Lançamento do livro «Julião, o melro-poeta»: entrevista à autora Sofia Fraga


Sofia Fraga nasceu em Lisboa, em agosto de 1981. Trabalha no mundo editorial há mais de dez anos e, em 2016, lançou-se como autora de histórias para crianças, concorrendo com o conto infantil O Sapo Edgar, O Melro-Poeta e A Mosca Zé-Zé ao Prémio Matilde Rosa Araújo, iniciativa da Câmara Municipal da Trofa e do Instituto Camões, tendo sido galardoada com o Prémio Lusofonia. Em 2017, publicou o seu primeiro livro, A tartaruga Celeste e o menino que chorava música, pela editora Minotauro.

Quem conhece a Sofia, sabe que ela é enérgica e despachada. Sabe também que ela trabalha com palavras, mas a essas não as despacha, tendo com elas um cuidado e um carinho que se transmitem nas páginas dos seus livros.

No dia em que a sua segunda obra chega às livrarias, fomos conhecer um pouco melhor a Sofia.

Neste momento em que estás a lançar o teu segundo livro, comecemos pelo princípio. Quando nasceu em ti a vontade de escrever histórias para crianças?

Adorava dizer-te que sempre tive o sonho de escrever para crianças, ou que sempre julguei ter talento para isso, mas a verdade é que esse desejo só surgiu quando o Pedro fez dois anos e lhe comecei a ler algumas histórias à noite. Reparei que ele gostava imenso e senti necessidade de inventar umas historietas. A imaginação alimenta-se a si própria e, quando dei por mim, estava a escrevinhar umas ideias no papel.

Foi nessa altura que concorreste ao Prémio Matilde Rosa Araújo com o conto O Sapo Edgar, o Melro-Poeta e a Mosca Zé-Zé, com o qual ganhaste o Prémio Lusofonia? Qual a sensação de receber tal distinção?

Foi um momento extremamente importante, de viragem até, porque concorria com pseudónimo e iria ter uma avaliação idónea por parte de um júri habituado à área infantil. Não é o mesmo que mostrar os nossos textos a pessoas que gostam de nós e cuja apreciação pode ser condicionada pelos afetos.

E como é que o conto O Sapo Edgar, o Melro-Poeta e a Mosca Zé-Zé evolui para este livro que agora publicas, Julião, o Melro-Poeta?

Mexi apenas numas frases que achei mais rebuscadas e mudei-lhe o título. Tive alguma dificuldade em encontrar o título perfeito.

Queres falar-nos umbocadinho desta obra e deste trio improvável de amigos?

A ideia central do conto era a perseverança, e estas três personagens nunca desistem dos seus sonhos. Acho que foi por isso que os juntei. Três animais de espécies distintas e diferentes dos da sua raça. O melro Julião quer ser poeta (e vai sê-lo, à sua maneira), o sapo Edgar acha que é um príncipe e nada o demove, a mosca Zé-Zé, descendente das tsé-tsé, cai a dormir de meia em meia hora e sonha poder picar alguém na vida e também ela não desiste.

As tuas obras dão sempre muita relevância à amizade, ao respeito pelas diferenças e à importância de nos aceitarmos e amarmos como somos. Sentes que esses são os valores que a literatura pode ajudar a incutir nas crianças?

Acima de tudo, e porque em primeiro lugar escrevo para os meus dois filhos, são esses os valores que gostaria de lhes incutir a eles. E acho que sim, que a literatura, como todas as outras formas de arte, ajudam a divulgar valores, sobretudo se também houver um esforço dos pais no sentido de os ajudar a interpretá-los.

Um livro infantil vive tanto de palavras como de imagens e ilustrações. Como foi trabalhar com o Helder T. Peleja nesta aventura?

Concordo a cem por cento. Aliás, acho que o impacto visual é mais importante até do que o texto. Porque se as ilustrações não forem apelativas ninguém compra o livro. Na área infantil, e nos tempos que correm, o texto vem depois. Adorei trabalhar com o Helder. Ele percebeu as personagens na perfeição e deu-lhes o seu cunho pessoal. Não podia ter escolhido melhor ilustrador para esta aventura.

A tua obra, A tartaruga Celeste e o menino que chorava música, publicada no ano passado, foi a primeira obra de autoria portuguesa a ser publicada pela Minotauro. Lembras-te do primeiro momento em que viste o teu livro nas montras das livrarias? Qual a sensação?

Foi uma sensação única. Seria de esperar que, trabalhando eu na área e habituada a ver os livros a chegarem-nos da gráfica em primeira mão, não estivesse tão ansiosa por ver o meu, mas não. Quando a Sara Lutas, a minha editora, me enviou os meus exemplares, foi incrível. E depois vê-lo nas livrarias, sem palavras… Melhor do que isso só quando vejo fotos dos mais novos a ler o meu livro…

Como é o teu processo de criação artística? Trabalhar no mundo editorial ajuda-te de alguma forma?

Estes dois primeiros livros escrevi-os de rajada. Todos os momentos livres passava-os no café a escrever. Entretanto, já tenho outro conto, mas o processo de criação foi diferente, os conceitos talvez mais estudados. Trabalhar no meio editorial é sem dúvida uma mais-valia. Primeiro, porque leio todos os dias, quase sem exceção, depois porque leio bons autores, com os quais aprendo imenso.

O que gostarias de dizer às crianças que começam agora a ler os teus livros?

Que espero que gostem! Que sejam uma porta para outros livros.

E, como mãe de dois filhos pequenos, que conselhos darias aos pais na relação dos seus filhos com a literatura?

Para começarem cedo. As crianças têm uma imaginação fértil, mas ela tem de ser trabalhada. Quanto mais cedo lhes derem a ler, mais eles gostarão de ler. E igualmente importante é encontrarem um livro de que eles gostem, porque as leituras se vão aprofundando com o tempo.

Queres convidar os nossos leitores a irem ao lançamento do Julião, o Melro-Poeta?

Sim! Adoraria que aparecessem para conhecer este trio e eu vos conhecer. Muito obrigada!


Eis a história do Julião,
um melro que quer ser poeta.
Todos o acham trapalhão
e há quem diga que é pateta.

Três amigos improváveis viajam juntos na floresta: uma mosca que cai redonda a dormir a cada passo, um melro que mais do que tudo quer ser poeta e um sapo convencido de que é realeza. Dirigem-se para um concurso, mas é a própria viagem a verdadeira descoberta.

Lançamento dia 13 de novembro, às 18h30, na Livraria Almedina Atrium Saldanha.

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