por Ana Ramalhete
Leo Lionni nasceu em Amesterdão no dia 5 de Maio de 1910. Filho de uma cantora de ópera e de um polidor de diamantes, cedo se interessou pelas artes. O tio Piet, o seu herói durante a infância, introduziu-o no mundo da arte contemporânea ao armazenar em casa de Leo obras de pintura e ao fazer desenhos, para os quais o sobrinho posava como modelo. Aos poucos, a arte tornou-se a sua grande paixão. Interessava-se por pintura, escultura, canto, piano e arquitectura. Frequentava assiduamente os museus da cidade onde nascera, tendo conseguido autorização para os percorrer e desenhar à vontade no seu caderno de esboços. Enquanto desenhava, imaginava que um dia seria artista.
A natureza também o fascinava. Gostava de coleccionar animais pequenos, sobretudo répteis e construir terrários onde os guardava. Juntava areia, pedras, musgo e fetos para criar um ambiente semelhante aos seus habitats naturais. O sótão da casa tornou-se um zoo em miniatura povoado de aquários, gaiolas, terrários e reptilários e o seu quarto era o local privilegiado de experiências e aconchego para alguns dos seus companheiros. Brincava com a natureza para se sentir parte dela.
Apesar dos seus grandes interesses residirem na arte e na natureza, Leo doutorou-se em Economia, na Universidade de Génova. Em 1931 casou-se e foi viver para Milão, onde começou por escrever sobre arquitectura europeia numa revista local. Em seguida, dedicou-se ao design gráfico.
Em 1939 foi para os Estados Unidos da América trabalhar numa agência de publicidade como director de arte. Mais tarde tornou-se director de design da Olivetti e director de arte da revista Fortune. Paralelamente ia desenvolvendo a sua actividade de pintor, escultor e ilustrador fazendo exposições em inúmeras galerias de diversos países.
Em 1959, já avô, durante uma viagem de comboio teve a ideia de entreter os netos, Pippo e Annie, criando uma história construída com bocados de papel de uma revista. Nascia assim o conto que daria origem a Pequeno azul e pequeno amarelo, a obra que iniciou a produção artística de Leo Lionni destinada ao público infantil e que o tornou num dos pioneiros do álbum ilustrado. As suas técnicas de colagem, aliadas à simplicidade e colorido das imagens abriram novos caminhos na experimentação e concepção da ilustração de livros infantis.
Ao escrever para crianças regressou ao mundo da infância, ao sótão e ao seu quarto, onde foi buscar memórias, sonhos, ambientes mágicos e animais que inspiraram as personagens principais das suas histórias.
Desde então publicou cerca de quarenta livros entre os quais se encontra Frederico, o rato poeta que recolhia raios de sol, cores e palavras, para aquecer os seus companheiros durante o Inverno ou Mateus, o rato que deambula pelo museu e ambiciona ser artista, tal como Lionni o fazia enquanto criança.
Cada livro resultou de um trabalho disciplinado e rigoroso que levava Leo a afirmar que as suas ideias nasciam de um duro labor criativo. Tudo começava com um momento em que algo surgia: podia ser uma forma, um ambiente, uma figura com uma irresistível carga poética, ou apenas «um súbito impulso irracional de desenhar um certo tipo de crocodilo».
Pelos seus méritos como escultor, designer, pintor e ilustrador, Leo Lionni recebeu a medalha de ouro do Instituto Americano de Artes Gráficas.
Publicou o último livro Uma pedra extraordinária, em 1994, com oitenta e quatro anos. Faleceu cinco anos depois, em Itália, na Toscânia, no dia 11 de Outubro.
Páginas consultadas:
Random House
Revista Imaginaria
Revista Babar
Kalandraka
Cria, Cria