As princesas do século XXI, retratadas na literatura infantil, são determinadas, divertidas e independentes. Não vivem à janela, enquanto aguardam pelo desejado príncipe, nem confinam os seus dias ao espaço do palácio.
Sentem-se infelizes e aborrecidas quando não têm amigos (A princesa que bocejava a toda a hora, A princesinha corajosa ou Clarinha), praticam atividades pouco próprias de uma menina princesa (A princesa que queria ser rei) e não se conformam com o rumo e a educação que lhes está destinada (Titiritesa).
São imperfeitas fisicamente: podem ter os pés grandes demais (Emília e o chá de tília), podem ser grandes e peludas (A princesa que queria ser rei), ou podem ser quase carecas (A princesa esbrenhaxa). Também surgem com particularidades estranhas (A princesa que não sabia espirrar) ou defeitos que se tornam qualidades, como a princesa que fazia chover e regava as terras secas (A princesa da chuva). Há aquelas que caem do céu e aterram nos braços de simples transeuntes (Que aguaceiro!), as que habitam na lua (A princesa que veio da lua) e aquelas que conseguem voar (A princesa voadora).
Os príncipes já não são os seus heróis: não conseguem curá-las de doenças (Salvem a princesa) nem as levam na garupa do cavalo. O casamento deixou de ser prioritário, sendo até recusado (A princesa espertalhona). No entanto, o amor ainda pode ser o caminho para a felicidade, seja com um príncipe (O país azul), com um poeta (Zulaida e o poeta) ou mesmo com outra princesa (Titiritesa).
As novas princesas têm desejos de governar e de modificar as leis (A princesa que queria ser rei), anseiam por mudar a conceção do mundo (Titiritesa) e são empreendedoras- até a Branca de Neve se modernizou e abriu um restaurante com os anões (A que sabe esta história).
Os autores deram-lhes um carácter mais humano. Elas são mais atraentes, mais divertidas, mais acessíveis e aproximam-se mais das raparigas atuais. Surgiram mesmo coleções dirigidas aos mais pequenos, em que as personagens, na sua maioria princesas, embora pertençam à realeza, têm os problemas das crianças normais: querem a mãe, os sapatos novos ou ser piratas (A princesinha e Histórias esbrenhuxas).
Em suma, as princesas do século XXI adquiriram novas caraterísticas físicas e comportamentais, acompanhando a evolução dos tempos e do papel da mulher na sociedade, mas mantêm o encanto de habitantes do mundo do maravilhoso e do fantástico.

A princesa da chuva
Texto – Luísa Ducla Soares
Ilustração – Fátima Afonso
Edição – Civilização

A princesinha corajosa
Texto – Mário Contumélias
Ilustração – Jorge Brum
Edição – Plátano
A princesa espertalhona
Texto e ilustração – Babette Cole
Edição – Terramar
A princesa esbrenhaxa
Texto – Margarida Castel-Branco
Ilustração – Carla Antunes
Edição – Verbo

A princesa que bocejava a toda a hora
Texto – Carmen Gil
Ilustração – Elena Odriozola
Edição – OQO
A princesa que não sabia espirrar
Texto – José Cãnas Torregrosa
Ilustração – Martinez Rocío
Edição – Everest
A princesa que queria ser rei
Texto – Sara Monteiro
Ilustração – Pedro Serapicos
Edição – Âmbar
A princesa que veio da lua
Texto – Mª João Carvalho
Ilustração – Ana Sofia Gonçalves
Edição – Everest
A princesa voadora
Texto – Miguel Miranda
Ilustração – Simona Traina
Edição – Campo das Letras

A que sabe esta história
Texto – Alice Vieira
Ilustração Carla Nazareth
Edição – Oficina do livro

Clarinha
Texto – António Mota
Ilustração – Júlio Vanzeler
Edição – Gailivro
Emília e o chá de tília
Texto – Alexandra Pinheiro
Ilustração – Sandra Nascimento
Edição – Trinta por uma linha
Quero a minha mãe
Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença
Quero ser pirata
Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

Quero os meus sapatos novos
Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença
O país azul
Texto – Teresa Balté
Ilustração – Alain Corbel
Edição – Porto Editora
Princesas esquecidas ou desconhecidas
Texto – Philippe Lechrmeier
Ilustração – Rebecca Dautremer
Edição – Educação Nacional
Que aguaceiro!
Texto – Raquel Saiz
Ilustração – Maja Celija
Edição – OQO
Salvem a princesa
Texto – Renata Gil
Ilustração – Mª do Rosário Sousa
Edição – Gailivro
Titiritesa
Texto – Xerardo Quintiá
Ilustração – Maurício Quarello
Edição – OQO
Zulaida e o poeta
Texto – José Fanha
Ilustração – Inês Massano
Edição – Gailivro