Falta um mês para o Natal e achamos que os melhores presentes para pôr nos sapatinhos dos mais pequenos, e também dos maiorzinhos, são livros, livros e mais livros. Com isso em mente, e porque às vezes é difícil saber o que escolher no meio de tanta oferta, resolvemos dar uma ajudinha. Ao longo desta semana será publicada uma lista de cada uma das redatoras da revista Fábulas com as suas recomendações de livros para oferecer neste Natal. Ana Ramalhete revela aqui as suas escolhas na categoria de Infantil.
Dentes de rato, de Agustina Bessa-Luís, Ilustrações de Martim Lapa, Guimarães Editores
Dentes de rato conta a história da vida de Lourença, dos seis aos nove anos, passada no Douro com a sua família. A escola, as férias, os lugares, as leituras, as aventuras e as fantasias acompanham o seu crescimento interior e exterior e levam-na à descoberta de vários mundos: os reais e os imaginados.
Esta narrativa inspirada nas vivências de Agustina Bessa-Luís enquanto criança, espelha a própria infância, nas suas diversas vertentes: física, psíquica, imaginativa, emocional e poética, que decorre num tempo vertiginoso em que tudo pode acontecer.
O pássaro da cabeça, de Manuel António Pina, Imagens de Ilda David, Assírio e Alvim
Este livro inclui os poemas de Manuel António Pina que integram as edições originais das obras O pássaro da cabeça, Gigões e anantes e O têpluquê, editadas pela Regra do Jogo. O autor parte dos contrários, transforma-os em jogos de palavras e apropria-se do seu significado dando-lhes um novo sentido, como se tivessem vida própria e sofressem mudanças intrínsecas.
Nestes poemas singulares, plenos de originalidade e criatividade, nada é estático ou permanente, tudo se encontra em processo de transformação dinâmica entre o que é e o que não é, o que há e o que não há. A terna desconstrução da realidade leva-nos até um mundo às avessas que parece fazer todo o sentido.
O perfume do sonho, na tarde, de Luísa Dacosta, Ilustrações de cristina Valadas, ASA
Numa tarde de sábado, debaixo de uma árvore, uma menina, acompanhada do seu gato, deixa-se envolver no sono e entra no mundo do sonho. Aí vive e imagina aventuras desencadeadas pelos seus vestidos mágicos, guardados numa arca encantada. Quando o sol se põe e o gato reclama comida, guarda os fatos que não usou, fecha o baú dos sonhos e corre para casa.
Uma prosa poética construída a partir de aguarelas de Cristina Valadas, perfumada de intertextualidades que vão desde as histórias de As mil e uma noites até aos contos de Hans Christian Andersen. Uma bela simbiose entre texto e imagem.
Tudo é sempre outra coisa, de João Pedro Mésseder, Ilustrações de Rachel Caiano, Editorial Caminho
Pela prosa do poeta percorremos um caminho separado por uma linha que divide dois mundos aparentemente díspares mas no fundo complementares. Em tudo há sempre outra coisa. Há o lado de cá e o lado de lá, o lado de dentro e o lado de fora, o lado de cima e o lado de baixo.
Neste livro, podemos começar pelo princípio ou pelo fim, podemos ler primeiro a ultima frase de uma página ou a primeira de outra. Podemos pensar ou sentir, ler ou ver, de uma maneira ou de outra. Podemos procurar a prosa e encontrar a poesia, esperar uma resposta e descobrir uma pergunta. Numa coisa há sempre outra coisa.
O paraíso são os outros, de Valter Hugo Mãe, Ilustrações de Esgar Acelerado, Porto Editora
Uma menina divaga sobre a vivência entre casais, sejam pessoas ou animais. Embora não compreenda totalmente o comportamento afectivo dos adultos, homens ou bichos, também espera, um dia, encontrar felicidade no amor. E até já descobriu que «o amor precisa de ser uma solução, não um problema».
Com esta história, Valter Hugo Mãe faz-nos sentir como é importante o amor, construí-lo, procurá-lo, vivê-lo… e ajuda-nos a perceber como é fundamental ter esperança, saber fintar a solidão e ter tempo para aprender «que amar é um trabalho bom».
Uma opinião sobre “As escolhas de Natal de… Ana Ramalhete”