Category Archives: CATARINA ARAÚJO

Raiva, cinzas, asteróides, o Diabo e o amor…

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Aqui ficam alguns dos títulos para adolescentes que andam a causar sensação lá fora. Vão desde o realismo contemporâneo, ao thriller, à fantasia histórica e ao apocalíptico.

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All The Rage, de Courtney Summers

«O filho do xerife, Kellan Turner, não é o menino de ouro que todos pensam e Romy Grey sabe bem disso. E por ninguém querer acreditar numa rapariga que vem do lado errado da cidade, a verdade costou-lhe tudo – os amigos, a família, a comunidade. Marcada como mentirosa e maltratada pelo grupo de amigos com quem costumava andar, o único refúgio de Romy é o restaurante onde trabalha e que fica fora da cidade. Lá ninguém a conhece, nem sabe do seu passado, e pode finalmente ser anónima. Mas quando uma rapariga com ligação a Romy e a Kellan desaparece após uma festa, e notícias vêm a lume de que ele poderá ter agredido outra rapariga numa cidade ali perto, Romy terá de decidir se quer lutar ou se irá carregar o fardo de saber que mais raparigas serão atacadas se ela não falar. Afinal de contas, ninguém acreditou nela antes – e certamente não acreditarão agora – mas o custo do seu silêncio poderá ser maior do que aquele conseguirá alguma vez suportar.»

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We All Looked Up, de Tommy Wallach

«Antes do asteróide deixávamo-nos ser definidos por rótulos: o atleta, o marginal, o mandrião, o sabichão.

Mas quando olhámos para cima, tudo mudou.

Disseram que chegaria em dois meses. Isso deu-nos dois meses para deixarmos os rótulos de lado. Dois meses para sermos maiores do que alguma vez fomos. Para sermos algo que perdurasse depois do fim.

Dois meses para viver. De verdade.»

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An Ember in The Ashes, de Sabaa Tahir

«De acordo com a lei do Império Marcial, a punição para a desobediência é a morte. Aqueles que não consagram o seu sangue e o seu corpo ao Imperador arriscam-se a que as pessoas que amam sejam executadas.

É neste mundo brutal, inspirado na Roma Antiga, que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. A família sobrevive nas ruas empobrecidas do Império. Eles não desafiam o Império. Eles viram o que acontece àqueles que se atrevem a fazê-lo.

Mas quando o irmão de Laia é preso por alta traição, Laia é forçada a tomar uma decisão. Em troca da ajuda dos rebeldes, que prometem salvar o irmão, ela terá de arriscar a vida como espia no seio da maior academia militar do Império.

Aí, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia – e também, secretamente, o mais reticente. Tudo o que Elias quer é libertar-se da tirania que ele está a treinar para impor. Rapidamente, tanto Elias como Laia irão descobrir que os seus destinos estão cruzados – e que as suas escolhas irão alterar para sempre o destino do próprio Império.»

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The Devil You Know, de Trish Doller

«Aos dezoito anos, Arcadia quer aventura. Vive numa pequena cidade da Florida com o pai e o irmão mais novo, de quatro anos, e passa o tempo no trabalho, na escola, e a cuidar da família. Quando conhece dois primos bem-parecidos numa festa da fogueira, finalmente tem a oportunidade de se divertir. Eles convidam-na a ela e a uma amiga a juntarem-se a eles numa viagem de carro – exatamente aquilo que ela procurava para poder escapar. Mas se ao princípio é tudo muito divertido, rapidamente a jornada se transforma num pesadelo quando Arcadia descobre que um dos primos não é bem aquilo que parece. Um deles tem intenções mortíferas.»

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Emmy & Oliver, de Robin Benway

«O melhor amigo de Emmy, Oliver, reaparece depois de ter sido raptado pelo pai dez anos antes. Emmy espera que eles retomem a relação onde ela ficou, mas depois de dez anos fora, pensando que o pai era o herói da história, Oliver tem muita coisa que precisa de compreender.»

A livraria Salta Folhinhas, no Porto

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por Catarina Araújo

Abriu há mais de dez anos e foi a primeira livraria infantil a abrir no Porto, tendo já criado história nas pessoas que por lá passam todos os dias, pequenos e crescidos. Damos hoje a conhecer a livraria infantil e juvenil Salta Folhinhas.

Apresente-se!
Olá, sou a Teresa Cunha, livreira da livraria Salta Folhinhas e engenheira eletrotécnica de formação.

Porque resolveram abrir uma livraria infantil?
Trabalhei alguns anos na minha área de formação: engenharia. Durante esses anos fui mãe de três rapazes e, sentindo-me frustrada profissionalmente, decidi tomar a tempo inteiro o lugar de mãe e de trabalhadora doméstica. Vida árdua, cansativa, mas que me deu, e ainda me dá, todos os dias, muitas alegrias. Estando os filhos grandes e mais autónomos, decidi fazer aquilo que sempre sonhei fazer – trabalhar para e com as crianças – e nada melhor do que acrescentar a esse mundo os livros. Assim, com o apoio da minha cunhada e sócia Isilda Monteiro, abrimos a Salta Folhinhas, a primeira livraria infantil no Porto.

Como desenvolveram o espaço?
O espaço estava há muitos anos fechado, ficava perto da escola que os meus filhos frequentaram e, melhor ainda, ficava perto de casa. É um bairro residencial em que as ruas têm nomes de escritores e onde encontramos vários colégios e infantários. A loja tinha uma ótima área e permitiu criar dois espaços: a livraria e a sala das histórias. Nessa sala acontecem horas do conto, oficinas, espetáculos, festas de anos… um sem fim de atividades. Com o apoio de uma equipa de jovens arquitetos, apareceu na Salta Folhinhas um espaço em que os livros estão acessíveis a todos, mesmo aos mais pequenos.

Como é a receção das pessoas? Como tem sido o impacto na comunidade?
Já cá estamos há dez anos e picos (quase, quase onze) e o público está sempre a mudar, uns crescem outros nascem outros mantêm-se para sempre. Somos uma loja de bairro em que frequentemente alguém entra só para conversar ou dizer olá ou oferecer uma prenda (uma pedrinha, um desenho, um abraço ), ouvem-se histórias, contam-se histórias, e assim se criam laços de amizade que ficam, creio eu, para sempre

Que atividades desenvolvem?
A livraria oferece sessões de contos para famílias, normalmente ao sábado; sessões de contos para grupos escolares mediante marcação prévia; sessões com autores e, ou ilustradores; exposições de ilustração; festas de anos com estórias que ficam na história para crianças dos três aos dez anos; oficinas de várias expressões: plástica, escrita, dramática, musical…; fornecemos livros para feiras do livro em escolas; no nosso espaço funciona também a Escola de Narração Itinerante Clara Haddad com oficinas de narração para adultos.

Sentem-se como missionários da leitura? Ou seja, com tão poucos espaços dedicados exclusivamente à literatura para crianças, sentem que podem providenciar um serviço diferente que vá direto ao público infantil e aos pais, e que os outros espaços, livrarias, lojas, não podem oferecer?
Claro que sim. Poder ajudar a encontrar o livro certo para uma criança e depois ter o retorno é muito gratificante. Para mim um bom livro é aquele que nos dá gosto ler … Um bom livro não é o mesmo para todas as crianças o desafio é conseguir juntar o livro ao leitor.

E, por fim, um convite aos nossos leitores!
Um convite…
Não percam em julho, nos dias 24, 25 e 26, o Festival Um Porto de Contos, que acontece na Casa das Artes, Casa Allen e jardins mesmo aqui ao nosso lado na Rua António Cardoso. A Salta Folhinhas está lá. Para saber mais podem visitar o site www.umportodecontos.com.

A livraria está sempre aberta à segunda, das 14h30 às 19h30, e de terça a sábado apenas descansamos das 19h30 da tarde às 10h00 da manhã do dia seguinte. Consultem a nossa programação mensal em www.saltafolhinhas.pt.

Bibliotecas misteriosas, mundos paralelos e raparigas geeks…

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por Catarina Araújo

Gosto muito de acompanhar o que se publica lá fora e nas minhas leituras encontro sempre novos títulos que me vão despertando a curiosidade. Aqui ficam alguns dos livros que mais burburinho têm desencadeado nos meandros da literatura juvenil e jovem adulta estrangeira, neste caso anglo-saxónica.

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The Princess in Black, de Shannon Hale, ilustrações de Dean Hale e LeUyen Pham

Muito se tem falado ultimamente de questões de género. Antes proliferavam – e ainda continuam –, os brinquedos específicos para meninas e para meninos, em que para as raparigas imperava o cor-de-rosa e as histórias de princesas e de fadas, enquanto para os rapazes o tom corrente era o azul e as histórias de heróis, etc., deixando para segundo plano o conteúdo, os interesses comuns a ambos os géneros. Ultimamente, promove-se muito o estereótipo da heroína dura, que troca os vestidos por umas calças e a varinha mágica por uma espada ou um arco e uma flecha. Este livro vem quebrar um pouco essa corrente e mostrar que as raparigas podem ser heroínas, sem deixarem de ser femininas, e que as suas histórias podem ser apelativas também para os rapazes.

«Quem disse que as princesas não se vestem de preto? Quando os monstros aparecem, a Princesa Magnolia larga os seus vestidos de folhos e transforma-se na Princesa de Negro.

Deter monstros não é tarefa para princesas, mas a Princesa Magnolia tem um segredo: ela é a Princesa de Negro, e parar os monstros é o trabalho perfeito para ela! Será que consegue escapar-se do palácio, transformar-se no seu alter-ego e derrotar o monstro antes que a Duquesa descubra o seu segredo?»

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Escape from Mr. Lemoncello’s Library, de Chris Grabenstein

A história apresenta-se como um cruzamento entre Charlie e a Fábrica de Chocolate e À Noite no Museu, escrita pelo premiado Chris Grabenstein. Uma escrita cheia de humor e de personagens peculiares.

«Kyle Keely é o bobo da turma, popular entre a maioria dos colegas e um fã ardente de todo o tipo de jogos: jogos de tabuleiro, palavras-cruzadas, e, principalmente, videojogos. O seu herói, Luigi Lemoncello, o mais notório e criativo criador de jogos do mundo, é o génio por detrás do edifício onde fica instalada a nova biblioteca da cidade.

Kyle ganha um lugar entre as primeiras doze crianças a visitarem a biblioteca, numa noite que promete ser de grande diversão, com comida deliciosa e muitos jogos. Mas quando a manhã chega e, ao tentarem sair, encontram as portas ainda trancadas, Kyle e os outros vencedores terão de resolver todas as pistas e todos os puzzles secretos para encontrar a saída de emergência escondida. O desafio é grande e a parada é alta.»

 

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Magonia, de Maria Dahvana Headley

É lançado mundialmente daqui a dois dias, mas há alguns meses que o buzz é alto, com críticas muito boas. A história é uma mistura de Stardust, de Neil Gaiman, com A Culpa É das Estrelas, de John Green.

«Aza Ray mal consegue respirar.

Desde bebé, Aza sofre de uma doença pulmonar misteriosa que lhe dificulta a respiração, que quase a impede de falar, de viver.

Quando Aza avista um estranho navio no céu, a família atribui essa visão a um efeito secundário da medicação que ela toma. Mas Aza não acredita que seja uma alucinação. Ela consegue ouvir alguém na nave a chamar por ela.

Só o melhor amigo dela, Jason, acredita nela. Ele, que sempre esteve do seu lado. Jason, por quem ela começa a sentir mais do que amizade. Mas antes que Aza possa considerar a ideia de um relacionamento, algo corre terrivelmente mal. Aza vai parar a um sítio estranho. Magonia.

Acima das nuvens, Aza deixa de ter dificuldade em respirar e de se sentir à beira da morte. Em Magonia, ela consegue respirar normalmente pela primeira vez. Melhor ainda, descobre que tem um grande poder. Mas enquanto navega na sua nova vida, Aza apercebe-se de que há uma guerra prestes a acontecer. Magonia e a Terra estão à beira de um confronto catastrófico.

O futuro da humanidade está nas mãos de Aza, incluindo o rapaz de quem ela gosta. Mas para onde penderá a sua lealdade?»

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Geek Girl, de Holly Smale

Geek Girl é uma série para adolescentes que pega num tema juvenil recorrente e rompe com alguns estereótipos, conferindo-lhes uma nova perspetiva, com o humor típico britânico.

«Harriet Manners sabe muitas coisas.

Ela sabe que um gato tem 32 músculos em cada orelha, que um «minutinho» dura 1/100 de segundo, que uma pessoa ri-se em média 15 vezes por dia. O que ela não percebe é porque é que ninguém na sua escola parece gostar muito dela. Por isso quando é «descoberta» por uma agente de supermodelos, Harriet agarra a oportunidade de se reinventar. Mesmo que isso signifique roubar o sonho da sua melhor amiga, provocar a ira da sua arqui-inimiga Alexa, e humilhar-se diante do atraente supermodelo Nick. Mesmo que isso signifique mentir a todos aqueles que ela ama.

À medida que Harriet vai passando de um desastre de alta costura para o outro, com a ajuda do seu muito entusiasmado pai e um stalker super geek chamado Toby, ela começa a perceber que o mundo da moda não gosta muito mais dela do que o mundo real em que vivia.

Quando a sua vida antiga começa a desmoronar-se, será que Harriet irá conseguir transformar-se antes que dê cabo de tudo?»

«O país a falar sobre livros para crianças»

(c) Público
(c) Público

Nós gostamos quando os portugueses se põem a falar pelos cotovelos de livros para crianças. O jornal Público fez uma recolha dos eventos que vão decorrer por todo o país, nos próximos meses, com a literatura infantil e juvenil como tema central.

«Os livros continuam a ser um dos melhores veículos de estímulo ao pensamento e reflexão, sem esquecer que enriquecem o vocabulário, exercitam a concentração e dão um prazer difícil de descrever a quem nunca o experimentou. As escolas e as bibliotecas sabem disso. E os municípios também já o descobriram. Por isso apoiam cada vez mais iniciativas de promoção da leitura para toda a família.»

Para conhecê-las é ir aqui.

Madame Doubtfire – o livro que inspirou o filme

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por Catarina Araújo

Mrs. Doubtfire é daqueles filmes de família que pais e filhos que cresceram na década de 1990 recordam com carinho, ainda mais porque hoje em dia são uma raridade. A inocência, a palermice, o afeto, o humor, são ingredientes que ajudaram a torná-lo um clássico da cinematografia americana. Grande parte do sucesso do filme deveu-se, no entanto, à interpretação de Robin Williams no papel da excêntrica ama Doubtfire, personagem que tem origens literárias. O argumento do filme foi baseado num livro intitulado Madame Doubtfire, escrito por Anne Fine, uma autora britânica galardoada com inúmeros prémios. A premissa é a mesma do filme – um pai divorciado disfarça-se de ama para poder estar perto dos filhos –, mas o tom da história será bem diferente, mais sério, sendo que o livro é direcionado para adolescentes e jovens adultos. Trata-se de um retrato mais cru do divórcio e das suas consequências em toda a família.

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Aliás, os livros de Anne Fine abordam tradicionalmente temas ligados à família, a questões geracionais ou sociais. Em Goggle-Eyes, obra galardoada com o Carnegie Medal de 1989, Anne Fine conta a história de Kitty que tudo faz para que o novo namorado da mãe não se transforme no seu novo padrasto. Ou em Bill’s New Frock, em que um dia Bill acorda e descobre que se transformou numa rapariga. A mãe age como se ele tivesse sido sempre uma rapariga, vestindo-o com um vestido cor de rosa e mandando-o para a escola, numa espécie de situação à freaky friday. Durante um dia Billy vê-se obrigado a ver o mundo da perspetiva das raparigas ganhando um novo respeito pelo sexo feminino.

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(c) The Guardian

Em 2014, Anne Fine foi um dos autores que subscreveram a campanha Let Books be Books, de que também fizeram parte Philip Pullman e Malorie Blackman, criada para apelar às editoras britânicas para deixarem de promover e de rotular os livros infantis e juvenis conforme o género, dividindo-os em títulos «para rapazes» e «para raparigas».

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Recentemente foi anunciado que Madame Doubtfire será adaptado a musical por três veteranos do teatro e vencedores de prémios Tony (os Óscares do teatro americano): Alan Menken (conhecido pelas composições musicais feitas para A Pequena Sereia, A Bela e o Monstro e Aladino, da Disney), David Zippel (escritor de canções para musicais da Broadway) e Harvey Fierstein (dramaturgo e que interpretou o papel do irmão da personagem de Robin Williams na adaptação ao cinema do livro). A esta altura o espetáculo encontra-se em pré-produção pelo que nenhuma data de estreia foi anunciada.

Para saber mais sobre a autora Anne Fine e a sua obra pode visitar o seu sítio oficial aqui.

A notícia é daqui.

 

Tomás, a locomotiva azul

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Tomás e os Amigos é um dos desenhos animados que tem marcado a infância de muitas pessoas desde que estreou em Portugal pela primeira vez nos anos 1990. Tal como muitos clássicos infantis da televisão, também este teve origem numa série de livros, intitulada The Railway Series, da autoria de um pastor anglicano chamado Wilbert Awdry. A história é sobre um grupo de locomotivas antropomórficas que vive num sistema de caminhos de ferro situado na ilha imaginária de Sodor. Este ano assinalam-se setenta anos desde que o primeiro livro foi publicado.

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A série é composta por 42 volumes. Os últimos dezasseis livros foram escritos pelo filho de Wilbert, Christopher Awdry. A histórias surgiram, como acontece muitas vezes, quando Christopher era pequeno e ficou doente com sarampo, e Wilbert, para o entreter, começou a contar-lhe várias aventuras vividas por locomotivas no seu dia-a-dia nos caminhos de ferro. Encorajado pela esposa, Wilbert então decidiu submeter algumas das suas histórias a uma editora e em 1945 é lançado The Three Railway Engines, com ilustrações de William Middleton.

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Mas a personagem de Thomas surgiu mais tarde quando Wilbert construiu uma locomotiva de brinquedo para o filho, que passou a pedir-lhe histórias com esse brinquedo como personagem central, a que foi dado o nome, precisamente, Thomas. Daí surge o livro publicado em 1946 com o título Thomas the Tank Engine. Os livros tornaram-se tão populares que nos anos 1980 realizou-se uma série de desenhos animados estreada no canal inglês ITV, tornando-se também ela tão popular que ainda hoje passa na televisão, em vários países, incluindo em Portugal (canal Panda), contando com quase quinhentos episódios. Existem também brinquedos do Tomás e os amigos e merchandising diverso.

Em Portugal, os livros do Thomas & amigos são publicados pela Editora Objectiva.

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Para saber mais sobre o autor e os livros dê um saltinho aqui.

As crianças gostam mais de ler se forem elas a escolher os livros

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por Catarina Araújo

É isso que conclui um estudo feito pela Scholastic sobre hábitos de leitura entre as crianças divulgado recentemente.

Ler por prazer parece ser a chave para leitores regulares. Por outro lado, limitar ou determinar que livros uma criança ou um jovem deve e não deve ler pode afastá-los da leitura. Noventa e um por centro das crianças e jovens entre os seis e os dezassete anos afirmaram que «os meus livros favoritos são aqueles que escolhi sozinho».

Há outro aspeto que chama a atenção: crianças e jovens entre os doze e os dezassete anos que são leitores regulares chegam a ler uma média de trinta e nove livros por ano (nos EUA) enquanto que aqueles que são leitores pouco frequentes leem apenas uma média de cinco livros por ano.

O estudo indica que filhos de pais que são leitores frequentes têm maiores probabilidades de serem também eles leitores frequentes. Ler em voz alta com os filhos também tem influência nos hábitos de leitura das crianças.

Um outro fator importante que influencia os níveis de leitura é, segundo o estudo, ter tempo para ler. Hoje em dia as crianças, à medida que vão crescendo, vão-se envolvendo em mais e mais atividades extracurriculares que não deixam muitas horas livres para fazer outras coisas. Como consequência, a partir dos oito anos de idade os níveis de leitura começam a decair, principalmente entre os rapazes. Por outro lado, crianças entre os doze e os dezassete a quem seja dada a liberdade de escolher leituras, que tenham uma biblioteca variada em casa, que sejam encorajadas pelos pais, terão maiores probabilidade de manterem os níveis de leitura ou até de aumentarem a frequência com que leem por prazer.

O estudo completo, embora tenha sido feito nos EUA, revela conclusões interessantes e que podem servir de base para uma reflexão sobre como atrair as crianças para a leitura.

Heidi e o poder do ar das montanhas

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por Catarina Araújo

Heidi é uma menina curiosa, alegre, doce, sem um pingo de maldade no corpo, apesar das suas circunstâncias – é órfã, e vive com a tia, que a larga no meio das montanhas dos Alpes suíços, às mãos de um avô que não conhece e que é calado e resmungão. Mas Heidi não se importa nada, muito pelo contrário. Fica fascinada com as paisagens, as cores, os cheiros, os animais, e nem fica nada atrapalhada quando o avô lhe diz que não tem cama para ela. Fazem uma cama com feno, por cima da qual estendem lençóis e cobertores e pronto.

Heidi é intrinsecamente feliz e contagia os outros com a sua bondade e energia positiva. Pedro, o rapaz, pastor de ovelhas, a avó que até Heidi aparecer apenas espera pela hora em que a morte a levará, o avô que não desce a montanha e passa os seus dias ruminando solitário nos seus afazeres, todos eles são inspirados pela menina.

Até que um dia a tia regressa para a levar para Frankfurt a fim de fazer companhia à filha doente de um senhor rico. É aqui que tudo muda. A vida na cidade deprime Heidi, que por ser um espírito livre, deixa a rígida governanta, a Miss Rottenmeier, em polvorosa. Apesar de a menina se afeiçoar a Clara, a rapariga doente, e à avó dela, a Sra. Sesemann, Heidi tem muitas saudades da montanha, da liberdade que tinha, do avô, e sofre ao saber que a avó de Pedro poderá morrer antes que possa cumprir a promessa que lhe fez de voltar com pãezinhos fofos.

A história é bucólica, sacarina, otimista, Heidi é como um sol, uma criança que quase pode ser comparada a um anjo na terra, já que o livro está imbuído de mensagens cristãs, falando-nos do poder da fé e da oração, e com uma situação específica que poderia ser atribuída a um «milagre», mas que deixa espaço para a «força de vontade» e a influência do positivismo. As descrições alimentam imagens românticas de paisagens verdejantes, fazendo-nos sonhar com uma viagem aos Alpes suíços e, sobretudo, recordar como é importante o contacto com a natureza.

Um livro que fará com que muitas crianças queiram saltar do sofá e pedir aos pais para irem todos juntos dar um passeio no campo.

Título: Heidi, a Menina dos Alpes e Heidi, o Milagre da Montanha
Autor: Johanna Spyri
Tradução: Dora Reis e Manuela Ramos
Editor: Booksmile

Serão hoje os livros infantis tão sexistas como há 50 anos?

Parece que sim.
Ou pelo menos parece que persiste o padrão sexista de livros cor de rosa de princesas para meninas e livros azuis de aventuras e monstros para os rapazes, como também persistem as histórias das mães que ficam em casa a cuidar dos filhos e dos pais que trabalham e trazem o dinheiro para casa, segundo este estudo. A questão é que esses livros não espelham convenientemente as diversas realidades existentes. Há mães que ficam em casa a cuidar dos seus pequenos, como há pais que ficam, enquanto as mães vão trabalhar. Há pais solteiros, há pais divorciados com outros companheiros, há filhos de diferentes casamentos e filhos de casais homossexuais, pelo que as histórias ilustradas infantis deveriam refletir mais esses diferentes contextos. O estudo chama a atenção para estas questões e também para a manutenção dos estereótipos relativamente às profissões preferidas pelas personagens infantis, como o rapaz querer ser polícia ou bombeiro e a rapariga querer ser professora ou enfermeira. São histórias antiquadas que podem alienar os pequenos leitores.

Barbie

Recentemente circulou na internet uma polémica sobre um livro infantil da boneca Barbie em que a protagonista era engenheira informática. Até aqui tudo maravilhoso. O problema é que à medida que se lia o livro chegava-se à conclusão de que afinal a Barbie não parecia perceber nada de computadores, dependendo dos amigos do sexo masculino para fazer aquilo que deveria ser o seu trabalho. O livro era de 2010, mas por alguma razão passou anos impune e só em 2014 é que foi descoberto pelos internautas, levando a uma verdadeira revolta que tomou tais proporções que a Mattel veio logo retratar-se, pedir desculpa e anunciar que ia tirar o livro de circulação, dado este não refletir a visão da empresa sobre a Barbie. O certo é que os leitores levaram quatro anos para se revoltarem contra o livro e a empresa a tirá-lo das prateleiras das livrarias.

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Daqui.

Leitores diversos, livros diversos

Portugal é um país que recebe, que acolhe, que se compõe de habitantes de diversas origens e de uma multiplicidade cultural que enriquece a nossa própria cultura portuguesa. Hoje, mais do que nunca, é importante preservar essa diversidade e transmiti-la às nossas crianças e aos nossos jovens para que sejam tolerantes e para que exista respeito, curiosidade, troca entre todos, seja de que raça, religião ou de que condição forem, com deficiências mentais ou físicas. Se temos leitores diversos, queremos leituras diversas, porque assim todos terão possibilidade de se sentirem identificados. Nesse espírito, deixamos uma lista de títulos de livros publicados por cá que refletem a diversidade de vozes existentes. As sugestões vão do infantil ao juvenil e ao jovem adulto.

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Tanto, tanto!, de Trish Cooke, Editora Gatafunho

Livro recomendado para Educação Pré-Escolar, destinado a leitura em voz alta. Todos querem o bebé ao colo, todos o querem abraçar e apertar contra o peito, todos lhe querem dar tantos beijos e tantos mimos e tanta atenção, todos o adoram, toda a família o ama… TANTO, ANTO, TANTO ANTO! Um livro divertido e cheio de amor, sobre uma família que se reúne para fazer uma festa surpresa. Tanto, Tanto! venceu o Smarties Book Prize para a categoria 0-5 anos de idade, o She/WH Smiths’s Under-Fives Book Prize e o Kurt Maschler Award. Além disso, recebeu uma menção honrosa no Kate Greenaway Medal, e foi nomeado para o Sheffield Children’s Book Award e para o Nottinghamshire Children’s Book Award.

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A Surpresa de Handa, de Eileen Browne, Editorial Caminho

A Handa mete no cesto sete frutas deliciosas para fazer uma surpresa à sua amiga Akeyo. Mas no caminho a Handa passa por muitos animais, e as frutas têm um ar muito convidativo… Quando chega junto da amiga e poisa o cesto, quem tem uma grande surpresa é a Handa!

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Emigrantes, de Shaun Tan, Kalandraka

Livro Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura – 3.º Ciclo – Apoio a projetos de História Universal. Esta premiada novela gráfica é uma magistral homenagem a todos aqueles que empreenderam uma viagem, obrigados pela necessidade, e cheios de medos, nostalgias e ilusões.

lixo

Os Rapazes do Lixo, de Andy Mulligan, Editorial Presença

Num país do terceiro mundo, num futuro não muito distante, três rapazes tentam sobreviver nas montanhas de lixo nos subúrbios de uma metrópole. Num dia de sorte e azar, Raphael encontra algo muito especial e misterioso. Tão misterioso que decide guardar, mesmo que a polícia da cidade ofereça uma bela recompensa pela sua devolução. Essa decisão traz terríveis consequências, e em breve os rapazes do lixo vão ter de usar toda a sua astúcia e coragem para escapar aos seus perseguidores.

Jovem Adulto

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Persépolis, de Marjane Satrapi, Contraponto

Com esta memória inteligente, divertida e comovente de uma rapariga que cresce no Irão durante a Revolução Islâmica, Marjane Satrapi consegue transmitir uma mensagem universal de liberdade e tolerância. Persépolisdesenha um retrato inesquecível do dia-a-dia no Irão, as desconcertantes contradições entre a vida familiar liberal e a repressiva vida pública com um regime pedagógico que atentam contra toda liberdade individual. Intensamente pessoal, profundamente político e totalmente original,Persépolis é ao mesmo tempo uma autobiografia e um chamamento perturbador sobre o custo humano da guerra e da repressão política.