Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, Antoine de Saint-Exupéry pilotava um P-38 Lightning americano sobre o Mar Mediterrâneo quando desapareceu e nunca mais foi encontrado. Há quem diga que terá ido ter com o seu «Principezinho» no Asteróide B612. Porém, a vida de Saint-Exupéry terá sido muito mais interessante do que o mistério e o romantismo que envolve o seu desaparecimento e Paul Webster, jornalista correspondente do jornal The Guardian em Paris por mais de trinta anos, não deixou nenhuma pedra por virar para escrever a biografia do autor francês – Antoine de Saint-Exupéry, Vida e Morte do Principezinho, publicado agora em Portugal pela editora Vogais.
Conta o jornalista que as primeiras notas da biografia foram escritas «na mesa oval de madeira maciça da grande sala de jantar do castelo do século XVIII de Saint-Maurice-de-Rémens, a única sala ainda mobilada tal como na época do batismo de Antoine». Um castelo que foi vendido em 1932 ao município de Lyon e que foi transformado numa colónia de férias para crianças. «Saint-Exupéry deixou a impressão de que grande parte do piso térreo do castelo era uma área proibida, povoada por uma raça pouco indulgente de adultos que possuía toda a autoridade sobre os mais pequenos para os admoestarem, julgarem e punirem.» O jornalista descreve como Saint-Exupéry conta em Piloto de Guerra que aos cinco anos, «escondido no corredor à porta da sala de jantar, ouvira trechos de uma conversa entre dois dos tios. Um deles, Hubert de Fonscolombe, “a própria imagem da severidade”, ameaçara-o de mandar vir dos Estados Unidos uma máquina de chicotear». «Esta incompreensão entre miúdos e graúdos tornar-se-ia uma fonte de impaciência futura para Saint-Exupéry perante a falta de clarividência dos adultos.» É assim que Paul Webster estabelece o mote da biografia do autor e ilustrador francês.
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