Sobre a importância de ler contos de fadas

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«The love-gift of a fairy tale.», escreveu Lewis Carrol – «O presente de amor de um conto de fadas».

Philip Pullman, autor da trilogia juvenil His Dark Materials (Mundos Paralelos, editada na coleção Estrela do Mar, da Editorial Presença), escreveu um pequeno ensaio sobre a importância da leitura de contos de fadas na infância.

No seu texto, o autor debruça-se sobre uma questão – se os contos de fadas fomentam nas crianças o interesse pela ciência ou se pelo contrário têm um efeito perverso sobre o modo como se crê na magia e na fantasia, afetando a perceção da realidade.

Pullman refere um livro em particular de Richard Dawkins, intitulado The Magic of Reality, em que Dawkins se propõe explicar vários mitos através da ciência e mostrar como isso é tão mais interessante do que a magia. Apesar de considerar o livro uma boa introdução à ciência, Pullman defende que não se pode requerer uma «prova científica de tudo aquilo em que acreditamos, porque não só isso é impossível, como também, em muitos casos, desnecessário ou inapropriado.»

«Existirão modelos relativamente objetivos que nos permitam estudar a experiência pela qual uma criança passa quando lê uma história?», pergunta Philip Pullman.  O autor descobriu que sim e nas suas pesquisas fez algumas descobertas interessantes, como por exemplo que a leitura em voz alta promove uma aquisição mais rápida e mais variada da linguagem por parte das crianças. No entanto, o que ele estava interessado em saber era concretamente em relação aos contos de fadas. Philip Pullman refere que estes podem desempenhar um papel na capacidade da criança em estabelecer um sistema de crenças que lhe permita identificar valores morais, distinguir a fantasia da realidade, estimular a criatividade e promover o pensamento crítico, qualidades importantes para o estudo científico. A leitura de contos de fadas não impede as crianças de perceberem o mundo em que vivem, antes poderá fornecer-lhes ferramentas para lidarem com ele. O autor acredita que a leitura na infância funciona tal como as brincadeiras, como quando se finge ter um amigo imaginário ou se desempenha um papel num jogo. Tudo isso contribui para a aprendizagem, a experiência da vida.

Parece-me evidente que os contos de fadas, a fantasia e a ficção-científica, por exemplo, têm desempenhado um papel importante na progressão científica.  Obras como as de Júlio Verne, Isaac Asimov ou mesmo Mary Shelley, têm inspirado crianças e jovens a enveredarem mais tarde em carreiras ligadas às ciências nas mais diversas áreas de investigação, resultando em inúmeras descobertas importantes para a Humanidade.

É, contudo, uma questão legítima, merecedora de um debate justo. O ensaio completo de Philip Pullman pode ser lido aqui.

 

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