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Livros infantis de Julie Andrews adaptados a televisão

veryfairyprincess Julie Andrews encantou muitas crianças como a ama mágica Mary Poppins, que dava uma colher de açúcar para ajudar a tomar o remédio, e como Maria, em Música no Coração, com a sua voz doce e a sua alegria contagiante. Mas não foi só no cinema e na televisão que a versátil atriz desenvolveu a sua carreira. Além de atriz e cantora, Andrews tornou-se também autora de literatura infantil. veryfairyprincess_capa Entre vários outros livros, escreveu, em parceria com a filha, Emma Walton Hamilton, uma série infantil chamada The Very Fairy Princess, sobre uma menina chamada Geraldine que vive o seu dia a dia como uma princesa fada. Foram já publicados oito volumes, com o nono, intitulado The Very Fairy Princess: A Spooky, Sparkly Halloween, a ser lançado no outono. A série é já considerada um clássico infantil e será agora adaptada a televisão. A produção ficará a cargo de um estúdio canadiano, a Nelvana Enterprises, e a estreia está prevista para 2016.

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RICHARD DREW / THE ASSOCIATED PRESS FILE PHOTO

«Eu e a Emma não podíamos estar mais entusiasmadas em fazer esta parceria com a Nelvana», contou Andrews. «Estes livros são uma celebração à individualidade. Esperamos encorajar crianças a sentirem-se felizes com as suas paixões e os seus talentos únicos, mesmo que essas paixões e esses talentos sejam diferentes dos da sua família ou dos amigos, e a Nelvana é a parceira perfeita para levar a nossa querida Princesa a uma audiência mais alargada.»

Para saber mais sobre esta série de livros poderá visitar a página oficial em www.theveryfairyprincess.com.

Notícia daqui.

INSURGENTE: uma adaptação brilhante ou demasiado livre?

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por Alexandra Martins

A adaptação para a tela do livro Insurgente, de Veronica Roth, chegou aos nossos cinemas no passado dia 19 de março, embora com menos pompa e circunstância do que o esperado, talvez por partilhar a data de estreia com o filme Cinderela, da Disney. Ainda assim, os teasers e os trailers já tinham deixado o bichinho da curiosidade e o filme tem tido uma boa adesão por parte do público, em grande parte graças aos leitores desta trilogia, que não perdem a oportunidade de ver os seus heróis no grande ecrã.

E, à semelhança do que já tínhamos visto com o filme Divergente, esta é uma adaptação bastante livre da história que nos conta Roth. Com uma equipa de guionistas e um realizador (Robert Schwentke) novos, aposta-se acima de tudo num filme muito gráfico, muito visual, com cenas a roçar o surreal (por exemplo, aquela que já vimos no teaser trailer, com Tris a tentar salvar a sua mãe num cenário pós-apocalíptico). Embora isso dê uma nova dinâmica ao filme, a verdade é que a forma como a história é contada nada tem de fiel ao livro, no qual somos confrontados também com muitos momentos de introspeção por parte da protagonista. Da mesma forma, personagens que, no livro, têm muito relevo e importância para o desenrolar da história, no filme são relegadas para segundo plano, inclusive as personagens de Marcus Eaton e da sua mulher, Evelyn, que todos julgavam morta e que é uma das maiores surpresas deste segundo volume da saga ao revelar-se como a líder dos Sem Fação.

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Num mundo em que tudo acontece em rápida sucessão, admito que senti a falta do desenvolvimento pessoal das personagens, principalmente das personagens principais. Queria ter visto mais crescimento da Tris, do Four, até do Caleb. A interação entre eles, o evoluir das suas relações, o aprofundar ou quebrar dos laços que os unem… faltou olhar um pouco mais para a forma como estas relações moldam (e irão moldar) a história.

Quem leu o livro e viu agora o filme terá certamente sentido o mesmo, bem como alguma surpresa com as voltas diferentes que a narrativa sofreu. O final, só por si, leva-nos a perguntar o que estará reservado para o terceiro filme desta saga, já que segue um rumo muito diferente daquele que nos foi mostrado no livro.

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Assim, resta-nos esperar pelo próximo ano, para finalmente ficarmos a conhecer o final desta trilogia que, não sendo fiel aos livros, se torna uma completa incógnita para o espetador. Será uma adaptação brilhante, ou deixará uma onda de desilusão no ar, como o fez o livro Convergente?

Paixão pelo livro

Ilustração de Jimmy Liao in «El sonido de los colores»
Ilustração de Jimmy Liao in «El sonido de los colores»
por Ana Ramalhete

Podemos escolher um livro por questões emocionais: sensibilidade, atracção, identificação, conhecimento, afeição; por questões gráficas: ilustração, textura, composição, padrão, forma, coerência; por questões literárias: texto, língua, conteúdo, estilo, originalidade; por questões práticas: preço, disponibilidade, oportunidade, acessibilidade; ou por questões inadiáveis, como a urgência do amor ou o apelo irresistível da paixão.

Ilustração de Jimmy Liao in «La noche estrellada»
Ilustração de Jimmy Liao in «La noche estrellada»

Quando as capas chamam por nós
Quando as guardas nos contam histórias
Quando o título nos acerta no coração
Quando sustemos a respiração ao olhá-lo
Quando queremos deslizar a mão pela capa
Quando não sabemos o porquê de tanta exaltação
Isso é paixão
Paixão pelo livro!

Ilustração de Jimmy Liao in «El sonido de los colores»
Ilustração de Jimmy Liao in «El sonido de los colores»

Andersen, o patrono do Dia Internacional do Livro Infantil

HANS CHRISTIAN ANDERSEN

por Sofia Pereira

No dia 2 de abril, comemora-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen. A partir de 1967, este dia passou a ser designado por Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção para a importância do livro e da leitura no desenvolvimento das crianças.

Hans Christian Andersen nasceu a 2 de abril de 1805, na Dinamarca, e deixou-nos um legado enorme de narrativas encantadoras. Mas há todo um conjunto de curiosidades da vida deste contador de histórias que muitos leitores desconhecem e que partilhamos hoje aqui:

– Andersen nasceu na cama dos seus pais, feita a partir do caixão de um Conde.

– A cidade natal de Andersen, Odesen, fica numa linda ilha verde. Talvez tenha sido esse ambiente o grande impulsionador para desde sempre gostar de contemplar a natureza.

– Criança sonhadora, desde muito novo, acreditou que seria famoso.

– O pai de Andersen era sapateiro e lia-lhe muitas histórias, como peças de teatro e contos. A morte prematura do pai obrigou-o a crescer muito rápido.

– Quando acompanhava a avó ao asilo, escutava contos de fadas.

– Enquanto era jovem, acreditava que o palco era a sua vocação, nas áreas do teatro ou da dança.

– O seu livro preferido era As 1001 Noites.

– Andersen era pobre, mas adorava viajar em diferentes meios de transporte (carruagem, mula ou cavalo, comboio); por essa mesma razão, conheceu muitas pessoas famosas e escreveu muitos diários de viagem com desenhos.

– Na viagem mais longínqua que fez (Turquia), o escritor levou uma corda para fugir em caso de incêndio.

– Entrou na Universidade aos vinte e três anos, através do auxílio de amigos, que lhe pagaram os estudos.

– Andersen publicou os seus primeiros contos de fadas em 1835.

– A partir de 1837, todos os anos, publicou livros de contos pelo Natal.

– Andersen adorava música, sobretudo ópera.

– O fogo e a mesquinhez eram das coisas que mais o desagradavam.

– No dia em que completou setenta anos de vida, a sua cidade natal foi iluminada em sua homenagem.

– Andersen escreveu 156 contos e muitos outros livros (romances, peças de teatro, autobiografias, entre outros), que estão traduzidos em mais de cem idiomas.

– Hans Christian Andersen foi um dos escritores que visitaram o nosso país.

O escritor viveu setenta anos, mas a sua obra faz perpetuar entre nós a sua vitalidade.

Mais informações sobre o autor aqui.

Aproveitamos também para deixar algumas sugestões de leitura de livros do autor:

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O Rei Vai Nu, Ilustração Anastassija Archipowa, Everest Editora

«Livro recomendado para o 3.º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma. Era uma vez um rei que gastava todo o seu dinheiro em roupa. Um dia apresentaram-se diante dele dois impostores que se faziam passar por alfaiates. Diziam que não só conseguiam fazer trajes muito bonitos, com cores e padrões maravilhosos, como também eram capazes de dotá-los de uma qualidade extraordinária: ficavam invisíveis diante de qualquer pessoa que não fosse qualificada para o cargo que ocupava…»

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Três Contos de Andersen, O Rouxinol – A Princesa e a Ervilha – Os Sapatos Vermelhos, Texto Editores

«Livro recomendado para o 4.º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada – Grau de Dificuldade I. Três contos famosos de Hans Christian Andersen – O Rouxinol, A Princesa e a Ervilha e Sapatos Vermelhos –, que são de leitura obrigatória. Por isso, estes contos fazem parte das Metas Curriculares de Português para o Ensino Básico e são recomendados pelo Plano Nacional de Leitura.»

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O Soldadinho de Chumbo, Ilustrações Teresa Lima, prefácio José Jorge Letria, Dom Quixote

«Livro recomendado para o 4.º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada – Grau de Dificuldade I.»

Hoje é dia da festa do livro infantil!

Os livros são para encontrar, para abrir, para folhear, para desvendar, para explorar, e para fechar e para rever e reencontrar. Os livros são janelas que se abrem devagarinho, apreciando a lufada que trazem quando se lhes descobre a paisagem, página a página. Hoje celebra-se o Dia Internacional do Livro Infantil – são aqueles livros em que tudo começa: a imaginação, o conhecimento, o futuro.

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Levanta-se o pano e começa o teatro!

teatro

por Sofia Pereira

No passado dia 27 de março celebrou-se o Dia Mundial do Teatro.

O teatro teve origem na Antiguidade Clássica, no século V. a.C., e era representado nos festivais anuais em honra de Dionísio, deus das festas e do vinho, e em jogos públicos, para divertimento do povo. Os textos abordavam géneros específicos – a tragédia e a comédia – e, mais do que provocar o riso, serviam para distrair os populares das desgraças e criticar os costumes da sociedade. Sófocles, Ésquilo e Eurípides, na tragédia, e Aristófanes e Plauto, na comédia, foram dos autores que mais se destacaram e influenciaram, posteriormente, os dramaturgos que se lhes seguiram.

Ao longo dos tempos, o teatro afirmou-se como um importante veículo de comunicação e transmissão de ideias sociais, culturais, políticas, económicas e educativas, evoluindo em termos de representação e géneros teatrais (farsa, auto, melodrama, tragicomédia, musical, entre outros). Não é, portanto, de questionar a sua vitalidade até aos dias de hoje.

Pese embora o objetivo primordial ser despertar sentimentos e emoções nos espetadores, o teatro procura ser também um suplemento da vida, mantendo à distância o mal e a desgraça, mas pretende ainda apresentar em cena intrigas, com intuito pedagógico e moralizante, que levem à reflexão grandes questões do Homem e da sociedade: a educação, a dignidade humana, a religião, o respeito e a política.

A leitura e a representação de textos de teatro revelam-se uma importante forma de aprendizagem e de crescimento para as crianças e os jovens, uma vez que favorece a auto-estima, a criatividade e a imaginação, estimula a relação interpessoal, a criação de histórias, personagens e jogos de imitação, e desenvolve a comunicação verbal e não-verbal.

Para assinalar o Dia Mundial do Teatro, deixamos aqui a sugestão de alguns livros de teatro, para ler, para partilhar, para representar:

POLEGARZINHO

Polegarzinho, de João Paulo Seara Cardoso, ilustração de Júlio Vanzeler, Campo das Letras

«Esta peça foi escrita especialmente para o Teatro de Marionetas do Porto e representada pela primeira vez em 25 de Maio de 2002, no Balleteatro Auditório. O texto inspira-se livremente nas versões clássicas do Polegarzinho escritas por Joseph Jacobs, Perrault, Grimm e Andersen e ainda nas versões aculturadas de que Tom Thumb (Inglaterra), Tom Poucet (França) e João Polegar (Portugal) são alguns exemplos.»

HOJE TAMBÉM HÁ PALHAÇOS

Hoje Também Há Palhaços, de Maria Alberta Menéres e António Torrado, ilustração de Nikola Raspopovic, Edições Asa

«É assim que, depois de Hoje Há Palhaços, a ASA lança agora Hoje Também Há Palhaços, segundo título de uma série assinada por António Torrado e Maria Alberta Menéres que reúne em livro vários dos sketches televisivos que ambos escreveram há já vários anos para a RTP, em torno das aventuras e desventuras dos simpáticos Anacleto e Emilinho.   Com textos muito engraçados, adequados sobretudo aos 1º e 2º ciclos de escolaridade, e ilustrações bem apelativas da autoria de Nikola Raspopovic, Hoje Também Há Palhaços vem assim pôr à disposição de professores, dinamizadores de tempos livres e educadores em geral mais um conjunto de textos dramáticos que estes poderão trabalhar com as crianças, dando-lhes a possibilidade de subirem aos palcos das escolas, associações recreativas e casas de espectáculos, em actividades teatrais infantis de manifesto interesse lúdico-didáctico.»

Espanta-Pardais - capa

Espanta-Pardais, de Maria Rosa Colaço, ilustração de Albino Moura, Vega

«Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 3.º Ano de escolaridade. Leitura com apoio do professor. Espanta-Pardais é unanimemente aclamado como a maior obra infantil da literatura portuguesa do século XX. A procura que tem tido, a multiplicidade de trabalhos escolares que tem gerado, as várias representações teatrais, quer pelos alunos das escolas quer por companhias teatrais, a quantidade de referências que tem suscitado, tudo aponta nesse sentido. A odisseia poética do Espanta-Pardais apostado em ser pessoa real, Maria Primavera e o Pássaro Verde são personagens inesquecíveis, e as suas aventuras na Estrada-Larga ficaram na memória de muitas gerações de leitores.»

OS PIRATAS

Os Piratas, de Manuel António Pina, Porto Editora

«Livro Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 6.º Ano de Escolaridade. Leitura Orientada. E se, de repente, te visses a bordo de um navio de piratas? Não fazes ideia de como foste lá parar, só sabes que tens de salvar a tua mãe, mas o Capitão toma-te por um dos seus grumetes… No meio do desespero, acordas e pensas que tudo não passou de um terrível pesadelo. Mas logo te apercebes que ainda trazes na cabeça o lenço vermelho de pirata… Terá sido sonho ou realidade?»

OS HERDEIROS DA LUA DE JOANA

Os Herdeiros da Lua de Joana, de Maria Teresa Maia Gonzalez, Pi

«Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 8.º Ano de escolaridade. Leitura orientada na Sala de Aula. Grau de dificuldade I. A partir do livro A Lua de Joana, escreveu Maria Teresa Maia Gonzalez esta peça de teatro onde vamos encontrar as suas personagens no momento do luto pela perda irreparável que sofrera. Confrontam-se entre si, transmitindo uma advertência contra o uso de drogas que é cada vez mais importante nos tempos que correm. Se gostaste de A Lua de Joana, não vais querer deixar de ler este livro. A Lua de Joana é um dos maiores sucessos de sempre na literatura juvenil portuguesa. A sua leitura por centenas de milhares de jovens, pais e professores do país impôs a escrita pela autora desta peça, possibilitando assim que muitos deles a encenem e possam, como no livro, debater e prevenir o uso das drogas.»

HISTÓRIA BREVE DA LUA

História Breve da Lua, de António Gedeão, Porto Editora

«Livro Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 8.º Ano de Escolaridade. Leitura Orientada. Vou contar-vos uma história que espero que vos agrade. Diz essa história que outrora a superfície da Lua não era como é agora… Descobre a história (breve) da Lua, nesta divertida peça escrita em verso, com um toque sublime de imaginação.  A Coleção Educação Literária reúne obras de referência da literatura portuguesa e universal indicadas pelas Metas Curriculares de Português e pelo Plano Nacional de Leitura.»

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In Nomine Dei, de José Saramago, Editorial Caminho

«Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal, estará mais bem dotado para o governo da vida? “Não faz sentido?” “Se os cães tivessem inventado um Deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao nome a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo-d’Alsácia? E no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado do seu canino Deus?” Estas considerações podiam ser tomadas como ofensivas, mas José Saramago trata de se defender: “Não é culpa minha nem do meu discreto ateísmo se em Münster, no século XVI, como em tantos outros tempos e lugares, católicos e protestantes andaram a trucidar-se uns aos outros em nome de Deus – ‘In Nomine Dei’ – para virem a alcançar, na eternidade, o mesmo Paraíso.” “Os acontecimentos descritos nesta peça representam, tão só, um trágico capítulo da longa e, pelos vistos, irremediável história da intolerância humana”, explica o autor. “Que o leiam assim, e assim o entendam, crentes e não crentes, e farão, talvez, um favor a si próprios. Os animais, claro está, não precisam.” (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998)»

JÚLIO CÉSAR

Júlio César, de William Shakespeare, Cotovia

«Júlio César quer o poder numa Cidade que sabe estar minada pela podridão, pela intriga, pela alienação. A Tragédia de Júlio César, título com que a peça nos aparece na sua primeira edição, é a tragédia de quem assume o poder sabendo que não pode ser justo quem governa um mundo injusto, e assim se condena à morte. Por ambição, como dizem os honestos? Não importa. Quem quiser reinar num mundo injusto terá de ser tirano. E por ser tirano será abatido. E sendo abatido dará lugar a nova tirania, mais injusta do que a sua, numa Cidade que o terá abatido menos para se purificar que para esconjurar uma culpa que é incapaz de reconhecer. Mais do que a tragédia de um homem ou a tragédia do poder, A Tragédia de Júlio César é a tragédia da própria Cidade, da própria vida política de todos os seus cidadãos. Júlio César é a tragédia de Roma. E Roma é a Cidade, é a vida em comum dos homens.»

Feliz Dia Mundial do Teatro!

«Rosa, Minha Irmã Rosa», leitura imprescindível

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por Alexandra Martins

Mea culpa. Eu, que cresci a devorar todos os livros infantojuvenis que me apareciam à frente e que li coleções inteiras, nunca tinha lido este livro – Rosa, minha irmã Rosa, de Alice Vieira. Agora, aos 28 anos, este livro veio parar-me às mãos e eu decidi dar-lhe uma vista de olhos. E fiquei encantada com o que descobri naquelas páginas. A história em si é simples, não pretende ser mais do que o retrato de vida de uma família e do seu dia a dia, visto pelos olhos de Mariana que, aos dez anos, descobre que vai ter uma irmãzinha, o que abala toda a sua estrutura familiar e o seu mundo.

A forma como Mariana nos conta a sua história, os seus pensamentos e, mais importante, os seus sentimentos em relação a esta nova realidade é de uma franqueza e de uma inocência enternecedoras. Nas páginas do livro, não encontrei as palavras da autora, mas sim as palavras daquela menina de dez anos, a sua realidade e o seu olhar sobre as verdades da vida. Um olhar atento, mas nem sempre capaz de captar as subtilezas do mundo adulto, o que leva a reflexões interessantíssimas sobre a sociedade e a sua família. Diz Mariana: «Se não formos nós a educar os nossos pais, quem é que os educa? Se não formos nós a ensinar-lhes certas coisas, quem é que os ensina?». E, na verdade, com a chegada de Rosa à vida desta família, não vai ser só Mariana a aprender coisas novas, mas também os seus pais, a sua avó Elisa, até a Tia Magda. Mas é na Mariana que vemos a maior transformação, é o seu lento despertar para a realidade do que significa ser irmã (mais velha) e do que significa amar outro ser com todas as nossas forças, que encontramos o fio condutor desta narrativa. Rosa começou por ser uma intrusa que veio roubar as atenções de todos, até roubar também as de Mariana, e esta perceber que, afinal, também ama a sua irmãzinha, mesmo que ela seja demasiado pequena para poder brincar com ela e que ainda vá demorar muito tempo para crescer.

Eu também sou irmã mais velha. Não me lembro de ter reagido da mesma forma que a Mariana à chegada da minha irmã, mas consegui criar uma grande empatia com a menina de dez anos que, de um momento para o outro, se tornou irmã. Porque o amor nem sempre é instantâneo, mas quando nos tornamos irmãos, o amor que surge, quando surge, é mesmo para sempre.

Uma leitura imprescindível para todos, sejam miúdos, ou graúdos que, como eu, não tiveram oportunidade de ler este maravilhoso livro antes.

O VIII Festival Internacional de Contadores de Histórias

A Associação Cultural Partilha Narrativa, em parceria com a Livraria GATAfunho, em Oeiras, organiza o VIII Festival Internacional de Contadores de Histórias, entre 9 e 12 de abril. É a primeira vez que este festival passa por Portugal e contará com grandes nomes da narração oral, como Martha Escudero (México),  José Manuel Garzón (Espanha) ou Ana Sofia Paiva (Portugal).  Intitulado «De bouche à oreille et de boca à boca» este festival vem proporcionar ao público português «a recordação de histórias tão nossas, ao mesmo tempo que se descobrem contos de outras culturas», como nos contam os organizadores.

Todas as informações sobre o evento encontram-se aqui.

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