Para se entreterem durante o fim-de-semana, que se diz será de chuva, temos umas fábulas cruzadas com palavra retirada do livro Chocolate à Chuva, de Alice Vieira.
Por Paulo Freixinho.
Monthly Archives: Novembro 2014
«Brown Girl Dreaming» vence National Book Award
Brown Girl Dreaming, de Jacqueline Woodson, venceu ontem o National Book Award, na categoria de Young People’s Literature. Trata-se de um livro de poesia em que a autora relata a sua infância, primeiro na Carolina do Sul e depois em Nova Iorque, partilhando as suas vivências como afro-americana a crescer nos anos 60 e 70, à medida que toma consciência do movimento pelos direitos civis dos negros.

Ursula K. Le Guin foi ainda distinguida com o Medal for Distinguished Contribution to American Letters, entregue em mãos por Neil Gaiman.
Mais sobre estes prémios aqui.
Uma coleção para ajudar a «Crescer com Pinta»
A coleção Crescer com Pinta, da editora Arteplural, surgiu de uma ideia conjunta da equipa Mindkiddo – a equipa especialista em saúde infantojuvenil da Oficina de Psicologia –, como um projeto de ajuda para pais, professores, educadores e profissionais de saúde, centrado em diversos problemas comportamentais e psicológicos manifestados pelas crianças e com que os pais e educadores nem sempre estão inteiramente equipados para lidar.
«O trabalho clínico diário com crianças e famílias e a formação adquirida continuamente na área permitiu perceber que existem algumas áreas com necessidade de ferramentas e estratégias para as crianças e os seus educadores.», conta-nos a coautora do primeiro volume É Tão Bom Fazer Amigos, Inês Afonso Marques. «Paralelamente, reconhecemos nos livros uma extraordinária ferramenta de comunicação e partilha para adultos e crianças. Sabemos que os livros ajudam as crianças num conjunto de dimensões, que para nós nos ajudaram a construir a coleção.»
Os pontos fundamentais relevantes para a construção do livro foram ajudar a criança a sentir-se compreendida e a tranquilizar-se, ao identificar-se com a história escrita no livro, o que lhe permite pensar que mais meninos sentem o mesmo, que não é a única; desenvolver uma forma lúdica para que as crianças pudessem aprender, consciencializar-se e desenvolver-se emocionalmente, proporcionando a interação entre a criança e quem explora com ela o livro, sejam os pais, os avós, os educadores.
O objetivo é que as crianças consigam desenvolver as suas competências sociais com a ajuda dos adultos que as acompanham.
Inês Afonso Marques faz, no entanto, uma ressalva: «É um livro que não é exclusivo para crianças tímidas; é para todas as crianças, uma vez que a tarefa de socialização e integração num grupo de pertença é essencial para o seu desenvolvimento e crescimento enquanto pessoa.»
«A vertente prática do livro, com exercícios, questões e pequenas estratégias e o boneco destacável que permite à criança treinar os exercícios, é uma característica bastante importante deste livro», explica-nos Inês, «uma vez que a criança sentir-se-á mais capaz na tarefa de socialização com os seus pares, não sendo a criança o problema, mas colocando-o fora de si, o que lhe dá a capacidade de lidar com maior facilidade com o mesmo».
O ilustrador Alexandre Esgaio, cuja formação original é em Psicologia, também aderiu logo ao projeto, e, no lançamento do primeiro livro, mencionou que tinha gostado particularmente de participar, porque lhe permitiu «voltar» à Psicologia, contou-nos a editora, Joana Neves.
O segundo volume, Agora Tenho Duas Casas, centra-se no divórcio e já se encontra nas livrarias.
Quanto ao primeiro «foi bem recebido, apesar das dificuldades que este tipo de livros normalmente apresentam. São dirigidos a pais e educadores, mas são ao mesmo tempo livros infantis, ou seja, destinados a serem lidos pelas crianças, ainda que acompanhadas pelos pais.», revela Joana Neves.
Inês Afonso Marques confirma: «A receção ao livro tem sido bastante positiva, quer dos pais que nos procuram e que partilham as suas experiências, ou que retiram dúvidas sobre o tema do livro, como por técnicos, como dos psicólogos, educadores e professores, que o valorizam por ser um instrumento de trabalho, individual ou em grupo, bastante útil.»
A coleção será constituída ao todo por seis livros.
O lançamento de Agora Tenho Duas Casas está marcado para este sábado, dia 22 de novembro, às 16h30, na Livraria Bertrand do Picoas Plaza. Contará com a presença da autora, Lúcia Bragança Paulino, do ilustrador, Alexandre Esgaio, e será apresentado pela psicóloga Maria do Rosário Dias.
Quatro, uma coleção de histórias de «Divergente»
Há cerca de um ano, li de uma assentada a trilogia Divergente, da autoria de Veronica Roth. Fiquei presa à história, às personagens e, principalmente, à relação amorosa entre os dois protagonistas. A história, até ao terceiro livro, foi-nos sempre contada do ponto de vista da Tris, mas para mim o Four (Quatro), ou Tobias, se preferirem, sempre foi uma personagem fundamental ao longo de toda a narrativa, uma personagem principal que finalmente ganhou voz própria no último livro. E se há quem diga que ler o ponto de vista dele lhe tirou a aura de mistério e nos deu a conhecer todas as suas fragilidades enquanto ser humano, para mim foi um prazer entrar dentro da cabeça desta personagem e descobrir a forma como ele via o mundo e, principalmente, a sua amada.
Por isso, quando surgiu o livro Four: A Divergent Collection (ainda não traduzido para português), eu soube que tinha de ler. E voltei a mergulhar no mundo criado por Roth e nas vidas das personagens às quais já me tinha afeiçoado.
Four: A Divergent Collection é um livro composto por quatro pequenas histórias, contadas do ponto de vista do Four: The Transfer, The Iniciate, The Son e The Traitor, que acompanham o seu percurso desde que ele escolhe deixar a fação dos Abnegados, passando pelo seu treino nos Intrépidos, o início da amizade com Zeke e Shauna, a rivalidade com Eric, as preocupações com o conluio entre Intrépidos e Eruditos… chegando por fim a sobrepôr-se cronologicamente ao livro Divergente, onde vemos um pouco da relação dele com Tris de outro ponto de vista. No final, temos ainda o bónus de três cenas extra, muito curtinhas e todas de alguma forma relacionadas com a Tris.
Este não é um livro que acrescente grande coisa à história principal, contada nos três livros da saga: Divergente, Insurgente e Convergente, e não é um livro que viva por si. Ele serve apenas de complemento para quem gostou da trilogia, um miminho para os fãs. Quem não conhece a história, as personagens, o cenário, vai sentir que há explicações em falta, que há coisas que não se percebem. Quem já conhece tudo isto, sentir-se-á a regressar a casa e a comer uma bela fatia de bolo de chocolate na sede dos Intrépidos! Para os amantes da saga, é mesmo um livro a não perder!
Four: A Divergent Collection ainda não foi traduzido para a nossa língua, mas pode ser encontrado à venda nos pontos habituais.
Os melhores livros ilustrados
Maria Popova, do sítio Brainpickings, revelou a sua seleção dos melhores livros ilustrados do ano. Cada um deles é uma verdadeira delícia, mas apenas dois dos autores que fazem parte da lista se encontram editados em Portugal. O Once Upon an Alphabet, de Oliver Jeffers, não está por cá publicado, mas há muitos dele que estão disponíveis, pela Orfeu Negro, como por exemplo, O Incrível Rapaz Que Comia Livros, Presos, O Coração e a Girafa, entre outros. O outro é A Minha Professora é Um Monstro, de Peter Brown, também lançado pela Orfeu. Fica ainda assim como curiosidade.
Leituras do Baú: «A Casa da Árvore Oca»
Herdei dois livros do meu pai. Da minha mãe, herdei muitos, de aventuras e histórias de piratas à coleção completa de Os Cinco, mas do meu pai herdei apenas dois. De capa dura e páginas amareladas – afinal de contas, foram editados no início dos anos 1970. Agora, mais de quarenta anos depois, voltei a pegar num deles: A Casa da Árvore Oca.
A Casa da Árvore Oca, da autoria de Enid Blyton, conta-nos a história de Pedro e Susana, dois irmãos que ficaram órfãos e foram viver com os tios, um casal pobre em dinheiro e em afetos, principalmente a Tia Margarida, amarga, má e maldizente, que nunca quis os sobrinhos e os trata como se fossem um empecilho. Os dois irmãos tudo fazem para lhe cair nas boas graças – são educados, trabalhadores e honestos – mas vivem permanentemente com receio das represálias e dos castigos da tia.
Quando têm tempo livre, Pedro e Susana encontram-se com a melhor amiga, Ângela, e o seu cãozinho e vão brincar para a floresta. É lá que descobrem um carvalho muito grande e muito velho, tão velho que é totalmente oco por dentro. Decidem, naquele instante, transformar aquela velha árvore num esconderijo, mobilando-a com os seus parcos pertences, como se fosse a sua casa. A árvore torna-se o seu refúgio predileto e é para lá que Pedro e Susana fogem quando a tia os tenta enviar para um orfanato. Ângela, cuja família é carinhosa e abastada, sabe do segredo dos dois irmãos e ajuda-os, levando-lhes comida e outros bens necessários. Mas esta é uma vida que não pode durar para sempre e, numa surpreendente reviravolta de eventos, o que parecia uma tragédia pode ser o final feliz que os dois jovens há tanto procuravam.
Este livro marcou-me muito quando era mais pequena. Soava-me um pouco a conto de fadas, mas sem príncipes nem princesas, apenas crianças que tiveram de se salvar a elas próprias. No calor da minha casa, vivi as aventuras daqueles irmãos, partilhei os seus desgostos e a sua coragem, aprendi o valor da retidão, da honestidade e, acima de tudo, da solidariedade e da amizade pura entre pessoas de mundos tão diferentes (retratados nas figuras de Ângela, vinda de uma família rica e feliz, e de Pedro e Susana, pobres e sem afetos familiares). Agora, relendo-o com os olhos menos crédulos de uma adulta, reencontrei todos esses valores, toda a moral que o livro pretende transmitir. E ainda pormenores deliciosos de um livro tão antigo: por exemplo, é sempre utilizada a segunda pessoa do plural em todos os verbos (“vós ides”, “vós fazeis”, “trazei”, “começai”, etc.), uma coisa que hoje até pode causar alguma estranheza à leitura, mas que a mim me deliciou pelo significado que acarreta. Afinal, trata-se de um livro com 43 anos!
P.S.: Atualmente encontra-se editado pela editora Oficina do Livro.
Livros para pequenos cientistas
À pergunta «o que é que queres ser quando fores grande» muitas crianças respondem médico, veterinário, astronauta, inventor ou até cientista louco. É claro que ao longo do seu crescimento vão mudando de ideias, mas por vezes o bichinho está lá e mantém-se, precisando apenas de ser estimulado e encorajado. Mesmo aquelas que perdem o interesse por essas profissões, é sempre bom promover logo desde a infância o gosto pela ciência. Há muitos livros que exploram diversos temas de uma forma apelativa e interessante. Aqui ficam algumas sugestões.
Espreita a Ciência, de Alex Fritz e Colin King, Porto Editora
«De que é feito o Universo? Qual é a origem da vida? Qual é a parte mais pequena em que se pode dividir a matéria? Há milhares de anos que os cientistas estudam estes e outros mistérios. Este livro revela algumas das coisas maravilhosas que eles têm vindo a descobrir. Inclui mais de 50 abas para levantar.» A coleção Espreita da Porto Editora tem muitos outros livros dedicados ao Espaço, ao estudo do Cérebro, o Planeta Terra, etc. Ver aqui.
O Meu Primeiro Livro de Astronomia, Jamie Jobb, Gradiva
«Não tens sono? Bom, então apaga as luzes, sai de casa e não te esqueças de levar este livro debaixo do braço! Ele vai ajudar-te a descobrir as maravilhas do céu nocturno e ensinar-te como podes orientar-te pelas estrelas, mesmo perdido no meio do mar. Aprende tudo sobre as constelações do zodíaco, a Lua, os planetas do sistema solar e todos os outros corpos celestes que podem ser observados à noite. Com objectos que certamente tens em casa, descobre como construir um astrolábio, um relógio de sol e outros instrumentos que ajudaram os povos antigos. Lembra-te de que a luz das estrelas é sempre a única coisa que pode avistar-se quando se olha em qualquer direcção do espaço. Com este livro por companheiro, vais querer vertamente ficar acordado toda a noite a desvendar os mistérios do céu…»
Caderno de invenções – Leonardo da Vinci, de Jaspre Bark, David Hawcock e David Lawrence, EdiCare
«Este livro é uma réplica autêntica e primorosa de algo que, se não existiu, devia ter existido… o caderno de apontamentos de Leonardo da Vinci. O texto, as ilustrações e os engenhosos modelos tridimensionais foram desenhados a partir das suas próprias anotações e esboços. O cuidado posto nesta recriação vem dar vida às notáveis e muitas vezes proféticas invenções de Leonardo, captando o génio de um homem muito à frente do seu tempo.»
O Grande Livro dos Habitats Naturais, de Jerry Cadle e Clive Gifford, Edições ASA
«Constituindo um fascinante retrato da vida na Terra e uma importante chamada de atenção para as nossas responsabilidades relativamente à protecção do planeta em que habitamos, O Grande Livro dos Habitats Naturais é profusamente ilustrado com mais de 200 espectaculares fotografias a cores, complementadas por mapas e gráficos de fácil leitura. Apresenta um texto vivo e informativo, e inclui uma secção final de consulta, com informação factual diversificada, um glossário e um índice remissivo.»
O que é isto da Biologia?, Texto Editores
«Porque te deixam quente as constipações? Porque são verdes as plantas? O que é a evolução? Como começa a vida? De que são feitos os seres vivos? O que é um ecossistema? Como funciona o nosso corpo? De que modo funcionam as células? O que são vírus e bactérias? Como é que o organismo combate os micróbios? Entra no mundo fantástico da biologia para ficares a conhecer as respostas a estas e muitas outras perguntas sobre o mundo que nos rodeia.» Esta coleção tem ainda outros livros dedicados à Física e à Química, por exemplo. Ver mais aqui.
Haverá muitos outros livros que poderão despertar o gosto pela ciência nos mais pequenos, é uma questão de visitar uma livraria e investigar as prateleiras, como um verdadeiro explorador.
Anunciado o vencedor do Prémio Guardian para Ficção Infantil
The Dark Wild, de Piers Torday, é a obra distinguida com o Guardian Children’s Fiction Prize de 2014. Trata-se de um galardão anual da iniciativa do jornal inglês, criado em 1967, e em que o júri é composto por autores de livros para crianças. O autor recebe como prémio, além da distinção, um cheque no valor de 1500 libras.
The Dark Wild é uma sequela a The Last Wild, e segue a história de Kester, um rapaz de doze anos, que vive num mundo onde os animais estão praticamente extintos. Mas quando um bando de pombos aparece no seu quarto e começa a falar com ele, Kester mergulha numa aventura que mudará a sua vida para sempre.
Os leitores descrevem estes livros como imaginativos e provocantes, que abordam a questão das mudanças climáticas e do impacto que o homem tem sobre a vida selvagem.
O júri considerou a obra vencedora «criativa, comovente e apaixonante», «com um enredo muito bem imaginado e executado», «um perfeito exemplo de como uma história para crianças pode ser séria, sem ser moralista».
Via The Guardian.
Diário de Um Banana 9 bate recordes de vendas
The Long Haul, o nono volume da série de sucesso O Diário de Um Banana, de Jeff Kinney, saiu no dia 4 de novembro com a maior tiragem do ano nos EUA – mais de 5 milhões de exemplares – e já é o livro que mais vendeu na primeira semana em 2014. Em Portugal a série é publicada pela Booksmile que lançou este fim-de-semana a tradução em português, com o título Assim Vais Longe. Neste volume «o maior pesadelo do Greg está prestes a acontecer: a mãe organizou uma viagem de carro para toda a família, com a desculpa de que é a melhor forma de passarem tempo juntos. Não há nada que vá fazer o carro voltar para trás, nem mesmo a entrada em cena de um porco à solta ou um ataque de gaivotas assassinas. E quando parece que nada pode piorar a situação, o Greg descobre uma forma de deixar toda a gente à beira de um ataque de nervos».
Em Portugal, segundo dados fornecidos pela editora, já foram impressas mais de 630 mil cópias de O Diário de Um Banana, com o primeiro volume a somar 19 edições, desde que foi publicado em 2009.
Para saber tudo sobre esta popular série pode visitar o sítio oficial em www.wimpykid.com.
Via Publishers Weekly.
Livro inovador de autor de «A Invenção de Hugo Cabret» sai em 2015
Brian Selznick prepara-se para lançar um novo livro, intitulado The Marvels, a sair em 2015, através da editora Scholastic, e que promete ser como uma peça de arte que interliga duas histórias – uma contada através de ilustrações e outra com palavras, num conceito semelhante ao de A Invenção de Hugo Cabret. A história ilustrada começa em 1766 com Billy Marvel, o único sobrevivente de um naufrágio, e conta as aventuras da sua família de atores ao longo de cinco gerações. A história em prosa passa-se em 1990 e segue a vida de Joseph, que fugiu da escola e foi para a misteriosa casa de um tio, em Londres, onde terá de desvendar muitos mistérios. Como as duas histórias se interligam, isso é algo que só se descobrirá com a leitura do livro.
Brian Selznick foi galardoado com o Caldecott Medal por A Invenção de Hugo Cabret e esteve nomeado para o National Book Award. O livro foi adaptado ao cinema em 2011, por Martin Scorsese, tendo recebido cinco Óscares. Editado em Portugal pela Gailivro em 2008.
Mais informações aqui.