Category Archives: INFANTIL

#18 Uma história por dia…: «Não quero mais abraços»

Todas as noites, a rotina é a mesma: lavar os dentes, banho, cama. Espera, espera! Antes de ir para a caminha, há sempre uma história para contar. Ou duas, ou três… O filhote pede, a mãe acede. Na outra noite, lemos o livro Não quero mais abraços.

Mais um livro delicioso, mas este na categoria dos livros fofinhos. Fofinhos como o Bernardo, um monstro da floresta que está sempre a ser abraçado por todos os animais. Faça o que fizer, o Bernardo é fofinho e todos querem um abraço seu. Mas o Bernardo está farto de abraços e vai tentar mil formas de se esquivar.

Com ilustrações amorosas, uma história simples e agradável, um desfecho imprevisível e que nos faz sorrir, este livro é adequado a todas as idades e é ótimo para leitura antes de dormir. Que o diga o Tiago, que adora o Bernardo, mas que também percebe porque é que tantos abraços cansam – afinal, esta pode ser uma história para mostrar o quão chato pode ser demasiada atenção e abrir uma janela para as crianças pensarem um pouco sobre os seus próprios comportamentos. E, depois de todos pensarmos um pouco, está na hora do abraço de boa noite da mamã. Esse, nem o Bernardo recusa!

Não quero mais abraços
Autor: Jane Chapman
Editora: Minutos de Leitura

#17 Uma história por dia…: «O Capuchinho»

Todas as noites, a rotina é a mesma: lavar os dentes, banho, cama. Espera, espera! Antes de ir para a caminha, há sempre uma história para contar. Ou duas, ou três… O filhote pede, a mãe acede. Na outra noite, lemos o livro O Capuchinho.

E o que dizer deste livro? Primeiro, que a mãe se fartou de rir com esta incrível e surpreendente história do Capuchinho Vermelho, uma menina cheia de recursos e que não precisa de ser salva. O que é uma pena para o lobo.

Segundo, que as ilustrações, a escolha de cores, a forma como a história está contada é deliciosa, mostra-nos tudo sem ter de explicar palavra por palavra, tornando-se assim uma leitura ainda mais apetecível.

Terceiro, que, claramente, ainda é uma história um bocadinho avançada, em termos de conteúdo, para uma criança de dois anos e meio. Ou melhor, aquilo que o Tiago não apreende, eu também não explico, evitando assim, em tão tenra idade, ter de explicar porque é que o lobo quer comer a avó e o Capuchinho e outras coisas do género que não vos posso dizer aqui, para não tirar o prazer de ler esta história.

Porém, o facto de não perceber o intuito mortal do lobo (a sua índole de caçador, o destino das suas vítimas, etc.), a verdade é que este tem sido um livro vencedor lá em casa, com o Tiago a querer lê-lo todas as noites. E, aqui, o mérito é todo da Bethan Woollvin. Acredito que daqui a uns bons anos, este continuará a ser um livro que nos vai proporcionar, a mim e ao meu filho, tremendas gargalhadas!

O Capuchinho
Autor: Bethan Woollvin
Editora: Edicare Editora

#16 Uma história por dia…: «Eu quero o meu papá»

Todas as noites, a rotina é a mesma: lavar os dentes, banho, cama. Espera, espera! Antes de ir para a caminha, há sempre uma história para contar. Ou duas, ou três… O filhote pede, a mãe acede. Na outra noite, lemos o livro Eu quero o meu papá.

Somos decididamente fãs da autora Tracey Corderoy, que nos traz sempre histórias tão doces e divertidas, com muito amor e carinho entre pais e filhos. E aqui não é diferente: para o Artur, o seu herói é o seu pai e é a ele que recorre sempre que precisa de ajuda, de apoio ou apenas de miminhos. E o pai está sempre presente, para mais uma brincadeira, para curar um dói-dói com beijinhos, para ajudar a afastar os monstros imaginários que surgem de vez em quando. Porque mãe é mãe, mas pai é pai e não há ninguém como ele!

Lá por casa, é igual. E é delicioso ler esta história ao Tiago e ele transpô-la para a sua própria vida, para a sua própria relação com o seu pai. Sem dúvida, uma excelente leitura para estreitar (ainda mais) os laços entre pais e filhos.

Eu quero o meu papá
Autor: Tracey Corderoy
Editora: Minutos de leitura

As princesas do século XXI na literatura infantil

As princesas do século XXI, retratadas na literatura infantil, são determinadas, divertidas e independentes. Não vivem à janela, enquanto aguardam pelo desejado príncipe, nem confinam os seus dias ao espaço do palácio.

Sentem-se infelizes e aborrecidas quando não têm amigos (A princesa que bocejava a toda a hora, A princesinha corajosa ou Clarinha), praticam atividades pouco próprias de uma menina princesa (A princesa que queria ser rei) e não se conformam com o rumo e a educação que lhes está destinada (Titiritesa).

São imperfeitas fisicamente: podem ter os pés grandes demais (Emília e o chá de tília), podem ser grandes e peludas (A princesa que queria ser rei), ou podem ser quase carecas (A princesa esbrenhaxa). Também surgem com particularidades estranhas (A princesa que não sabia espirrar) ou defeitos que se tornam qualidades, como a princesa que fazia chover e regava as terras secas (A princesa da chuva). Há aquelas que caem do céu e aterram nos braços de simples transeuntes (Que aguaceiro!), as que habitam na lua (A princesa que veio da lua) e aquelas que conseguem voar (A princesa voadora).

Os príncipes já não são os seus heróis: não conseguem curá-las de doenças (Salvem a princesa) nem as levam na garupa do cavalo. O casamento deixou de ser prioritário, sendo até recusado (A princesa espertalhona). No entanto, o amor ainda pode ser o caminho para a felicidade, seja com um príncipe (O país azul), com um poeta (Zulaida e o poeta) ou mesmo com outra princesa (Titiritesa).

As novas princesas têm desejos de governar e de modificar as leis (A princesa que queria ser rei), anseiam por mudar a conceção do mundo (Titiritesa) e são empreendedoras- até a Branca de Neve se modernizou e abriu um restaurante com os anões (A que sabe esta história).

Os autores deram-lhes um carácter mais humano. Elas são mais atraentes, mais divertidas, mais acessíveis e aproximam-se mais das raparigas atuais. Surgiram mesmo coleções dirigidas aos mais pequenos, em que as personagens, na sua maioria princesas, embora pertençam à realeza, têm os problemas das crianças normais: querem a mãe, os sapatos novos ou ser piratas (A princesinha e Histórias esbrenhuxas).

Em suma, as princesas do século XXI adquiriram novas caraterísticas físicas e comportamentais, acompanhando a evolução dos tempos e do papel da mulher na sociedade, mas mantêm o encanto de habitantes do mundo do maravilhoso e do fantástico.

A princesa da chuva

Texto – Luísa Ducla Soares
Ilustração – Fátima Afonso
Edição – Civilização

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A princesinha corajosa

Texto – Mário Contumélias
Ilustração – Jorge Brum
Edição – Plátano

 

A princesa espertalhona

Texto e ilustração – Babette Cole
Edição – Terramar

A princesa esbrenhaxa

Texto – Margarida Castel-Branco
Ilustração – Carla Antunes
Edição – Verbo

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A princesa que bocejava a toda a hora

Texto – Carmen Gil
Ilustração – Elena Odriozola
Edição – OQO

 

A princesa que não sabia espirrar

Texto – José Cãnas Torregrosa
Ilustração – Martinez Rocío
Edição – Everest

A princesa que queria ser rei

Texto – Sara Monteiro
Ilustração – Pedro Serapicos
Edição – Âmbar

 

A princesa que veio da lua

Texto – Mª João Carvalho
Ilustração – Ana Sofia Gonçalves
Edição – Everest

A princesa voadora

Texto – Miguel Miranda
Ilustração – Simona Traina
Edição – Campo das Letras

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A que sabe esta história

Texto – Alice Vieira
Ilustração Carla Nazareth
Edição – Oficina do livro

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Clarinha

Texto – António Mota
Ilustração – Júlio Vanzeler
Edição – Gailivro

 

Emília e o chá de tília

Texto – Alexandra Pinheiro
Ilustração – Sandra Nascimento
Edição – Trinta por uma linha

 

Quero a minha mãe

Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

 

Quero ser pirata

Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

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Quero os meus sapatos novos

Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

 

O país azul

Texto – Teresa Balté
Ilustração – Alain Corbel
Edição – Porto Editora

 

Princesas esquecidas ou desconhecidas

Texto – Philippe Lechrmeier
Ilustração – Rebecca Dautremer
Edição – Educação Nacional

 

Que aguaceiro!

Texto – Raquel Saiz
Ilustração – Maja Celija
Edição – OQO

 

Salvem a princesa

Texto – Renata Gil
Ilustração – Mª do Rosário Sousa
Edição – Gailivro

Titiritesa

Texto – Xerardo Quintiá
Ilustração – Maurício Quarello
Edição – OQO

Zulaida e o poeta

Texto – José Fanha
Ilustração – Inês Massano
Edição – Gailivro

#15 Uma história por dia…: «Histórias para os 2 anos»

Todas as noites, a rotina é a mesma: lavar os dentes, banho, cama. Espera, espera! Antes de ir para a caminha, há sempre uma história para contar. Ou duas, ou três… O filhote pede, a mãe acede. Na outra noite, lemos o livro Histórias para os 2 anos.

O livro Histórias para os 2 anos – Histórias originais e divertidas para ler e partilhar traz-nos cinco histórias curtinhas e muito animadas, em rima, com ilustrações coloridas e narrativas que a criança de dois anos consegue facilmente acompanhar. Principalmente por, numa ótica de diversão, replicar vivências da própria criança, libertando a imaginação e dando voz à brincadeira, ao faz-de-conta, às escondidas, às brincadeiras barulhentas que eles muitas vezes gostam de ter.

Pouco maior que um A5 e de capa dura, quase almofadada, permite aos mais pequenos manusearem o livro sozinhos. Mas muito mais divertido para ler em família, quase cantando as histórias. O difícil aqui é ficarmo-nos apenas por uma história e, quando damos conta, já devorámos o livro todos e eles estão a pedir-nos mais. E nós a aceder, claro!

Histórias para os 2 anos
Autor: Melanie Joyce
Editora: Porto Editora

#14 Uma história por dia…: «Agora!»

Todas as noites, a rotina é a mesma: lavar os dentes, banho, cama. Espera, espera! Antes de ir para a caminha, há sempre uma história para contar. Ou duas, ou três… O filhote pede, a mãe acede. Na outra noite, lemos o livro Agora.

Estamos a passar uma fase impaciente lá em casa, em que tudo tem de ser agora e quando lhe dizemos que não, ele responde em jeito de beicinho: “Mas eu quero!”. Foi então que descobri este livro e não resisti e comprar-lho, uma vez que as crianças aprendem a compreender melhor as suas vivências, vendo-as refletidas nas histórias dos outros. E, lá por casa, foi assim. Ensinar o Tiago que não pode ter tudo já e agora, mostrando-lhe a história do Rodrigo, um menino muito impaciente e que não queria esperar por nada. Até ao dia em que a situação se virou contra ele e os pais não podiam esperar por aquilo que ele queria.

Na história, num registo leve e delicado, aliada a ilustrações deliciosas, que transmitem amor a cada página, tudo acaba bem. Mas serviu a lição ao Rodrigo: às vezes temos de esperar pelos outros, tal como queremos que eles esperem por nós. E embora a vida real não seja sempre como as histórias, acho que também serviu a lição ao Tiago.

Agora
Autor: Tracey Corderoy
Editora: Minutos de leitura

As escolhas de Natal de… Ana Ramalhete

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Aquário de Cynthia Alonso, Editora Orfeu Negro

«Esta é a história de uma menina que vive à beira-rio e que todos os dias se deita no cais, contemplando o movimento dos peixes e da água.
Certo dia, encontra um peixinho vermelho. Logo decide levá-lo para casa e construir-lhe um mundo aquático maravilhoso. Mas, por fim, entende que a amizade, para crescer, deve ser livre como as ondas.»

Quando abrimos este livro mergulhamos numa história sem palavras mas com imagens que falam e nos contam como uma menina passa os seus dias a observar os peixes, a nadar com eles e a sentir-se um pouco como eles. A amizade que trava com um peixe vermelho leva-a a perceber o valor da liberdade e a importância da preservação da individualidade no crescimento da amizade.
Com as ilustrações coloridas de Cynthia Alonso nadamos pelas diversas paisagens e observamos pequenos pormenores que acentuam o amor e a identificação da menina com os habitantes do rio, ora no vestido com peixes vermelhos, ora no gancho do cabelo em forma de peixe, ora no desenho das sobrancelhas ou dos olhos que se assemelham a pequenos peixinhos.

 

A menina dos livros, de Oliver Jeffers e Sam Winston, Editorial Presença

«Uma menina atravessa um mar de palavras para chegar a casa de um menino. Ela convida-o para acompanhá-la numa aventura pelo mundo de histórias onde, com um pouco de imaginação, tudo pode acontecer.

“Desde o início, sabíamos que queríamos criar um conto que celebrasse o nosso amor pela literatura clássica infantil com um toque moderno. Para nós, tratou-se de capturar alguma da magia que acontece quando alguém se perde ao ler uma história intemporal, mas de um modo que os leitores ainda não tinham visto.” Oliver Jeffers e Sam Winston

A Menina dos Livros é uma história com fantásticas ilustrações, vencedora do prestigiado prémio Bologna Ragazzi de 2017.»

Uma história inspirada na literatura clássica infantil. Uma história que nos convida a flutuar e a viajar nas palavras e com as palavras. Uma história que nos dá a mão e nos conduz por mundos mágicos apenas presentes nos livros e na imaginação de cada um. Uma história feita de histórias e com tantas histórias dentro. Uma história que é um lugar onde queremos entrar e permanecer.
As ilustrações acompanham a viagem das palavras, dando-lhes formas variadas conforme o local que percorrem: o mar, um castelo, o céu, a rua, as histórias e criam pequenos apontamentos que nos levam até outros territórios como os de Peter Pan, de Moby Dick ou de Alice no País das Maravilhas, entre outros.

«Eu sou a menina dos livros. Venho de um mundo de histórias. E na minha imaginação eu flutuo.»

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Comprar, comprar, comprar, texto de Luísa Ducla Soares, ilustrações de Sandra Serra, Porto Editora

«O Ruben só pensa em gastar dinheiro e em Comprar, Comprar, Comprar. Nunca está satisfeito com o que tem e quer sempre mais. No dia do seu aniversário, os pais, preocupados com a atitude consumista do filho, dão-lhe um presente muito especial. O Ruben ao receber o presente fica muito desapontado e desconfiado, mas lá o aceita. Dois meses depois, é um rapaz completamente diferente. O que terá acontecido?»

Uma narrativa sobre o consumismo exagerado, as suas consequências e a capacidade de não nos esquecermos de tudo o que de importante podemos ver e fazer para além de vivermos emersos em compras.

 

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Máquina de Jaime Ferraz, Editora Pato Lógico

«Há máquinas para lavar a roupa, máquinas para secar o cabelo e máquinas para cozinhar. Há máquinas que nos prendem horas ao sofá e outras que nos transportam de casa para o trabalho. Num
mundo maquino-dependente, um rapaz recebe do seu avô uma máquina diferente, com o poder de o fazer viajar para mundos fantásticos. Consegues adivinhar que máquina é?»

Com ilustrações a laranja, azul e preto, Máquina é um livro sem palavras, sem sons mas capaz de nos fazer ouvir o ruído das máquinas a trabalharem, dos carros nos engarrafamentos, dos passos apressados das pessoas, dos animais nas florestas. Que poder é esse? Virá de alguma máquina, dessas que usamos todos os dias usamos quase sem darmos por isso, ou será de outro lugar?

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O João e os monstros, texto de António Gouveia, ilustrações de Beatrice Cerocchi, editora Bruaá

«Um dos muitos medos que se pode ter quando anoitece é o dos monstros debaixo da cama. Já vos aconteceu? Neste livro vamos conhecer o João, um menino que sabe que ter medo não faz mal e que por vezes até nos obriga a fazer coisas muito corajosas. Foi o que aconteceu naquela noite, quando ele decidiu enfrentar os monstros que estavam debaixo da sua cama. Uma pequena história sobre a grande coragem do João que, com muito suspense à mistura, nos reserva uma surpresa final que deixará todos com um sorriso, excepto os monstros, claro.»

Na hora de ir dormir há sempre monstros debaixo da cama. Nada como enfrentá-los com coragem para termos uma boa noite de sono, tal como o João fez e as ilustrações nos mostram. Estas não são nada assustadoras, antes pelo contrário, transmitem a calma e a segurança que ajudam a enfrentar qualquer tipo de monstro (ou de medo) e mostram-nos que, por vezes, vemos monstros onde eles não existem, como uma sombra na parede ou os reflexos da luz num candeeiro. Gostámos particularmente dos monstros azuis e do chão quadriculado ou pautado.

As escolhas de Natal de… Alexandra Martins

O Diário de Anne Frank – Diário Gráfico, de Ari Folman, David Polonsky e Anne Frank, Porto Editora

«”12 de junho de 1942: Espero poder confiar-te tudo, como nunca pude confiar em ninguém, e espero que venhas a ser uma grande fonte de conforto e apoio.”

No verão de 1942, com a ocupação nazi da Holanda, Anne Frank e a família são forçados a esconder-se. Durante dois longos anos, vivem com um grupo de outros judeus num pequeno anexo secreto em Amesterdão, temendo diariamente ser descobertos. Anne tinha treze anos quando entrou para o anexo e levou com ela um diário que manteve no decorrer de todo este período, anotando os seus pensamentos mais íntimos, os seus receios e esperanças, e dando conta do dia a dia da vida em reclusão. Em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial — a que Anne não sobreviveria —, o seu pai publicou este diário, um documento inspirador que é ainda hoje um dos livros mais acarinhados em todo o mundo e uma obra marcante na história do século xx.

Lançada mundialmente em celebração do 70.º aniversário de O Diário de Anne Frank, esta é a sua primeira adaptação para banda desenhada, realizada com a autorização da família e tendo por base os textos originais do diário.»

Todos conhecemos a história de Anne Frank. Mas, este ano, os mais novos (e mais velhos também, que é um livro para todas as idades), vão poder acompanhá-la de uma forma diferente, mais direta e imediata, aliando as imagens desta novela gráfica ao texto que durante décadas tem marcado presença na nossa memória. Fiel à história original, com ilustrações vivas e dinâmicas, que nos permitem ter imediatamente um reconhecimento visual da história, permitindo que as camadas mais jovens da população consigam ter uma experiência mais profunda, ainda que sempre otimista, como era a própria Anne, desta história que, mais do trágica, é tão real. Vale a pena ler pela primeira vez ou então reler, vezes sem conta. E nunca esquecer.

O ódio que semeias, de Angie Thomas, Editorial Presença

«Starr tem 16 anos e move-se entre dois mundos: o seu bairro periférico e problemático, habitado por negros como ela, e a escola que frequenta numa elegante zona residencial de brancos.
O frágil equilíbrio entre estas duas realidades é quebrado quando Starr se torna a única testemunha do disparo fatal de um polícia contra Khalil, o seu melhor amigo.
A partir daí, pairam sobre Starr ameaças de morte: tudo o que ela disser acerca do crime que presenciou pode ser usado a seu favor por uns, mas sobretudo como arma por outros.
Um poderoso romance juvenil, inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência.»

Continuamos na saga de leituras fortes e que que são mais do que palavras em folhas de papel. No entanto, é impossível não recomendar este livro que, sendo a obra de estreia desta autora, ganhou em duas categorias dos Goodreads Choice Awards de 2017 (Melhor livro de ficção Young-Adult e Melhor autor estreante no Goodreads). Uma leitura extremamente atual, que nos alerta para as questões raciais que vivemos ainda nos dias de hoje e nos pinta cenários que, por mais que gostássemos de pensar que são apenas ficção, são fiéis retratos da realidade.

“Um romance brilhante, impressionante e implacável que ficará para a história como um clássico moderno”, nas palavras de John Green.

Mil vezes adeus, de John Green, Edições Asa

«Não era intenção de Aza, uma jovem de dezasseis anos, investigar o enigmático desaparecimento do bilionário Russell Pickett. Mas estão em jogo uma recompensa de cem mil dólares e a vontade da sua melhor amiga Daisy, que se sente fascinada pelo mistério. Juntas, irão transpor a distância (tão curta, e, no entanto, tão vasta) que as separa de Davis, o filho do desaparecido.
Mas Aza debate-se também com as suas batalhas interiores. Por mais que tente ser uma boa filha, amiga, aluna, e quiçá detetive, tem de lidar diariamente com as suas penosas e asfixiantes «espirais de pensamentos». Como pode ser uma boa amiga se está constantemente a pôr entraves às aventuras que lhe surgem no caminho? Como pode ser uma boa filha se é incapaz de exprimir o que sente à mãe? Como pode ser uma boa namorada se, em vez de desfrutar de um beijo, só consegue pensar nos milhões de bactérias que as suas bocas partilham?
Neste tão aguardado regresso, John Green, autor premiado de A Culpa É Das Estrelas e À Procura de Alaska conta, com dolorosa intensidade, a história de Aza, numa tentativa de partilhar connosco os dramas da doença que o afeta desde a infância. O resultado é um romance brilhante sobre o amor, a resiliência, e o poder da amizade.»

E por falar em John Green, claro que o novo livro dele teria de constar desta lista. Mundialmente esperado, este livro leva-nos diretamente para a cabeça da jovem Aza e para todos os pensamentos que por lá pairam – comportamentos obsessivos-compulsivos, ansiedade, inseguranças… Que o autor capta de forma formidável, revelando-nos uma história profunda e que vai para além da narrativa. No entanto, aqui, as opiniões dividem-se um pouco e se, por um lado, temos o New York Times a dizer que se trata da melhor obra de John Green, por outro, alguns dos seus leitores não se sentiram tão ligados a este livro, sentindo que a história para lá a mente de Aza é algo previsível e, até, enfadonha. Nada como lermos por nós para tirar quaisquer dúvidas, enquanto apreciamos o toque de mestria com que John Green aborda o tema da saúde mental sem vitimizar a heroína da sua história.

O urso e o piano, de David Litchfield, Booksmile

«Um dia, um ursinho encontra na floresta uma coisa estranha…

É grande, parece uma caixa e tem teclas que fazem PLONC!

A partir do momento em que descobre que a coisa estranha produz sons magníficos, ele embarca numa viagem que o leva para longe de casa.

Num piscar de olhos, o urso vai parar a uma terra nova e maravilhosa, onde o ar está repleto de belos sons e onde a fama lhe abre os braços. No entanto, apesar do sucesso alcançado, ele sente falta do que deixou para trás…»

Uma história deliciosa sobre a família, o amor e a importância que eles têm quando partimos em buscar dos nossos sonhos. Este livro dá-nos a conhecer a aventura do pequeno urso que descobriu um piano e embarcou numa aventura que o levou para outras paisagens. Mas quando as saudades apertam, o urso terá de fazer algumas escolhas difíceis, percebendo o que é verdadeiramente importante para si. Ilustrado com muita mestria pelo próprio autor, que mistura as ilustrações e o texto num equilíbrio perfeito para captar a essência da história e inundar-nos com emoções, é um conto que tanto agradará a miúdos como a graúdos e é o presente ideal para oferecer nesta festa que é a da família.

A tartaruga Celeste e o menino que chorava música, de Sofia Fraga, ilustrações de Paulo Galindro, Minotauro

«De tempos a tempos, uma estrela cai do céu e vem cair na Terra; de tempos a tempos, uma tartaruga vem ao mundo sem a casa às costas e, de tempos a tempos, nasce uma criança que em vez de chorar canta. Tudo isto de tempos a tempos, mas e se, como que comandados por uma mão invisível, todos estes improváveis acontecessem exactamente à mesma hora, no mesmo minuto, ao bater da última badalada do relógio… ora aí estaria uma história que mereceria ser contada!»

E por falar em livros mágicos e imperdíveis, terminamos esta ronda de sugestões com uma história belíssima, cheia de amor e de ternura em cada palavra e em cada traço da ilustração. Esta é a história da tartaruga Celeste, que nasceu sem carapaça, e do Pedro, o menino que chorava música. Nascidos na mesma noite, diferentes de todos os outros desde sempre e únicos à sua maneira, o destino da Celeste e do Pedro é encontrarem-se e tornarem-se amigos improváveis, neste mundo que olha com estranheza os casos insólitos da vida. Uma história de amizade, amor-próprio e aceitação, que cativará a família inteira.

As escolhas de Natal de… Sofia Pereira

O Natal está a chegar e cresce a ansiedade de encontrar um presente no sapatinho. A Fábulas é uma devoradora de livros. De todos os tamanhos e formas. Grandes, pequenos, com letras e ilustrações, só com ilustrações ou apenas com texto. E, nesta quadra festiva, sugere-te livros para explorares o ano que se avizinha, no quentinho da lareira.

Natal!, texto de Tracey Corderoy, ilustrações de Tim Warnes, Minutos de Leitura

«O Natal está a chegar. O Rodrigo nunca esteve tão entusiasmado! E ideias não lhe faltam: ele quer tornar este o melhor Natal de sempre….

Oh, oh! Cuidado!»

Por que razão? O Natal é uma época de grande euforia para todos, sobretudo para os mais novos. Esta é a história de Rodrigo, um menino como tantos outros, que fica entusiasmado com a noite de Natal e contagia os pequenos leitores com as suas brilhantes ideias para tornar este um dia único e especial.

Oh! Um Livro com Sons, de Hervé Tullet, Editorial Presença

«Depois de “Mistura as Cores” e “Vamos Jogar?”, Hervé Tullet volta com mais um extraordinário livro que nos leva ao mundo das cores e da imaginação. Mas este é um livro sonoro! Carregas com o dedo na página e… és tu que fazes os sons! Para além de estimular a imaginação, eis um livro perspicaz e divertido que promove o desenvolvimento das capacidades psicomotoras e aumenta a atenção e a criatividade.»

Livro-interativo, para quê? Os momentos em família, além de serem fundamentais no crescimento e desenvolvimento das crianças, podem constituir importantes momentos de brincadeiras e aventuras. Num ambiente lúdico, a família poderá explorar este livro que estimula, através do jogo de sons, a imaginação, a criatividade e atenção da criança.

 

O Gigante Secreto do Avô, de David Litchfield, tradução de Luísa Costa Gomes, Booksmile

«Autor vencedor do prémio Melhor Livro Ilustrado da Waterstones. Quando o avô lhe diz que existe um gigante escondido na sua cidade, que ajuda toda a gente em segredo, o Billy não acredita. Por isso, decide procurá-lo. Mas quando finalmente o vê com os seus próprios olhos, ele fica aterrorizado! O que o Billy não sabe é que aquele enorme e assustador gigante está prestes a ensinar-lhe uma importante lição… Divertida e ternurenta, esta é uma história GIGANTE sobre a amizade e a aceitação da diferença, que não vai deixar ficar ninguém indiferente.»

Porquê? Os livros são um bom instrumento para transmitir valores, como o Amor, a Amizade, o Respeito, a Tolerância, a Verdade, a Entreajuda, entre outros. Mais do que uma festa, o Natal é uma (re)união da família e dos amigos e a leitura desta história, num ambiente saudável e harmonioso, pode ajudar a cultivar este sentimento muito nobre logo desde tenra idade.

Para lá do Inverno, de Isabel Allende, Porto Editora

«Isabel Allende parte da célebre frase de Albert Camus para nos apresentar um conjunto de personagens próprios da América contemporânea que se encontram «no mais profundo inverno das suas vidas»: uma mulher chilena, uma jovem imigrante ilegal guatemalteca e um cauteloso professor universitário. Os três sobrevivem a uma terrível tempestade de neve que se abate sobre Nova Iorque e acabam por perceber que para lá do inverno há espaço para o amor e para o verão invencível que a vida nos oferece quando menos se espera. “Para lá do Inverno” é um dos romances mais pessoais da autora: uma obra absolutamente atual que aborda a realidade da migração e a identidade da América de hoje através de personagens que encontram a esperança no amor e nas segundas oportunidades.»

Ler, porque sim! Pela apaixonante história que prende a nossa atenção e cativa até ao desfecho, sugiro que não deixem de ler este magnífico romance.

Reaccionário com Dois Cês – Rabugices Sobre os Novos Puritanos e Outros Agelastas, de Ricardo Araújo Pereira, Tinta da China

«Depois de mais de 40 mil exemplares de “A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram Num Bar”, chega o novo livro de Ricardo Araújo Pereira. Quem já o leu, já o ouviu na rádio ou já o viu na televisão (e é difícil que uma das três coisas ainda não tenha acontecido a alguém em Portugal) sabe que uma das grandes causas de Ricardo Araújo Pereira é a liberdade de expressão. “Reaccionário com Dois Cês” é sobre isso, mas é também sobre portugalidade, vitórias no Euro, propriazinhas (ou selfies), língua portuguesa, Shakespeare, os justiceiros das redes sociais, a vagina de Marine Le Pen e outras rabugices, num livro que se divide em quatro capítulos: – Comente o seguinte País – Admirável Facebook novo – Então mas o que é isto? – Assim como nós não perdoamos a quem nos tenha ofendido.»

Vale a pena ler? Óbvio que sim! Um livro recheado de bom humor, de ironia, de boa disposição, de irreverência e de inteligência, que nos fala da realidade do país e do mundo.

#13 Uma história por dia…: «Um Dia»

Todas as noites, a rotina é a mesma: lavar os dentes, banho, cama. Espera, espera! Antes de ir para a caminha, há sempre uma história para contar. Ou duas, ou três… O filhote pede, a mãe acede. Na outra noite, lemos o livro Um dia.

Este é um livro mágico, mais emocionante para nós, mães e pais, do que propriamente para os nossos pequeninos. Com frases curtas e ilustrações sonhadoras, é o testemunho de uma mãe e dos seus desejos para a sua filha bebé. “Um dia contei os teus dedinhos e beijei-os um por um”, assim começa este relato, este rol de desejos e de sonhos que se vertem nestas páginas e que nos fazem sonhar, desde que os nossos filhos são pequeninos e precisam tanto de nós, à medida que vão crescendo, explorando, descobrindo a vida, tornando-se mães e pais por conta própria, envelhecendo… é o ciclo da vida, são os desejos que queremos para os nossos bebés. Um livro que fala da vida, do amor e do tempo que passa…

Apesar de ser um livro mais para nós do que para eles, o Tiago gostou, acompanhou as cenas uma a uma: cenas que ele conhece, da nossa rotina de mãe e filho, cenas que vê no dia a dia e cenas que desconhece da vida adulta, da velhice, mas que se tornam harmoniosas no conjunto e transmitem a calma e a paz que nos chega com este livro. Um dia, ele irá compreender, tal como a filha da história. Um dia.

Um dia
Autor: Alison Mcghee e Peter H. Reynolds
Editora: Editorial Presença