Parece que sim.
Ou pelo menos parece que persiste o padrão sexista de livros cor de rosa de princesas para meninas e livros azuis de aventuras e monstros para os rapazes, como também persistem as histórias das mães que ficam em casa a cuidar dos filhos e dos pais que trabalham e trazem o dinheiro para casa, segundo este estudo. A questão é que esses livros não espelham convenientemente as diversas realidades existentes. Há mães que ficam em casa a cuidar dos seus pequenos, como há pais que ficam, enquanto as mães vão trabalhar. Há pais solteiros, há pais divorciados com outros companheiros, há filhos de diferentes casamentos e filhos de casais homossexuais, pelo que as histórias ilustradas infantis deveriam refletir mais esses diferentes contextos. O estudo chama a atenção para estas questões e também para a manutenção dos estereótipos relativamente às profissões preferidas pelas personagens infantis, como o rapaz querer ser polícia ou bombeiro e a rapariga querer ser professora ou enfermeira. São histórias antiquadas que podem alienar os pequenos leitores.
Recentemente circulou na internet uma polémica sobre um livro infantil da boneca Barbie em que a protagonista era engenheira informática. Até aqui tudo maravilhoso. O problema é que à medida que se lia o livro chegava-se à conclusão de que afinal a Barbie não parecia perceber nada de computadores, dependendo dos amigos do sexo masculino para fazer aquilo que deveria ser o seu trabalho. O livro era de 2010, mas por alguma razão passou anos impune e só em 2014 é que foi descoberto pelos internautas, levando a uma verdadeira revolta que tomou tais proporções que a Mattel veio logo retratar-se, pedir desculpa e anunciar que ia tirar o livro de circulação, dado este não refletir a visão da empresa sobre a Barbie. O certo é que os leitores levaram quatro anos para se revoltarem contra o livro e a empresa a tirá-lo das prateleiras das livrarias.