Maria Luísa Bliebernicht Ducla Soares de Sottomayor Cardia nasceu em Lisboa no dia 20 de Julho de 1939. Tem dedicado a sua vida à escrita e à investigação e divulgação da literatura para a infância e juventude.
Cresceu rodeada de histórias. O pai contava-lhe adivinhas, lengalengas e trava-línguas e Luísa devorava os livros de escritores clássicos, principalmente Eça de Queiroz e Júlio Verne, cujas obras desencadearam o seu gosto pela leitura e pela escrita.
Começou a contar histórias para crianças, ainda jovem, para entreter um dos irmãos, dez anos mais novo, que não gostava dos livros que existiam para a sua idade.
Licenciou-se em Filologia Germânica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante a época da faculdade, esteve ligada ao grupo da revista Poesia 61 que pretendia fundar em Portugal uma escola poética experimentalista.
Embora já publicasse poemas em revistas e jornais desde 1951, foi em 1970 que publicou a primeira obra, um livro de poemas intitulado Contrato. Iniciou a sua atividade profissional como tradutora, consultora literária e jornalista, tendo sido directora da revista de divulgação cultural Vida.
Em 1972 publicou o primeiro livro para crianças, A história da papoila, que marcou o início da sua actividade como autora e estudiosa de literatura para a infância e juventude e lhe valeu o Grande Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho, do Secretariado Nacional de Informação (SNI), o qual recusou por razões políticas.
Durante quatro anos (de 1972 a 1976), participou no suplemento infantil do Diário Popular “O Doutor Sabichão” e mais tarde no “Sábado Popular” onde foram divulgados vários contos seus. Alguns foram cortados pela Censura e não chegaram a ser publicados. Aconteceu com o conto O soldado João, história sobre a guerra colonial que acabaria por ser editado mais tarde, em livro.
Foi adjunta do Gabinete do Ministro da Educação de 1976 a 1978.
Foi membro da direcção da Associação Portuguesa de Escritores.
Trabalhou, de 1979 a 2009, na Biblioteca Nacional onde realizou uma bibliografia de literatura para crianças e jovens em Portugal e organizou numerosas exposições e catálogos sobre Literatura Infantil. Foi assessora da Biblioteca e responsável pela Área de Pesquisa e Informação Bibliográfica.
Foi colaboradora da revista Rua Sésamo de 1990 a 1995.
Em 1990, o seu conto Meninos de todas as cores foi integrado numa maleta pedagógica, organizada pela UNICEF e pela OIKOS.
Escreveu o guião dos vinte e seis capítulos do programa Alhos e Bugalhos, uma série televisiva sobre a língua portuguesa, transmitida pela RTP durante as Comemorações do Ano Europeu das Línguas (2001).
Tem participado em vários projectos que aliam a escrita à música. Em 1999, foi editado um CD com letras suas musicadas por Susana Ralha, intitulado 25, por ser constituído por 25 canções e se integrar na comemoração dos 25 anos da Revolução de 25 de abril. Em 2008, foi publicado o CD, O canto dos bichos, cantado pelo Bando dos Gambozinos, com poemas da autora; em 2011 surgiram O som das lengalengas e Poemas e canções para todas as ocasiões, os dois com cantigas de Daniel Completo.
Tem elaborado para o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, para o Ministério da Educação e Fundação Gulbenkian diversas publicações selectivas da literatura infantil nacional e internacional. Realizou todas as páginas de Internet da Presidência da República para crianças e jovens no mandato do Presidente Jorge Sampaio. (http://www.presidenciarepublica.pt/pt/main.html).
Junto de escolas e bibliotecas desenvolve regularmente ações de incentivo à leitura. Participa frequentemente em colóquios, congressos e encontros, apresentando conferências e comunicações sobre problemática relacionada com os jovens e a leitura e sobre literatura para os mais novos.
É sócia-fundadora do Instituto de Apoio à Criança.
Em 1986 o seu livro 6 histórias de encantar recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças pelo Melhor Texto do Biénio 1984-1985. Dez anos mais tarde foi-lhe atribuído o Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra.
Em 2004 foi nomeada para o Prémio Hans Christian Andersen da IBBY (International Board on Books for Young People. Em 2009, a Sociedade Portuguesa de Autores distinguiu-a com a sua Medalha de Honra. Em 2010, foi proposta pela DGLB como candidata de Portugal ao Prémio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil.
As suas obras encontram-se traduzidas para várias línguas nomeadamente francês, catalão, basco e galego.
Até ao momento, Luísa Ducla Soares publicou cerca de 130 livros.