Monthly Archives: Outubro 2015

Bruxas, caveiras e gatos pretos…

por Sofia Pereira

Bruxas, caveiras, gatos pretos, fantasmas, abóboras, cemitério, monstros, feitiçarias, velas e morcegos. São alguns dos símbolos do Halloween ou Dia das Bruxas – como é conhecida entre nós – uma tradição marcadamente americana. A sua origem remonta ao povo celta, que acreditava que, no dia 31 de outubro, os espíritos dos mortos voltavam aos seus lares para visitar os familiares e guiá-los ao mundo do além.

Pese embora o facto de não existir uma tradição tão forte no nosso país, certo é que esta festividade acaba por contagiar as crianças e os jovens que, entusiasticamente, se deixam envolver por este mundo misterioso, sombrio e até assustador. Tudo, do terror à diversão, leva a uma enorme curiosidade de conhecer e entrar no espírito tenebroso do Halloween.

Para ajudar a celebrar esta época, deixamos aqui a sugestão de alguns livros para que todos os leitores, dos mais pequeninos aos mais crescidos, possam viver esta festa, num verdadeiro ambiente fantasmagórico:

Desculpa… Por acaso és uma bruxa?, de Emily Horn, ilustração de Pawel Pawlak, Dinalivro

«Título Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura 2007 (Jardim de Infância / Ler Voz Alta Sala Aula). O Leonardo é um gato preto, muito solitário, que passa o tempo todo na biblioteca. Certo dia, ao ler A Enciclopédia das Bruxas, descobre que elas adoram gatos pretos. Mas como poderá o Leonardo encontrar uma bruxa, se nunca na sua vida viu nenhuma? E todas as vezes que pergunta: «Desculpa… Por acaso és uma bruxa?», engana-se sempre! Por fim, o gato Leonardo desiste e regressa à biblioteca… sem desconfiar de que há uma grande surpresa à sua espera! Crianças a partir dos 5 anos.»

O Grande Livro das Bruxas & Feiticeiros, de José Viale Moutinho e Fedra Santos, Afrontamento

«Ora aqui está, rapaziada,
Um livro de meter medo.
São bruxos e feiticeiras,
Bailando sem orquestra, à luz das suas fogueiras!
Um de nós conta as histórias.
Todas elas de estarrecer!
O outro faz os desenhos. Para melhor se poder ver!
O primeiro é grandote, lá isso é,e chama-se Zé!
A segunda anda a ver se medra,come pastéis de nata e chama-se Fedra!»

Bruxas à Meia-Noite, de Roberto Pavanello, Planeta Editora

«Parece mentira mas é verdade: Bat Pat é um morcego que tem medo do escuro. É o morcego mais medricas que vocês já conheceram e «fala pelos cotovelos» mas é impossível não gostar dele. Na verdade, é muito divertido e mete-se em cada aventura que… só lido! O Tesouro do Cemitério e Bruxas à Meia-Noite são as duas primeiras histórias publicadas em Portugal. Pois é, o Bat Pat é escritor e a sua especialidade são os livros de terror, aqueles que falam de bruxas, fantasmas, cemitérios e coisas verdadeiramente assustadoras. Os seus amigos são a Rebecca, o Martin e o Leo. A Rebecca adora aranhas, ratos e sapos, o Martin é o intelectual do grupo e o Leo, tão ou mais medricas do que o Bat Pat, não perde uma oportunidade que seja para dizer: «e se petiscássemos qualquer coisa?». É com eles que Bat Pat vai investigar o mistério da estranha sombra (será um fantasma?) que anda a rondar os túmulos do cemitério e o curioso caso das casas invadidas… pela chaminé! A história do livro Bruxas à Meia-Noite é igualmente medonha. O dia estava a raiar e Bat Pat tinha acabado de cair no sono. De repente, um grito de arrepiar acordou o morcego. Era uma velhinha estranha a vender maçãs. Hummm, pensou ele, enquanto se lembrava da bruxa má da história da Branca de Neve, esta velhinha é estranha. E era mesmo. A pérfida bruxa Amanita andava à procura de um aprendiz e levara Rebecca para o seu antro… E agora? Uma coisa é certa, Bat Pat só tem medo do escuro, de mais nada…»

Grimpow – A Última das Bruxas, de Rafael Ábalos, Asa

«O destino cumpriu-se e Grimpow tem nas suas mãos a Pedra Filosofal. Segundo os alquimistas, esse é possivelmente o objecto mais poderoso do mundo, capaz de conceder a imortalidade e de transformar qualquer metal em ouro. Mas ainda há mais para descobrir… Por isso, Grimpow viaja até Paris, decidido a desvendar esse segredo milenar. Entretanto, o rei de França, temeroso da morte, deseja mais do que nunca apoderar-se da lendária Pedra. E só uma pessoa, em toda Paris, pode conseguir tal façanha: chama-se Agnes e desde há um ano que luta pela sobrevivência nas masmorras da Torre do Templo, acusada de bruxaria. Embora ela ainda não o saiba, os seus poderes permitem-lhe pactuar com o próprio Diabo…»

Bruxa Endiabrada, de Kim Harrison, Chá das Cinco

«Em Hollows os vampiros são apenas o início… Apesar de namorar com um vampiro e viver com outro, Rachel Morgan conseguiu sempre manter-se um passo à frente dos problemas… até agora. Um tenebroso assassino em série fez das ruas de Cincinnati o seu terreno de caça e ninguém está a salvo, seja humano, Inderlander ou morto-vivo. Talvez a única maneira de parar esse assassino seja uma misteriosa relíquia que se encontra nas mãos de Rachel Morgan, destemida caçadora de recompensas e bruxa temerária. Mas revelar tal artefacto poderá dar início a uma batalha apocalíptica entre as diversas raças sobrenaturais de Hollows. A decisão pode salvar vidas… ou matar muitas mais! Mais uma vez, Rachel não pode falhar pois o preço a pagar é alto de mais.»

A Festa das Bruxas, de Agatha Christie, Asa

«A famosa escritora de policiais Ariadne Oliver prepara-se para celebrar a Noite das Bruxas em casa de uma amiga. Outra das convidadas é Joyce, uma jovem fã de livros policiais, que confessa ter já assistido a um assassinato. Mas a sua fama de contadora de histórias mirabolantes faz com que ninguém lhe preste atenção. Ou talvez não seja bem assim. Quando Joyce é encontrada morta nessa mesma noite, Mrs. Oliver questiona se esta última história seria mesmo fruto da sua imaginação. Quem de entre os convidados quereria silenciá-la? Mrs. Oliver não conhece ninguém melhor do que o seu amigo Hercule Poirot para responder a esta questão. Mas nem mesmo para o grande detective será fácil desmascarar o assassino.»

Luísa Ducla Soares, uma vida dedicada à escrita e à leitura

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Maria Luísa Bliebernicht Ducla Soares de Sottomayor Cardia nasceu em Lisboa no dia 20 de Julho de 1939. Tem dedicado a sua vida à escrita e à investigação e divulgação da literatura para a infância e juventude.
Cresceu rodeada de histórias. O pai contava-lhe adivinhas, lengalengas e trava-línguas e Luísa devorava os livros de escritores clássicos, principalmente Eça de Queiroz e Júlio Verne, cujas obras desencadearam o seu gosto pela leitura e pela escrita.
Começou a contar histórias para crianças, ainda jovem, para entreter um dos irmãos, dez anos mais novo, que não gostava dos livros que existiam para a sua idade.
Licenciou-se em Filologia Germânica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante a época da faculdade, esteve ligada ao grupo da revista Poesia 61 que pretendia fundar em Portugal uma escola poética experimentalista.
Embora já publicasse poemas em revistas e jornais desde 1951, foi em 1970 que publicou a primeira obra, um livro de poemas intitulado Contrato. Iniciou a sua atividade profissional como tradutora, consultora literária e jornalista, tendo sido directora da revista de divulgação cultural Vida.

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Em 1972 publicou o primeiro livro para crianças, A história da papoila, que marcou o início da sua actividade como autora e estudiosa de literatura para a infância e juventude e lhe valeu o Grande Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho, do Secretariado Nacional de Informação (SNI), o qual recusou por razões políticas.
Durante quatro anos (de 1972 a 1976), participou no suplemento infantil do Diário Popular “O Doutor Sabichão” e mais tarde no “Sábado Popular” onde foram divulgados vários contos seus. Alguns foram cortados pela Censura e não chegaram a ser publicados. Aconteceu com o conto O soldado João, história sobre a guerra colonial que acabaria por ser editado mais tarde, em livro.

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Foi adjunta do Gabinete do Ministro da Educação de 1976 a 1978.
Foi membro da direcção da Associação Portuguesa de Escritores.
Trabalhou, de 1979 a 2009, na Biblioteca Nacional onde realizou uma bibliografia de literatura para crianças e jovens em Portugal e organizou numerosas exposições e catálogos sobre Literatura Infantil. Foi assessora da Biblioteca e responsável pela Área de Pesquisa e Informação Bibliográfica.

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Foi colaboradora da revista Rua Sésamo de 1990 a 1995.
Em 1990, o seu conto Meninos de todas as cores foi integrado numa maleta pedagógica, organizada pela UNICEF e pela OIKOS.
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Escreveu o guião dos vinte e seis capítulos do programa Alhos e Bugalhos, uma série televisiva sobre a língua portuguesa, transmitida pela RTP durante as Comemorações do Ano Europeu das Línguas (2001).

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Tem participado em vários projectos que aliam a escrita à música. Em 1999, foi editado um CD com letras suas musicadas por Susana Ralha, intitulado 25, por ser constituído por 25 canções e se integrar na comemoração dos 25 anos da Revolução de 25 de abril. Em 2008, foi publicado o CD, O canto dos bichos, cantado pelo Bando dos Gambozinos, com poemas da autora; em 2011 surgiram O som das lengalengas e Poemas e canções para todas as ocasiões, os dois com cantigas de Daniel Completo.
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Tem elaborado para o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, para o Ministério da Educação e Fundação Gulbenkian diversas publicações selectivas da literatura infantil nacional e internacional. Realizou todas as páginas de Internet da Presidência da República para crianças e jovens no mandato do Presidente Jorge Sampaio. (http://www.presidenciarepublica.pt/pt/main.html).

Junto de escolas e bibliotecas desenvolve regularmente ações de incentivo à leitura. Participa frequentemente em colóquios, congressos e encontros, apresentando conferências e comunicações sobre problemática relacionada com os jovens e a leitura e sobre literatura para os mais novos.
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É sócia-fundadora do Instituto de Apoio à Criança.
Em 1986 o seu livro 6 histórias de encantar recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças pelo Melhor Texto do Biénio 1984-1985. Dez anos mais tarde foi-lhe atribuído o Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra.

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Em 2004 foi nomeada para o Prémio Hans Christian Andersen da IBBY (International Board on Books for Young People. Em 2009, a Sociedade Portuguesa de Autores distinguiu-a com a sua Medalha de Honra. Em 2010, foi proposta pela DGLB como candidata de Portugal ao Prémio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil.
As suas obras encontram-se traduzidas para várias línguas nomeadamente francês, catalão, basco e galego.

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Até ao momento, Luísa Ducla Soares publicou cerca de 130 livros.

Sete razões para ler com as crianças

por Sofia Pereira

O hábito de ler ou contar histórias constitui uma preciosa ferramenta para o relacionamento afetivo entre pais e filhos mas, acima de tudo, contribui para o desenvolvimento pessoal, social e intelectual das crianças e para um melhor desempenho escolar.

As crianças que contactam com os livros todos os dias – através da leitura ou pelo simples ato de ouvir histórias – estão mais preparadas para desenvolver a criatividade, a imaginação e o sentido estético.

É importante que, num ambiente familiar, se crie um momento agradável e harmonioso, para que os pais e as crianças possam desfrutar da leitura, como um verdadeiro ato de prazer, criando com o livro uma relação de apreço. A leitura partilhada é uma atividade bastante divertida, que auxilia a criança no seu crescimento e formação enquanto indivíduo e na sua relação com o Outro e o Mundo.

Sete razões para ler com as crianças:

  1. Ouvir ler em voz alta, ler em conjunto, conversar sobre livros desenvolve a inteligência e a imaginação.
  2. Os livros enriquecem o vocabulário e a linguagem.
  3. As imagens, as informações e ideias dos livros alargam o conhecimento do mundo.
  4. Quem tem o hábito de ler conhece-se melhor a si próprio e compreende melhor os outros.
  5. Ler em conjunto é divertido e reforça o prazer do convívio.
  6. Os laços afetivos entre as crianças e os adultos tornam-se mais fortes.
  7. A leitura torna as crianças mais calmas, ajuda-as a ganhar autoconfiança e poder de decisão.

(Extraído do site da CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais)