por Sofia Pereira
Não é a primeira vez que dedicamos a nossa atenção a Esta história não é para adultos, de Patrícia Ervilha. Já, no início das férias grandes, deixámos aqui a sugestão deste livro para os leitores mais pequenos.
Muito recentemente, foi publicada uma segunda edição desta encantadora história, com uma imagem renovada, mais viva e dinâmica, em que as ilustrações de João Nascimento estimulam a criatividade e despertam a sensibilidade estética de quem lê o livro.
A Fábulas entrevistou a autora do livro. Socióloga, consultora, formadora e escritora, Patrícia Ervilha manifestou desde cedo um interesse pelo mundo das letras e dos livros. Nesta entrevista, fala-nos do seu livro, das crianças e da sua paixão pela escrita.
Esta história não é para adultos é o título do seu primeiro livro, apresentado em fevereiro deste ano. Como surgiu a ideia de escrever uma história para crianças?
Sempre gostei de escrever. E sempre escrevi. Aventurar-me num livro demorou mais um pouco. A história surgiu muito naturalmente, quase como um reviver da minha própria infância. Quem nos permite esse reviver são, sem dúvida, os nossos filhos e sobrinhos e amigos dos filhos… e por aí fora. Acredito que sem crianças à nossa roda é difícil escrevermos sobre elas e para elas.
Este livro é uma história sobre famílias e sobre as relações sociais, e pode ajudar a encontrar a felicidade nos pequenos momentos da vida. Na sua opinião, como podemos preparar as nossas crianças para se sentirem bem consigo próprias, com o Outro e com o Mundo, compreendendo que o mais importante pode estar nos pequenos detalhes?
É uma travessia permanente. Acredito que tem que iniciar muito cedo e que deve ser o mais natural possível. Ou seja, se eu não sou tolerante não vou educar o meu filho na tolerância. Nós não podemos educar as nossas crianças para um bem estar consigo e com os outros se não promovermos esse mesmo bem estar. As crianças aprendem sobretudo com o que veem e o que sentem. Têm a enorme capacidade de perceber quando estamos apenas com teorias que não praticamos.
Recentemente, foi publicada uma segunda edição do livro com uma imagem renovada. Quais as principais diferenças entre esta e a primeira publicação?
A gigantesca diferença são as ilustrações do João Nascimento. De repente, o livro tornou-se uma obra de arte, o que é extraordinário.
Se tivesse de aconselhar alguém a comprar uma das edições, qual seria a sua escolha? Porquê?
Pergunta muito difícil. Pelas ilustrações sem dúvida o e-book. Mas um livro é um livro. O melhor é adquirir ambas!
Sente-se satisfeita com a receção que o livro tem tido junto dos leitores?
Sinto sobretudo nas crianças porque é tudo muito simples para elas e muito claro. E a forma como elas se apropriam do livro é fantástica.
Qual foi o livro que mais a marcou durante a infância?
Havia um livro na pequena biblioteca da minha escola primária, cujo autor não faço ideia quem seria, que se chamava qualquer coisa como Amor Perfeito, uma edição muito antiga e muito amarelecida. Lembro-me da capa. Era um livro sobre o bem e o mal e foi muito marcante. Acho que não me tinha apercebido disso até este momento. Gostaria imenso de o encontrar.
Em criança, sonhava escrever livros?
Julgo que não, mas já escrevia as minhas pequenas coisas…
Lembra-se do primeiro texto que escreveu?
Lembro-me do primeiro texto que escrevi e que foi reconhecido, digamos assim. Estava no 6º ano e escrevi para a professora de português e fiquei muito orgulhosa do meu trabalho! Eu tinha 11 anos e escrevi sobre as máscaras que usamos para parecermos sempre bem com a vida. Foi bom.
Por que razão as crianças devem ler Esta história não é para adultos?
Sobretudo porque tanto o podem ler descontraidamente, sem grandes propósitos, como o podem explorar e reinventar. Será muito interessante que o façam.
Podemos esperar a publicação de um novo livro para breve?
Espero que sim.
Obrigada!
Obrigada. Beijinhos.
Mais informações sobre o livro aqui.
Título: Esta história não é para adultos
Texto: Patrícia Ervilha
Ilustração: João Nascimento
Editora: Artelogy
É sempre muito benéfico para as crianças poderem ler um livro que seja ao mesmo tempo lúdico e educativo. Falar sobre o tema da tolerância e sobre como é importante o exemplo dos adultos, é algo de muito importante no desenvolvimento de uma criança. Como é referido na entrevista, mais do que teorias, necessitamos de livros como este que abordam estes temas de uma forma prática.
Também me tenho dedicado a escrever sobre o desenvolvimento da criança, sendo exemplo disso, o incentivo do diálogo entre filhos e pais: http://www.psicoajuda.pt/psicologia-infantil/educar-dicas-para-pais/