Monthly Archives: Setembro 2015

A livraria Livro Voador, em Matosinhos

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por Catarina Araújo

Abriu em dezembro de 2014, ainda não tem um ano, mas já anda muito bem sobre as pernas. Damos hoje a conhecer a livraria infantil Livro Voador.

Apresente-se!
Chamo-me Eliana Miranda de Sousa e sou a proprietária, gerente, funcionária (uma espécie de santíssima trindade) da Livro Voador.

Porque resolveu abrir uma livraria infantil?
Formei-me (licenciatura e mestrado) em Arqueologia, área onde trabalhei durante alguns anos. Entretanto, a escassez de trabalho e o nascimento duma fabulosa menina (que já conta com 6 anos) muito curiosa, muito criativa (desenha que é uma dor para árvores, com tanto papel que gasta!), acrescido do meu gosto pela ilustração (há livros lindíssimos sem qualquer texto, que normalmente os adultos compram mais para eles), pelas histórias e o poder que elas têm na formação de todos durante a infância, levou-me a abrir esta livraria infantil, numa cidade onde ainda nada existia.

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Como desenvolveu o espaço?
O espaço é pequeno, simples, com umas cores suaves, tentando dar a sensação de que se está na sala de uma casa. Sempre foi esta a ideia, desde o início. Sem grandes distrações, para que os mais pequenitos levantem voo ao lerem ou ao ouvirem uma história. 

Como é a receção das pessoas? Como tem sido o impacto na vizinhança?
Tenho recebido muitos elogios, às vezes até sinto que é demais, tendo em conta a simplicidade do espaço. Muitos ficaram contentes por terem um espaço assim à porta de casa. Outros disseram que fazia mesmo falta uma livraria deste género em Matosinhos. Muitos vizinhos são já amigos, que por vezes só cá vêm falar um pouco, distraírem-se… Os pequenitos adoram parar aqui para desenhar e colocar a obra de arte deles na minha parede/galeria. E tenho clientes de longe (a cerca de 30 km daqui!) que já só compram aqui os livros… E, bem!… isto é quase comovente…

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Que atividades desenvolve?
Horas do conto, workshops vários, yoga para crianças… tudo o que possa agradar às crianças e aos pais, e sempre pensando em «acrescentar algo mais» ao desenvolvimento dos mais novos.

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Com tão poucos espaços dedicados exclusivamente aos livros para crianças que existem, em que medida é que a vossa livraria pode fazer a diferença, comparativamente com outras livrarias, espaços comerciais, etc.?
O nome Livro Voador surgiu porque acho que o livro é o melhor meio de transporte para se «viajar» (o logótipo, desenvolvido de uma ideia embrionária minha, é da Anabela Dias, uma ilustradora que faz desenhos lindos, já com bastante obra publicada, para além de ser uma excelente pessoa!). Não me refiro apenas à imaginação; refiro-me à viagem que é a vida, e tudo o que se desenvolve nela, principalmente a nível de valores, princípios, gostos. Tento, por isso, na seleção dos livros, escolher aqueles que de facto transmitem algo que importe, que fique, que se retenha (nem que seja uma imagem, apenas…).

Assim, cada vez que alguém (90% dos casos) me pede ajuda para escolher um livro, eu pergunto sempre a idade, se é menino ou menina, como é, do que gosta, como se chama (tenho uma lista de livros por nomes das personagens)… E eu acho que é aqui que a Livro Voador faz a diferença: conhecendo praticamente os livros todos que há à venda na livraria e tentando «acertar» no gosto de quem vai receber o livro, os clientes ficam satisfeitos, voltam e sugerem a Livro Voador a amigos, familiares e às escolas dos filhos (onde depois fazemos feirinhas do livro). E raríssimas foram as vezes que vieram trocar o livro que levaram.

Não sinto que tenha o perfil ideal de vendedora e detesto burocracias. Adoro falar das histórias, mostrar as ilustrações, falar dos talentosos e premiadíssimos ilustradores nacionais (muita gente fica espantada). Gosto de «pegar» numa criança que chegue à Livro Voador um pouco amuada, desanimada, apática, triste, e «dar-lhe a volta». Orgulhosamente já consegui (é mais fácil do que com os nossos, definitivamente!), e depois são eles que pedem aos pais para voltarem, quanto mais não seja por causa daquele pufe enorme cheio de animais coloridos para onde eles adoram saltar. E isto é mesmo muito bom; os dias de chuva e frio muitas vezes parecem um dia de praia…

E um convite aos nossos leitores!
Venham cá, ouvem boa música, leem livros cheios de cor e histórias engraçadas, e o cão e o gato também podem entrar!

www.facebook.com/livrovoador

Exposição «Os monstros moram em mim»

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A partir do próximo dia 2 de outubro, estará patente na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa, a exposição de ilustração «Os monstros moram em mim». Organizado por Eliana Fernandes e Andreia Oliveira, esta exposição contará com 15 ilustradores, convidados a apresentarem os monstros que moram dentro de si, os monstros que fazem deles humanos. O objetivo é mostrar os medos que habitam em todos nós e aprender formas de ultrapassá-los, não os perdendo para sempre, porque os medos também são importantes, mas sabendo lidar com eles, de maneira a enriquecer-nos e a tornar-nos mais fortes. A exposição decorrerá até 31 de outubro. A entrada é gratuita.

Para mais informações visite a página da exposição aqui.

Patrícia Ervilha, a escritora que explica às crianças o mundo dos crescidos

por Sofia Pereira

Não é a primeira vez que dedicamos a nossa atenção a Esta história não é para adultos, de Patrícia Ervilha. Já, no início das férias grandes, deixámos aqui a sugestão deste livro para os leitores mais pequenos.

Muito recentemente, foi publicada uma segunda edição desta encantadora história, com uma imagem renovada, mais viva e dinâmica, em que as ilustrações de João Nascimento estimulam a criatividade e despertam a sensibilidade estética de quem lê o livro.

A Fábulas entrevistou a autora do livro. Socióloga, consultora, formadora e escritora, Patrícia Ervilha manifestou desde cedo um interesse pelo mundo das letras e dos livros. Nesta entrevista, fala-nos do seu livro, das crianças e da sua paixão pela escrita.

Esta história não é para adultos é o título do seu primeiro livro, apresentado em fevereiro deste ano. Como surgiu a ideia de escrever uma história para crianças?
Sempre gostei de escrever. E sempre escrevi. Aventurar-me num livro demorou mais um pouco. A história surgiu muito naturalmente, quase como um reviver da minha própria infância. Quem nos permite esse reviver são, sem dúvida, os nossos filhos e sobrinhos e amigos dos filhos… e por aí fora. Acredito que sem crianças à nossa roda é difícil escrevermos sobre elas e para elas.

Este livro é uma história sobre famílias e sobre as relações sociais, e pode ajudar a encontrar a felicidade nos pequenos momentos da vida. Na sua opinião, como podemos preparar as nossas crianças para se sentirem bem consigo próprias, com o Outro e com o Mundo, compreendendo que o mais importante pode estar nos pequenos detalhes?
É uma travessia permanente. Acredito que tem que iniciar muito cedo e que deve ser o mais natural possível. Ou seja, se eu não sou tolerante não vou educar o meu filho na tolerância. Nós não podemos educar as nossas crianças para um bem estar consigo e com os outros se não promovermos esse mesmo bem estar. As crianças aprendem sobretudo com o que veem e o que sentem. Têm a enorme capacidade de perceber quando estamos apenas com teorias que não praticamos.

Recentemente, foi publicada uma segunda edição do livro com uma imagem renovada. Quais as principais diferenças entre esta e a primeira publicação?
A gigantesca diferença são as ilustrações do João Nascimento. De repente, o livro tornou-se uma obra de arte, o que é extraordinário.

Se tivesse de aconselhar alguém a comprar uma das edições, qual seria a sua escolha? Porquê?
Pergunta muito difícil. Pelas ilustrações sem dúvida o e-book. Mas um livro é um livro. O melhor é adquirir ambas!

Sente-se satisfeita com a receção que o livro tem tido junto dos leitores?
Sinto sobretudo nas crianças porque é tudo muito simples para elas e muito claro. E a forma como elas se apropriam do livro é fantástica.

Qual foi o livro que mais a marcou durante a infância?
Havia um livro na pequena biblioteca da minha escola primária, cujo autor não faço ideia quem seria, que se chamava qualquer coisa como Amor Perfeito, uma edição muito antiga e muito amarelecida. Lembro-me da capa. Era um livro sobre o bem e o mal e foi muito marcante. Acho que não me tinha apercebido disso até este momento. Gostaria imenso de o encontrar.

Em criança, sonhava escrever livros?
Julgo que não, mas já escrevia as minhas pequenas coisas…

Lembra-se do primeiro texto que escreveu?
Lembro-me do primeiro texto que escrevi e que foi reconhecido, digamos assim. Estava no 6º ano e escrevi para a professora de português e fiquei muito orgulhosa do meu trabalho! Eu tinha 11 anos e escrevi sobre as máscaras que usamos para parecermos sempre bem com a vida. Foi bom.

Por que razão as crianças devem ler Esta história não é para adultos?
Sobretudo porque tanto o podem ler descontraidamente, sem grandes propósitos, como o podem explorar e reinventar. Será muito interessante que o façam.

Podemos esperar a publicação de um novo livro para breve?
Espero que sim.

Obrigada!
Obrigada. Beijinhos.

Mais informações sobre o livro aqui.

Título: Esta história não é para adultos
Texto: Patrícia Ervilha
Ilustração: João Nascimento
Editora: Artelogy

A coleção «Aventuras Fantásticas» está de volta!

Aventuras Fantásticas

A coleção de livros-jogos Aventuras Fantásticas (Fighting Fantasy, no original) fez as delícias dos leitores mais jovens, e, até, adultos, na década de 1980. Criada por Steve Jackson e Ian Livingstone, esta coleção misturava o conceito dos jogos de computador com o dos livros, em que o leitor era o herói e tinha o poder de decidir o caminho a percorrer. Os livros foram best-sellers, publicaram-se em mais de 22 países e tiveram num total de 59 volumes. Mas ao fim de treze anos, a série foi cancelada.

A coleção chegou a Portugal através da Editorial Verbo, em 1982, com a publicação do primeiro volume O Feiticeiro da Montanha de Fogo. Foram publicados, no total, 38 volumes, antes de ser descontinuada.

Agora a Verbo reedita a coleção com novas capas e novos volumes.

De regresso está O Feiticeiro da Montanha de Fogo, acompanhado por um volume inédito – O Guerreiro da Autoestrada. Serão lançados em outubro.

«Esta é uma coleção que te transporta para um mundo onde Tu és o Herói! És Tu quem vai decidir qual a direção a seguir, os riscos a correr e com quem lutar. Viver ou morrer é a consequência das decisões que tomares.»

FEITICEIRO DA MONTANHA DE FOGO - ALTA

«Nas entranhas das cavernas que existem sob a Montanha de Fogo encontra-se uma grande quantidade de riquezas guardadas por um Feiticeiro poderosíssimo. Muitos aventureiros já partiram para a grande montanha em busca desse grande e cobiçado tesouro. Mas infelizmente nenhum deles regressou. Achas-te capaz de ir em busca dessa riqueza tão bem protegida? Atreve-te a descobrir.»

GUERREIRO DA AUTOESTRADA - ALTA

«Em 2022, a população mundial foi virtualmente dizimada por um microrganismo letal. Tu és um dos poucos sobreviventes na cidade de New Hope. Fora das suas muralhas existem grupos de bárbaros sem lei que só matam e destroem.
Tens pela frente uma perigosa missão que é chegares a San Anglo e voltares com provisões que vos são vitais. Mesmo com algumas armas será que vais sobreviver? Atreve-te a descobrir.»

8 adaptações de livros ao cinema para ver até ao fim do ano

Até ao final do ano haverá ainda muitos filmes para ver. E alguns deles são adaptações de obras destinadas a crianças e jovens. Aqui fica a lista dos filmes que aí vêm e que tiveram como inspiração os livros.

Setembro

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Maze Runner: Prova de Fogo (18 de setembro)

Esta é a adaptação do segundo volume da trilogia best-seller de James Dashner, em estreia um ano depois de Maze Runner: Correr ou Morrer. Thomas e os seus amigos conseguiram escapar do Labirinto, mas ainda procuram respostas. Aliando-se a um grupo de resistentes, preparam-se para combater a organização maléfica que os colocou naquele terrível labirinto. Porém, talvez o grupo a que se juntaram não seja exatamente aquilo que parece ser e talvez as provas não tenham, afinal de contas, terminado. Os livros estão publicados em Portugal pela Editorial Presença.

Outubro

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Pan: Viagem à Terra do Nunca (15 de outubro)

Em estreia nos cinemas portugueses está uma nova interpretação cinematográfica baseada na obra Peter Pan, de J.M. Barrie, mas desta vez será uma espécie de história de origem de Peter e de como ele chegou à Terra do Nunca. A realização é de Joe Wright (Orgulho e Preconceito, 2005), com Levi Miller, Hugh Jackman, Rooney Mara e Amanda Seyfried nos principais papéis. A obra original de J.M. Barrie encontra-se editada por cá pela Europa-América e Booksmile.

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Goosebumps – Arrepios (29 de outubro)

O primeiro volume de Goosebumps, de R. L. Stine, foi publicado, pela primeira vez, em 1992, e até 1997 foram lançados 62 volumes, tendo vendido mais de 350 milhões de exemplares em todo o mundo. A série de livros de horror juvenil chegou à televisão em 1995 e teve quatro temporadas.  Em 1998 fez-se uma primeira tentativa de levar os livros ao cinema, com Tim Burton na produção, mas acabou por ser cancelada, e, agora, 17 anos depois, chega finalmente às salas de cinema, com o ator Jack Black num dos papéis principais.

Novembro

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Eu, o Earl e a Tal Miúda (15 de novembro)

«A história engraçada e comovente de Greg, um finalista do secundário que está a tentar misturar-se anonimamente, evitando relações mais profundas como uma estratégia de sobrevivência num campo de minas social – a vida de um adolescente. Ele mesmo descreve o seu leal companheiro Earl, com quem faz as curtas-metragens com paródias a filmes clássicos, como mais um “colega de trabalho” do que um melhor amigo. Mas quando a mãe de Greg insiste com ele para passar algum tempo com Rachel – uma miúda da sua turma que acaba de ser diagnosticada com cancro – ele lentamente descobre como os verdadeiros laços de amizade podem ser gratificantes.»
Baseado na obra de Jesse Andrews, a ser editada brevemente em Portugal pela editora Topseller.

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The Hunger Games: A Revolta – Parte 2 (19 de novembro)

Chega finalmente ao cinema a muito aguardada segunda parte da adaptação do terceiro volume da trilogia best-seller de Suzanne Collins. A Parte 1 foi o filme mais visto em 2014, em Portugal, com 344 mil espectadores, pelo que se espera que a segunda parte também vá levar muitos portugueses ao cinema neste Natal. Estão de regresso Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Julianne Moore, entre muitos outros. Neste último volume, Katniss Everdeen enfrenta a revolução que mudará Panem para sempre. O livro está editado pela Editorial Presença.

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Victor Frankenstein (26 de novembro)

Em novembro estreia uma nova adaptação ao cinema da obra de Mary Shelley, com Daniel Radcliffe (Harry Potter) e James McAvoy (Expiação) nos papéis principais. Contado do ponto de vista de Igor, assistente do doutor Frankenstein, conhecemos as suas origens antes de se tornarem lenda. Em Portugal existem várias edições disponíveis de Frankenstein, da Civilização, da ASA e da BIIS.

Dezembro

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O Principezinho (3 de dezembro)

O clássico incontornável de Antoine de Saint-Exupéry tem encantando milhões de leitores em todo o mundo e o filme de animação que estreia em plena época do Natal, promete encantar também os espetadores. Desde que entrou em domínio público, estão disponíveis muitas edições diferentes em Portugal, de diversas editoras.

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Snoopy e Charlie Brown – Peanuts: O Filme (24 de dezembro)

Esta não é uma adaptação de um livro, mas de uma banda desenhada, que se tornou igualmente um clássico, e que chega às salas de cinema na véspera de Natal, perfeito para levar as famílias ao cinema. A obra completa de Charles M. Schulz encontra-se publicada em Portugal pelas Edições Afrontamento.

Leituras para o regresso das férias… por Ana Ramalhete

Para setembro e para o regresso às aulas, livros em que as letras e os números são protagonistas.

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Letras nos atacadores, de Cristina Falcón Maldonado, ilustrações de Marina Marcolin

«Quando aprende a ler, Flor descobre que as letras são contadoras de coisas.»
Flor tem seis irmãos. Trata deles e leva-os à escola, o seu local preferido. Quem narra a história, é um dos seus irmãos, que a admira e nos transmite o amor da irmã pelas letras e pelos sapatos – o único par que tem e que trata com todo o cuidado para não se estragarem pois os atacadores ajudam-na a desenrolar mais letras que a levam à leitura e ao encontro de mais histórias.
Letras nos atacadores é um livro que ressalta a importância da leitura, do papel determinante da mulher como educadora (Flor toma conta dos irmãos, a mãe é professora e a avó vive com os netos) e foca as vicissitudes e contrariedades do quotidiano das famílias actuais (para exercer a sua profissão, a mãe tem de trabalhar longe dos filhos).

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As letras de números vestidas, de João Pedro Mésseder, ilustrações de Marta Madureira

«Associando letras e números, nomes próprios e traços físicos ou de carácter, a escrita diverte e diverte-se. Nem só as letras e as palavras têm a ver com a poesia. Os números também. E tantas outras coisas, é claro. Para que cada um o saiba, basta ter os sentidos bem alerta, descobrindo nas palavras os ritmos da própria vida. E viver a experiência de ler, cantar, dançar, memorizar, dramatizar estes textos. Ou escrever outros, à maneira dos que o livro propõe.»
Do A ao Z, do início ao fim, cada letra do alfabeto tem um nome e veste um número.
Os poemas de João Pedro Mésseder encantam pelo ritmo, musicalidade e constituem um incentivo à leitura e à escrita daqueles que nelas começam a dar os primeiros passos.
Os traços das ilustrações de Marta Madureira dão aos versos uma roupagem acrescida, levando o leitor a pensar em novas histórias.
«O H é de Helena e Honório,
Meninos que vestem o 8,
Porque rima com biscoito.»

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Pequeno livro da desmatemática, de Manuel António Pina, desenhos de Pedro Proença

«Este livro é um livro de “desmatemática” porque, aqui, os personagens da matemática, os números, os sinais, as contas são tratados como gente, têm sentimentos, sonhos. Até fraquezas e defeitos. Como tu e como eu. É um jogo que eu gosto muito de jogar, imaginar como as coisas seriam se fossem ao contrário. (…) Por isso te venho apresentar o amimigo zero (uma verdadeira nulidade, pensam alguns; o que eles se enganam!), os números negativos, os números imaginários, os números irracionais (raio de nome!), o misteriosíssimo e famosíssimo p. Talvez, quem sabe?, depois de teres conhecido estes, tu queiras conhecer outros. A maior parte das pessoas não calcula (a palavra calcular vem a propósito) a gente curiosa que vive na matemática.»

Palavras de Manuel António Pina, na introdução à terceira parte do livro.
Dividido em três partes: “Pequeno livro dos problemas”, “Pequeno livro das histórias” e “Onde se fala de alguns seres extraordinários”, nestes textos, em verso e em prosa, conseguimos olhar para a matemática de outra maneira, ver o outro lado das contas e dos problemas, e até encontrar números que querem ser poetas e outros que são narcisistas, ou seja, entramos no mundo da desmatemática.

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A árvore das folhas A4, de Carles Cano, ilustrações de Carlos Otin

Na primavera, na altura de renovação, certa árvore decidiu vestir-se de folhas de papel de tamanho A4, perante o desagrado das outras árvores do bosque e dos animais, com excepção dos pássaros que se deliciavam com as folhas e mais tarde com as histórias que estas contavam, através das letras. Chegou o outono, as folhas voaram e os pássaros choraram ao encontrá-las, transformando as letras.

Uma história que alia a preocupação ambiental e a preservação da floresta ao prazer da leitura e à descoberta das letras como signos constituintes das palavras, carregados de potencialidades de comunicação e transmissão, de histórias e de poesia.

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1, 2, 3, Conta Lá Outra Vez!, de Danuta Wojciechowska

«Vês como os números também servem para contar histórias? E falam todas as línguas! São universais: em qualquer parte do mundo, uma criança como tu, consegue ler o mesmo algarismo. Mas o que é mais fascinante é que podes utilizar os números para observar o mundo e compreender como as coisas são feitas. Os números estão escondidos em tudo, basta olhar com atenção. Existem nas plantas, flores e animais, mas também no teu corpo e na tua imaginação. Se aprenderes estes segredos podes usá-los para criar, planear e construir o mundo a tua volta.»

Neste livro, da autoria de Danuta Wojciechowska, a força e intensidade da cor alia-se à imaginação e clareza do texto. Os números são os protagonistas, têm significados e aparecem associados às pessoas, aos objectos e às histórias. Fazem parte do universo e levam-nos à sua descoberta. Surgem em seis línguas diferentes: português, inglês, francês, espanhol, alemão e mandarim.
Uma obra para ler e ver, uma, duas, três vezes e no final recomeçar, outra vez.

Biblioterapia, o que é?

por Sofia Pereira

«Ler significa reler e compreender, interpretar.
Cada um lê com os olhos que tem.
E interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo o ponto de vista é a vista de um ponto.
Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo.»
(Leonardo Boff)

A biblioterapia é uma atividade de leitura com objetivo preventivo e terapêutico, que procura proporcionar ao leitor / ouvinte o alívio dos sentimentos. Sendo uma terapia por meio de livros, realiza-se, individualmente ou em grupo, através da leitura de poemas, de livros de autoajuda e de ficção, com o propósito de possibilitar o desenvolvimento e equilíbrio plenos de saúde mental.

Proporcionar a aquisição de um melhor conhecimento de nós próprios, dos outros e do mundo, auxiliar na verbalização dos problemas e das emoções, prevenir o aparecimento de estados depressivos e neuróticos, desenvolver a sensibilidade social, reforçar os padrões culturais e sociais, aumentar a autoestima, estimular novos interesses, a criatividade e a imaginação são alguns dos benefícios da biblioterapia.

A literatura está ao serviço da mudança. Durante o processo de leitura, o leitor estabelece com o universo dos livros uma relação terapêutica, não só pelo texto em si, mas sobretudo pela pluralidade de significações que suscita. As palavras têm um poder inquestionável e curativo: emocionam, influenciam e convencem. O leitor identifica-se, por vezes, com as histórias, projetando-se intimamente nas vivências das personagens, das situações e dos acontecimentos narrados. Absorve os enredos e as características dos protagonistas que fazem rir, chorar, refletir, pensar, desfrutar, revendo-se nas suas ações, nos seus pensamentos e nas suas sensações. As histórias estimulam o leitor / ouvinte a desenvolver o seu imaginário, transformando as suas emoções e libertando os seus sentimentos. Neste sentido, a leitura ajuda a fomentar a empatia e a superar as fragilidades emocionais e as pressões do dia a dia, proporcionando o bem-estar físico, mental e social.

Atualmente, a biblioterapia é praticada em diversos contextos sociais – hospitais, lares, estabelecimentos prisionais e instituições dirigidas a crianças e jovens com necessidades especiais de educação -, adquirindo um enorme dinamismo e permitindo que todo o processo de pensamento crítico, reflexivo e libertador, estimulado pela leitura, auxilie o maior número de leitores.

A leitura assume-se como uma forma de entretenimento e de lazer, que compensa a frustração, melhora a saúde mental e promove a reinserção na sociedade.

A biblioterapia é, deste modo, utilizada como um instrumento da medicina e da psicologia para superar conflitos e problemas de ordem emocional, social e mental.

Todas as formas de leitura são importantes

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Muitos críticos defendem que a banda desenhada, os audiolivros ou até mesmo os e-books não são, realmente, leitura. Que a leitura que conta é a dos livros, de literatura, de poesia. Mas há quem defenda que não, que todas as formas de leitura, desde que leve à efetiva leitura, são importantes, pois só assim é possível alcançar todas as crianças, seja de que meio forem, sejam quais forem as suas preferências e as suas capacidades. Num artigo escrito por uma bibliotecária sobre este tema, chama-se a atenção para o «perigo» que os preconceitos em relação a outras formas de leitura podem representar para as crianças, afastando-as dos livros e podendo levar a que percam o prazer de ler. Emily Childress-Campbell trabalha numa biblioteca e escreve sobre as impressões que retirou no contacto com pais e educadores, e sobre a importância de pensar nos diversos formatos de leitura como plataformas para incluir crianças com diferentes gostos e capacidades, que de outra forma se afastariam da leitura. A bibliotecária refere como exemplo os audiolivros para as crianças com dificuldades de leitura, como a dislexia, e a banda desenhada como forma de apresentar crianças mais relutantes ao mundo dos livros e das histórias, incutindo e desenvolvendo nelas o prazer de ler.

O artigo completo pode ser lido aqui.

Leituras para o regresso das férias… por Alexandra Martins

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The School for Good and Evil, de Soman Chainani, Lápis Azul

«Estamos perante uma trilogia que desencadeia um mundo de fantasia novo e deslumbrante, onde as melhores amigas, Sophie e Agatha estão prestes a embarcar na aventura de uma vida. Na Escola do Bem e do Mal, meninos e meninas são treinados para serem extraordinários bons ou maus, mas um subverter dos papéis assumidos das nossas heroínas, … quando Agatha é “erroneamente” enviada para a escola do bem, e Sophie para a escola do mal, tudo é posto em causa, … e se o erro é na verdade a primeira pista para descobrir quem Sophie e Agatha realmente são? Fantástica trilogia na qual a única saída para fugir das lendas sobre contos de fadas e histórias encantadas é viver intensamente uma delas.»

Porquê? Na Escola do Bem e do Mal formam-se príncipes e princesas, bruxas e vilões, material de contos de fadas. E Sophie, que se porta como uma autêntica princesa, anseia por viver o seu conto de fadas com final feliz. Ela quer ir para a Escola do Bem e a sua amiga Agatha para a Escola do Mal, mas a vida troca-lhes as voltas e elas acabam por ir parar às escolas que não queriam. Muitas peripécias depois, com algumas boas gargalhadas do nosso lado, as nossas protagonistas começam a revelar-se e talvez a troca não tenha sido tão errada assim.

Não devemos julgar um livro pela sua capa, embora a encadernação deste livro seja magnífica, nem devemos julgar as pessoas pela sua aparência. Acima de tudo, é esta a lição a reter neste conto de fadas fantástico. Uma leitura leve, divertida e juvenil, que opõe princesas e bruxas e todos os dramas da adolescência dentro da mesma escola.

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À Procura de Alaska, de John Green, Edições ASA

«”Na escuridão atrás de mim, ela cheirava a suor, luz do sol e baunilha, e, nessa noite de pouco luar, eu pouco mais podia ver além da sua silhueta, mas, mesmo no escuro, consegui ver-lhe os olhos – esmeraldas intensas. E não era só linda, era também uma brasa.”

Alaska Young. Lindíssima, esperta, divertida, sensual, transtornada… e completamente fascinante. Miles Halter não podia estar mais apaixonado por ela. Mas, quando a tragédia lhe bate à porta, Miles descobre o valor e a dor de viver e amar de modo incondicional. Nunca mais nada será o mesmo.»

Porquê? Um livro que lida de perto com os dramas juvenis, a inocência da amizade, do primeiro amor, a loucura e a invencibilidade aliadas à dor do crescimento e às aprendizagens da vida. Miles conta-nos a sua história: um jovem sem amigos e sem propósito que vai para uma escola nova, onde se apaixona perdidamente por Alaska Young. Mas Alaska, linda, inteligente e muito perturbada, parece inalcançável e Miles tudo fará para a descobrir, para a compreender, para lhe sobreviver.

Para Miles, a história divide-se em Antes e Depois e há que aprender a viver com isso seja em que idade for. Há sempre um ponto de viragem nas nossas vidas. E é essa verdade, contada de forma brutal, contada de forma suave, que fica por entre as páginas do livro e que perdura. Uma lição para a vida, aprendida na juventude.

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Escola: Os piores anos da minha vida, de Chris Tebbetts e James Patterson,  Booksmile

«Rafe Khatchadorian já tem problemas suficientes em casa sem ter de meter a escola ao barulho. Felizmente, ele tem um plano perfeito para ter o melhor ano de sempre, isto é, se o conseguir levar para a frente. Vai tentar quebrar todas as regras do código de conduta da sua escola. Mas quando o jogo começa a perder a piada, ele terá de decidir se ganhar é o mais importante, ou se está finalmente pronto para aceitar as regras, lidar com os provocadores e com as verdades que ele está sempre a evitar.»

Porquê? Ano novo, escola nova. E Rafe já tem a certeza de que vai ser o pior ano da sua vida, por isso estabelece um plano para tornar a sua vida mais excitante: quebrar todas as regras da escola nova. Mas ser um pré-adolescente rebelde tem muito que se lhe diga e talvez Rafe precise de repensar a sua vida.

Uma narrativa simples e muito engraçada, na primeira pessoa e em capítulos curtos e fluidos, acompanhados de ilustrações muito divertidas. Enquanto leitores, somos facilmente cativados por este jovem e pela sua história, não podendo deixar de sorrir com as suas muitas peripécias. Um livro maravilhoso sobre as dificuldades de adaptação de um pré-adolescente a uma nova vida numa nova escola, bem como à sua dinâmica familiar.

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A Lua de Joana, de Maria Teresa Maia Gonzalez, PI

«Ao lermos A Lua de Joana, não podemos deixar de pensar na forma como, muitas vezes, relegamos para segundo plano aquilo que realmente é importante na vida. Este livro alerta-nos para a importância de estarmos atentos a nós e ao outro, e de sermos capazes de, em conjunto, percorrer um caminho que conduza a uma vida plena… Foi já há mais de quinze anos que A Lua de Joana foi publicada. Com mais de 300 000 exemplares vendidos nas suas inúmeras edições, com traduções em seis países, impôs-se como uma referência incontornável na literatura juvenil portuguesa e mundial.»

Porquê? Este é um clássico incontornável. Uma narrativa que nos chega na forma de cartas, escritas pela Joana para a sua melhor amiga, que morreu de overdose. Uma realidade muito dura, uma falta de apoio muito grande, uma família pouco unida condicionam a vida da Joana, a sua rotina na escola e em casa e as suas atitudes. A escrita da autora faz-nos entrar na pele da protagonista e sentir as suas dificuldades, a sua solidão, fazendo-nos pensar no que é verdadeiramente importante, o que é fundamental para a nossa estabilidade e felicidade. Um livro para os jovens, mas que devia ser lido por toda a gente.

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O Diário de um Banana 1, de Jeff Kinney, Booksmile

«Não é fácil ser criança. E ninguém sabe isso melhor do que o Greg Heffley, que se vê aprisionado na escola preparatória, onde fracotes minorcas dividem os corredores com miúdos mais altos e malvados que já fazem a barba. Em O Diário de um Banana, o autor e ilustrador Jeff Kinney apresenta-nos um herói improvável. Como o Greg diz no seu diário: Não esperem que eu me ponha para aqui com “Querido Diário” isto e “Querido Diário” aquilo. Felizmente para nós, o que o Greg diz e o que realmente faz são duas coisas muito diferentes. »

Porquê? Este é um livro que se lê a voar. Com muitas ilustrações pelo meio, textos simples e diretos e uma história que prima mais pelo humor do que pela moral, é um livro para nos rirmos e passarmos um bom bocado. Greg é um miúdo como todos os outros: tem momentos egoístas, momentos confusos e momentos de pura parvoíce. Mas é essa semelhança com a realidade que nos faz sentir algum carinho por este miúdo de nove anos que se acha muito crescido. Sendo o primeiro volume de uma coleção que é um autêntico sucesso, vale a pena dar uma oportunidade a esta leitura neste regresso à rotina.