Juvenil e «Jovem Adulto», onde é que um acaba e o outro começa

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Hoje, mais do que nunca, enfrenta-se uma dificuldade que não se verificava há quinze anos, mais ou menos – definir o que é um livro juvenil. Muitos afirmam que tudo começou com Harry Potter. Quando os adultos começaram a ler Harry Potter. Os primeiros dois, três volumes, não há dúvida de que são juvenis, mas os seguintes, aqueles que acompanham a adolescência de Harry e os amigos, esses já podem ser colocados noutra secção.  Mas qual?

A explosão na diversidade de histórias que se deu a partir de Harry Potter causou uma certa confusão nas livrarias, principalmente com o lançamento da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e posteriormente da série Jogos da Fome, de Suzanne Collins. De repente, estes livros já não eram só para crianças, ou só para adolescentes, também os adultos ou jovens adultos se aventuravam na leitura destes livros, por vezes com mais fervor do que o público-alvo para o qual estavam destinados, à partida.

Crepúsculo não será para crianças, será mais para adolescentes, e a trilogia Jogos da Fome  é provavelmente demasiado violenta para miúdos de dez anos. Assim tornou-se necessário estratificar o juvenil em diferentes faixas. Estas faixas dividem-se agora frequentemente entre os 9-12, que os anglo-saxónicos apelidam de tweens;13-17, a adolescência plena, ou até entre os 17-20, categorizado como Young Adult ou «Jovem Adulto», embora aqui as idades possam ser variáveis, dependendo da história, da linguagem, do conteúdo. O próprio Young Adult já sofreu uma estratificação com o surgimento do New Adult, para histórias com conteúdo sexual mais explícito.

Então como é que se decide quando um livro é juvenil ou para jovens adultos? Um dos fatores decisórios estará na idade da personagem principal da história. Quantos anos tem? Dez, doze, quinze, dezassete? O segundo fator poderá ser o do «ponto de vista». O livro está escrito na terceira pessoa? Na primeira? Os livros destinados aos adolescentes e jovens adultos tendem a adotar o ponto de vista da personagem ou personagens principais, e apresentar-se na primeira pessoa, enquanto que para os mais pequenos o autor costuma optar pelo uso da terceira pessoa.  A linguagem e o vocabulário utilizados são outros fatores a ter em conta, assim como o assunto e a complexidade «interior» da história. Nos livros juvenis, as personagens tendem a ser mais reativas, enquanto que naqueles livros destinados aos adolescentes, o protagonista tende a questionar mais o statu quo e a desafiá-lo, num constante balanço entre conflito interior, ação e reação.

O debate não se encerra certamente nestes possíveis fatores, na tentativa de criar uma linha que ajude a distinguir o juvenil do Young Adult. De qualquer forma, tratam-se de meras categorizações. O mais importante – parece-me – é o próprio leitor. As leituras não serem definidas tanto pela idade de quem lê, mas antes pelo seu ser como indivíduo, com as suas experiências, as suas capacidades, as suas forças e as suas fragilidades.

Fica a reflexão.

 

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