade, mas é nessa altura que aparece uma misteriosa estranha. A «tia» Lily anda de mota, usa lantejoulas roxas e cozinha pratos exóticos (e deliciosos) para o jantar. E não demora muito tempo até que as receitas aborrecidas e não mágicas se assemelhem à vida antes da tia Lily – sem graça.
É então que Rose e os irmãos começam a experimentar algumas receitas do livro. Uns Queques do Amor e uma dúzia de Biscoitos da Verdade não podem causar muitos problemas… ou será que podem?»

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Supergigante, Ana Pessoa, Planeta Tangerina

«Edgar corre a toda a velocidade e deixa tudo para trás: a família, a escola, os amigos. Hoje é o dia mais triste da sua vida porque o avô desapareceu, mas é também o dia mais feliz porque Joana o beijou pela primeira vez.
Nesta estrada sempre em frente, Edgar tropeça nas suas reflexões, nos almoços de família, nas gargalhadas dos amigos e nas longas conversas com Joana.
À medida que avança, Edgar torna-se cada vez maior. A certa altura não cabe dentro do seu corpo. É um monstro. É uma explosão contínua.»

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A História de Um Rapaz Mau, Thomas Bailey Aldrich, Tinta da China

Não é uma novidade, foi editado em 2008, mas é um clássico e os clássicos são intemporais.

«Em 1869, Thomas Bailey Aldrich apresentou à literatura americana o “rapaz mau” – aquele que prega partidas inofensivas, engendra aventuras emocionantes, sofre as penas de um amor não correspondido, que se aborrece aos domingos e de quem a maior parte das pessoas gosta muito. Apesar de se ter tornado familiar sobretudo devido às obras de Mark Twain, a verdade é que foi em A História de Um Rapaz Mau que este tipo de personagem apareceu pela primeira vez.
A História de Um Rapaz Mau é um clássico da literatura americana do século XIX. Através desta obra, é possível redescobrir a imagem de uma América intemporal, conservadora, mas tolerante, em que as pequenas cidades rústicas vão sendo progressivamente suplantadas pelas grandes metrópoles, como Boston e Nova Iorque, e onde se assiste, consecutivamente, a uma poderosa mudança de valores e de atitudes sociais. De resto, esta progressão narrativa representa os traços fundacionais da própria identidade americana novecentista.»

Bibliotecas infantis impossíveis de resistir

As bibliotecas são cada vez mais desvalorizadas, esquecidas, e sobrevivem através do trabalho de pessoas que acreditam que aqueles espaços prestam um serviço inestimável à comunidade. Com pouco, algumas vão fazendo muito, promovendo atividades, oferecendo diferentes serviços. Mas há bibliotecas que resolveram ir mais além, na tentativa de levar os pequenos leitores a viajar pelas histórias dos livros, com decorações criativas, de encantar crianças e adultos. Aqui ficam alguns exemplos:

Esta é a Brentwood Children’s Library, que fica no Tenesse, EUA.

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Esta fica em Plainfield, Nova Iorque.

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Camarillo Public Library na Califórnia.

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Biblioteca Muyinga no Burundi, África.

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Há mais exemplos aqui.

Via Revista Babar.

Biblioteca Nacional de Singapura retira livros infantis LGBT

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O comité da Biblioteca Nacional da Singapura anunciou recentemente que irá retirar das suas prateleiras três livros infantis. A decisão está relacionada com o facto de esses livros contarem histórias de famílias constituídas por casais homossexuais. Na Singapura são proibidas relações entre pessoas do mesmo sexo.
Uma das obras censuradas, And Tango Makes Three, foi inspirada na história real de dois pinguins machos que criaram juntos uma cria no Zoo do Central Park, em Nova Iorque. O segundo livro intitula-se The White Swan Express: A Story About Adoption, que conta a história de um casal de lésbicas em processo de decisão de adotar uma criança. O último livro que a Biblioteca anunciou retirar é Who’s In My Family: All About Our Families, em que são mostrados os diferentes tipos de famílias não tradicionais que podem existir.
Mal se soube da decisão, os ativistas pelos direitos dos homossexuais manifestaram o seu descontentamento por esta atitude. Kirpal Sing, professor de literatura inglesa na Universidade de Singapura declarou ao jornal Times que a decisão de retirar os livros representava um «infeliz retrocesso».

O artigo completo pode ser lido aqui.