Hoje as sugestões são para crianças entre os 10 e os 14 anos.
Enciclopédia do Conhecimento: Corpo Humano, Texto Editores
«EXPLORA o corpo humano e vê por ti próprio como funciona.DESCOBRE porque é que transpirar te salva a vida, como é que o cérebro cria as memórias e porque é que o sangue é vermelho. INVESTIGA o que de mais surpreendente acontece debaixo da tua pele, desde as ações voluntárias a tudo o que nem suspeitas que está a acontecer neste preciso momento. As pormenorizadas representações gráficas dos vários elementos que compõem o corpo humano dão-nos uma perspetiva única do nosso organismo!»
Robot Selvagem, Peter Brown, Fábula
«Conseguirá Roz sobreviver numa ilha selvagem? Numa ilha selvagem, um grupo de lontras encontra Roz, um robot que lhes parece um monstro brilhante. No início, Roz luta para sobreviver num ambiente hostil. Mas, com o passar do tempo, adota um ganso bebé que ficou sem família, trava amizade com as lontras e os outros animais, e aprende a língua deles. Até que um dia a ilha é invadida por caçadores de robots? A incrível história de Roz toca em temas importantes e atuais, como a amizade, a cooperação, o respeito pela diferença, a proteção do meio ambiente e o progresso tecnológico.»
Puto Normal e os Supervilões, Greg James e Chris Smith, Gailivro
«Nem todos os heróis têm superpoderes. Não acreditam em nós? Pois bem, o Murph Cooper é a prova disso. Desde que se tornou o Puto Normal, ele e os Supertotós têm andado a apanhar malfeitores em todo o lado. Mas a vida destes heróis está prestes a complicar-se… E muito! Bem longe, numa prisão ultrassecreta, o supervilão mais perigoso e temido do mundo decidiu quebrar um silêncio de trinta anos. E quais foram as suas primeiras palavras? Tragam-me o Puto Normal!»
Womack, que tem publicado em Portugal «O outro livro», pela Editorial Estampa, escreveu um artigo para o jornal online The Independent, enumerando 30 livros infantis que diz que, independentemente da época em que foram publicados, «podem ser lidos e apreciados pelas crianças de hoje tanto quanto foram pelas crianças do passado». No entanto, Womack salvaguarda que «não existe espaço nesta lista para tudo», tendo deixado de fora muitas obras suas favoritas, entre outras.
O escritor e jornalista britânico Phillip Womack, autor de livros de fantasia para jovens, partilhou recentemente aquela que considera ser a lista dos melhores livros infantis, entre «os clássicos que já conhecemos e as pérolas escondidas que merecem mais atenção».
Aproveitando a filosofia de Womack, que afirma que esta lista não é definitiva e deve antes ser vista como uma espécie de guia para voltar a encontrar «a magia e o encanto» dos livros infantis, pegamos na mesma e partilhamos convosco os livros seleccionados por Womack e que têm edições por terras portuguesas:
A História de Pedrito Coelho, de Beatrix Potter (Porto Editora, 2018)
Pedrito é um coelho traquinas que mora num bosque, com os seus irmãos e a mãe. Um dia, a mãe tem de sair e recomenda-lhes que fiquem em casa. Pedrito, desobediente, resolve fazer uma visita à horta do Sr.Gregório, que por pouco não lhe custa a vida.
Como Treinares o Teu Dragão, de Cressida Cowel (Bertrand Editora, 2013)
Esta é a história de um jovem Viking, Hiccup Hadoque Horrendo III, passada num tempo em que existiam dragões e durante o qual ele se tornou herói da maneira mais difícil. É importante que a leiam porque «ainda pode haver um dia em que os Heróis voltem a ser precisos. Ainda pode haver um dia em que os dragões regressem» e «quando esse dia chegar, os homens vão precisar de saber como os treinar e como os derrotar». Uma história apaixonante que já foi passada ao cinema pelo estúdio que criou o Shrek e Madagáscar e que já tem marcadas para o futuro novas aventuras com o Hiccup.
A Árvore das Mentiras, de Frances Hardinge (Editorial Presença, 2017)
Vencedor do Prémio Costa para melhor livro do ano 2015.
As folhas
eram frias e ligeiramente pegajosas. Não havia engano possível: Faith tinha-as
visto meticulosamente reproduzidas no diário do pai. Estava diante da árvore
das mentiras, que fora o maior segredo do reverendo, que fora o seu tesouro e a
sua maldição. E agora a planta era dela, e a viagem que o pai não chegara a
fazer poderia ser feita pela filha. Quando o pai de Faith morre, em
circunstâncias misteriosas, ela decide investigar, para descobrir a verdade que
se esconde por trás das mentiras. Procurando pistas entre os seus pertences,
descobre uma estranha árvore, que se alimenta de mentiras sussurradas e dá um
fruto que revela segredos ocultos. Mas, quando perde o controlo das falsidades
que põe a circular, Faith percebe que, se a mentira seduz, a verdade estilhaça.
Artemis Fowl, de Eoin Colfer (Vogais, 2012)
Artemis Fowl, com apenas 12 anos, é o maior génio criminoso de sempre, responsável por todos os grandes golpes da década.
Neste livro
recheado de enigmas, reviravoltas inesperadas e muita ação, Artemis Fowl tem
uma missão a cumprir: recuperar a fortuna da família. Este é o primeiro
contacto do jovem com o povo do subsolo, onde vivem perigosas fadas armadas até
aos dentes e com tecnologia de ponta, centauros, trolls monstruosos e anões mentirosos.
N.º 1 de uma
coleção que já vendeu mais de 20 milhões de livros em todo o mundo.
A saga Harry Potter,
de J.K. Rowling (Editorial Presença, 2002)
Harry Potter não é um herói habitual. É apenas um miúdo magricela, míope e desajeitado com uma estranha cicatriz na testa. Estranha, de facto, porque afinal encerra misteriosos poderes que o distinguem do cinzento mundo dos muggles (os complicados humanos) e que irá fazer dele uma criança especialmente dotada para o universo da magia.
Admitido na
escola de Hogwarts onde se formam os mais famosos feiticeiros do mundo, Harry
Potter irá viver todas as aventuras que a sua imaginação lhe irá proporcionar.
Harry Potter e a Pedra Filosofal é o primeiro livro de uma saga mágica,
divertida, cheia de surpresas e perigos de arrepiar, que cresce com os seus
protagonistas.
Tom e o Jardim da Meia-Noite, de Philippa Pearce (Relógio d’Água, 2010)
Quando Tom tem de ir passar o Verão a casa dos tios, resigna-se a semanas intermináveis de aborrecimento. Acordado na cama, ouve o relógio do avô na entrada. Onze… Doze… Treze… Treze! Tom corre pelas escadas abaixo e encontra ao sair pela porta das traseiras um maravilhoso jardim. Um jardim que todos dizem que não existe. O jardim da meia-noite está cheio de magia e aventuras e crianças. Serão fantasmas? Ou será Tom o fantasma?
O Feiticeiro e a Sombra,de Ursula K. Le Guin (Editorial Presença, 2003)
Numa terra longínqua chamada Terramar vive o maiorde todos os arquimagos. O seu nome é Gued, mas há muito tempo atrás, ele era um jovem chamado Gavião, um ser estranho, irrequieto e sedento de poder e sabedoria, que se tornou aprendiz de feiticeiro. Neste livro conta-se a história da sua iniciação no mundo da magia e dos desafios que teve que superar depois de ter profanado antigos segredos e libertado uma negra e pérfida sombra sobre o mundo. Aprendeu a usar as palavras que libertavam poder mágico, domou um dragão de tempos imemoriais e teve de atravessar perigos de morte para manter o equilíbrio de Terramar. No meio de um suspense quase insustentável, de encontros místicos, de amizades inquebráveis, de sábios poderosos e de forças tenebrosas do reino das trevas e da morte, Gued não pode vacilar, qualquer fraqueza sua fará perigar o equilíbrio que sustenta o mundo… e a sombra maléfica que ele libertou, gélida e silenciosa, só está à espera desse momento para devastar, com as suas asas negras, o mundo inteiro.
O Ciclo de Terramar é uma admirável tetralogia, por muitos comparada a
clássicos como Nárnia de C.S. Lewis
ou O Senhor dos Anéis de J.R.R.
Tolkien. Esta magnífica saga, que se tornou numa obra de referência no
vastíssimo percurso literário desta escritora norte-americana, tem início com O Feiticeiro e a Sombra. O universo de
Terramar, simultaneamente tão semelhante e diferente do nosso, é, sem dúvida,
uma das maiores criações da literatura fantástica, e o poder misterioso e
mágico que emana da narrativa, a sensibilidade que ilumina os momentos de
profunda sabedoria, a intensidade das personagens, o estilo elegante e
cristalino conquistam-nos de imediato e rapidamente nos arrebata para os
meandros dos seus reinos imaginários.
A História de Ferdinando, de Munro Leaf (Kalandraka, 2016)
Era uma vez,em Espanha… um pequeno touro que se chamava Ferdinando. Todos os touros da mesma idade gostavam de correr e saltar e dar marradas uns aos outros. Todos menos Ferdinando. Do que ele gostava era de estar sossegado, a cheirar as flores…». A História de Ferdinando é uma alegoria pacifista e antibélica que conta com mais de 60 traduções. A Kalandraka recupera agora a primeira versão a preto e branco deste clássico, ainda tão atual, mas que já data de 1936.
O lirismo da
prosa, a linguagem próxima da infância e um humor muito subtil são algumas das
qualidades deste texto com que Munro Leaf questiona as touradas e rejeita a
violência, para além de apoiar a liberdade individual e o respeito pela
diferença. Ilustrado por Robert Lawson, este álbum foi selecionado pela
Internationale Jugend Bibliothek com um dos 10 clássicos em prol da paz e da
tolerância.
Onde Vivem os Monstros,de Maurice Sendak (Kalandraka, 2009)
Na noite em que Max vestiu o seu fato de lobo e começou a fazer travessuras a torto e a direito, a mãe chamou-lhe – Monstro!
E Max
respondeu-lhe: – Vou-te Comer!
Então ela
mandou-o para a cama sem jantar. Naquela mesma noite, no quarto de Max surgiu
uma floresta que cresceu….
Esta obra,
publicada pela primeira vez em 1963, suscitou certa polémica pelo tratamento
nada exemplar para com as crianças, mas tornou-se num clássico da Literatura
infantil e juvenil e num referente imprescindível do seu género. Não só obteve
a Medalha Caldecott (1964) e o American Book Award, como também foi eleito pelo
‘The New York Times Book Review’ como um dos melhores livros ilustrados; desde
então foi traduzido em inúmeras línguas e tornou-se num dos títulos mais lidos.
Max empreende
uma viagem simbólica a partir daí até um lugar fantástico, atravessando um
tempo mítico e enfrentando os seus próprios medos. Depois de se tornar no rei
de uns monstros tão ferozes como insinuantes, regressa ao ponto de partida,
onde o aguarda o jantar. Uma viagem de ida e volta, pelo tempo e pelo espaço,
da realidade à ficção, sem que nada nem ninguém explique se essa metamorfose
foi produto de um sonho ou de uma fantasia. Um paradigma do álbum ilustrado
pela perfeita conjugação entre palavra e imagem; uma história poética e
singela, narrada com humor, com total economia expressiva e absoluta harmonia
entre texto e imagem.
Matilda, de Roadl Dahl (Oficina do Livro, 2017)
O pai da Matilda acha que a filha não é mais do que uma crosta.
A mãe passa o
tempo a jogar bingo e a ver televisão.
A stôra Docemel é a única que vê o
potencial da menina.
A Sra.
Partetudo, diretora da Escola Tiraniza, julga todos os alunos burros e fecha-os
dentro da Pildra.
E a Matilda…
é uma menina dotada de uma grande inteligência, que se cansou do comportamento
idiota dos adultos e vai ensinar-lhes uma grande lição!
O Livro da Selva, de Rudyard Kipling (Livros do Brasil, 2017)
Abandonada pelos pais no interior da selva indiana, uma criança morena e nua, ainda a dar os primeiros passos, é encontrada por uma alcateia – e logo esta se torna a sua alcateia. Mowgli, assim lhe chama a Mãe Loba, tornar-se-ia um dos seus lobitos e em breve aprenderia a conhecer todos os sussurros da erva, todo o sopro tépido da noite, todo o pio de mocho ou som de peixe no charco. O sábio urso Baloo e a pantera negra Bagheera, a poderosa jiboia Kaa e o ameaçador tigre Shere Khan são alguns dos fascinantes habitantes do mundo de perigos e deslumbramento, de excitação e de medos, de coragem e de amizade onde Mowgli irá crescer. Publicadas originalmente em revistas, estas inesquecíveis aventuras foram compiladas pela primeira vez em livro em 1894, numa edição que contou com ilustrações originais concebidas pelo pai do autor e que recuperamos nesta nova edição. Diversas vezes adaptado ao cinema O Livro da Selva é uma obra-prima da literatura juvenil, adotado pelo Escutismo como livro de referência e acarinhado por crianças e adultos de todo o mundo.
O Rei que Foi e Um Dia Será, de T.H. White (Publicações Europa-América, 1989)
Esta é aobra-prima da literatura que reconta o mito arturiano e que foi adaptada ao cinema por Walt Disney. A história decorre no país encantado de Gramarye, a Inglaterra feudal de domínio normando, e segue a lenda do rei Artur, dos cavaleiros da Távola Redonda, da demanda do Santo Graal e da mística espada Excalibur. É considerada pelos especialistas a obra que veio modernizar o mito do rei Artur e renovar o interesse do público por este tema.
O Vento nos Salgueiros, de Kenneth Grahame (Relógio d’Água, 2017)
Um dos mais importantes e populares clássicos de todos os tempos, O Vento nos Salgueiros de Kenneth Grahame tem vindo a atrair, com o passar dos tempos, um crescente número de leitores. O Rato Almiscarado, o Senhor Toupeira, o Texugo e o incrível Senhor Sapo são personagens inesquecíveis que com as suas aventuras encantam gerações sucessivas de crianças. Mas O Vento nos Salgueiros não é apenas isso… é também a história que todos os filhos gostariam de ver contada aos seus pais.
O Hobbit, de JRR Tolkien (Publicações Europa-América, 2001)
O Hobbit é a história das aventuras de um grupo de anões que vão à procura de um tesouro guardado por um terrível dragão.
São
relutantemente acompanhados por Bilbo Baggins, um hobbit apreciador
do conforto e vida calma. Encontros com elfos, gnomos e aranhas gigantes,
conversas com o dragão, Smaug, o Magnífico, e a presença involuntária na
Batalha dos Cinco Exércitos são algumas das experiências por que Bilbo
passará. O Hobbit é não só
uma história maravilhosa como o prelúdio a O Senhor dos Anéis.
Os Reinos do Norte, de Philip Pullman (Editorial Presença, 2018)
Mundos Paralelos é uma trilogia mágica e poderosa, com aventuras, imaginação e mistério, Philip Pullman tem sido comparado a C.S. Lewis, Tolkien ou Lewis Carroll, e recebeu diversos prémios literários, como a Carnegie Medal, o Guardian Children’s Fiction Prize, o Whitbread Book of the Year, o Smarties Prize, o Astrid Lindgren Memorial Award, pelo conjunto da sua obra. Em Os Reinos do Norte, Lyra, a protagonista, é uma menina de onze anos sempre acompanhada pelo seu génio, Pantalaimon. É com ele que empreende uma perigosa viagem às vastidões longínquas do Norte, para tentar desvendar os seus mistérios…
Mas a
realidade revela-se assustadora… Lyra conhece criaturas fantásticas,
feiticeiras que cruzam os céus gélidos, espectros fatais e ursos blindados,
numa luta terrífica entre a vida e a morte, o bem e o mal, a sobrevivência ou a
aniquilação do mundo… Traduzida em mais de 40 línguas, esta trilogia
ultrapassou já os 18 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, tendo uma
adaptação ao cinema, sob o título A
Bússola Dourada, com Nicole Kidman e Daniel Craig nos principais papéis.
As Crónicas de Nárnia, de C.S. Lewis (Editorial Presença, 2003)
Este clássico de literatura infantil escrito em 1955 por C.S. Lewis e ilustrado por Pauline Baynes é o primeiro de sete volumes que compõem As Crónicas de Nárnia e que dão início a uma nova coleção da Presença com o mesmo nome. Neste livro, Digory e Polly conhecem-se e tornam-se amigos num frio e chuvoso Verão em Londres. Os dois irão viver fantásticas aventuras quando o maléfico tio de Digory, Andrew, que pensa ser um mágico, os manda repentinamente para outro mundo. Acabam por encontrar o caminho para Nárnia, um mundo encantado repleto de um sol radiante, de flores e árvores que crescem miraculosamente e de animais falantes, criado através da canção de Leão… Uma história inesquecível, que nos mostra como começou o gloriosonascimento de Nárnia. Uma obra que vai apaixonar miúdos e graúdos, amplamente conhecida do público em geral.
O Caminho do Peregrino, de John Bunyan (Alma dos Livros, 2017)
O Caminho do Peregrino é considerado, depois da Bíblia, o livro mais vendido de sempre. É a obra de ficção mais importante na história do cristianismo. Nenhum outro foi traduzido em tantos idiomas, teve tantas edições ou inspirou tantos milhões de leitores em todo omundo. É o n.º 1 da lista «os melhores livros de sempre» do The Guardian. A obra descreve os passos de um peregrino através do caminho da vida e oferece uma profunda mensagem espiritual para aqueles que estão decididos a viver de um modo mais verdadeiro, em consonância com aquilo que trazem gravado no coração.
No decorrer
da viagem, desde o instante em que decide deixar a sua antiga cidade e
percorrer o caminho que o levará à cidade celestial, o peregrino encontra
diferentes personagens e lugares, e estes representam cada uma das etapas que
deve ultrapassar para alcançar o seu destino. Em cada encruzilhada, um novo
desafio. Em cada vitória, uma nova responsabilidade. Uma incrível experiência
humana e espiritual. Para milhões de pessoas do mundo inteiro, O Caminho do Peregrino carrega uma
mensagem de esperança e é um modelo ímpar da perseverança e do alento no meio
das dificuldades da vida. É verdadeiramente inspirador e motiva a reflexão
sobre aquilo que estamos dispostos a abandonar ou a guardar connosco quando
decidimos seguir a nossa verdadeira vocação e o nosso coração.
As mil e uma noites, autor anónimo (E-primatur, 2017)
Entre 1704 e 1717, o orientalista francês Antoine Galland publicou em 12 volumes pela primeira vez numa língua europeia As Mil e Uma Noites. Apesar de Galland ter baseado a primeira parte da sua tradução no manuscrito (quase) completomais antigo que se conhece (Séc. XIV), mudou significativamente o texto, alterando de forma drástica várias histórias, fazendo acrescentos a seu gosto, introduzindo histórias que nunca tinham feito parte das versões manuscritas edepurando todas as partes impudicas.
As Mil e Uma Noites são um conjunto de histórias populares recolhidas
por autor anónimo que teriam sido alegadamente escritas em persa e
posteriormente traduzidas para árabe.
O seu tom
coloquial lembra os contos tradicionais portugueses, mas sem terem sido
recolhidos por intelectuais e sem peias: as histórias são fantásticas,
eróticas, violentas, apaixonantes e apaixonadas, cheias de lições morais e
problemáticas filosóficas, de conselhos para melhor viver e amar. No
corriqueiro de histórias para entreter reside a sabedoria milenar de vários
povos e de uma antiguidade que nos é, ainda assim, ao mesmo tempo estranha e
próxima. Talvez por isso as histórias de As
Mil e Uma Noites estejam na base de muita da grande literatura universal
por nos terem dado o imaginário da literatura fantástica oriental. Hugo Maia,
tradutor e sociólogo, estudou língua, história e cultura árabes, preparou a
primeira tradução feita em Portugal, a partir dos manuscritos árabes mais
antigos, menos embelezada e filtrada pelo imaginário ocidental, mais pura,
sobretudo mais fiel.
Contos, Hans Christian
Andersen (Temas e Debates, 2015)
HansChristian Andersen queria ser um poeta para todas as idades e conseguiu-o: há mais de um século que cativa os corações tanto de crianças como de adultos. Notáveis pela capacidade descritiva e profunda sensibilidade, os seus contostransmitem-nos lições subtis sobre diversos aspetos do comportamento humano: a hipocrisia em O Fato Novo do Imperador, a compaixão em A Rapariguinha dos Fósforos, a necessidade da esperança em O Patinho Feio ou o poder da amizade e da coragem no admirável A Rainha da Neve…
Do mestre dinamarquês, a presente edição reúne 156 contos, dos mais populares aos menos conhecidos, dos mais alegres aos mais sombrios, mas sempre fascinantes para gerações sucessivas de leitores.
Contos Completos, Irmãos Grimm (Temas e Debates,
2013)
Os Contos da Infância e do Lar (Kinder- und Hausmärchen), de Jacob e WilhelmGrimm, são a obra de língua alemã mais traduzida e editada no mundo. Publicada pela primeira vez em Berlim em 1812 e em 1815, foi crescendo em popularidade ao longo do Séc. XIX, consagrando-se como um dos tesouros da cultura popularalemã e europeia. Os critérios de rigor e de fidelidade por que se regia e os valores nacionalistas em que assentava inspiraram projetos idênticos de recolhade contos orais um pouco por toda a Europa.
A presente
edição reúne os três volumes de Contos da Infância e do Lar e constitui a
primeira tradução integral da obra em língua portuguesa.
As aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do outro lado do espelho, Lewis Carroll (Relógio d’Água, 2000)
Dois em um, isto é, dois clássicos da literatura infantil, As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho num só livro. A edição tem ainda as ilustrações de John Tenniel que acompanharam as primeiras edições de ambos os livros. Lewis Carroll, pseudónimo de Charles Dogson, diácono, matemático, lente da Universidade de Oxford e fotógrafo amador, contava estas histórias, que depois passaria à escrita, para entreter as meninas Liddell, filhas do deão da Igreja de Cristo em Oxford, especialmente Alice, a sua favorita. De aí para cá foram, econtinuaram certamente a ser, milhões de crianças fascinadas pelo universofantástico da pequena Alice e do seu cortejo de animais e objetos que falam.
Tudo por causa da tecnologia. «Quando vou de carro com os meus filhos para algum lado, eles ficam agarrados ao telemóvel. É estranho conduzir com toda a gente agarrada ao telemóvel», conta Jeff Kinney, autor da série juvenil de sucesso «O Diário de um Banana», editada em Portugal pela Booksmile, numa entrevista dada ao The Telegraph.
Jeff Kinney receia que, por causa da proliferação do uso do telemóvel entre as crianças, estas estejam a perder a capacidade de ter uma conversa entre elas e com os adultos. As conversas sucedem-se por meio de mensagens, com palavras incompletas, quase reduzidas ao mínimo. «Somos todos complacentes», afirma o autor, «como pais também».
A forma como as crianças comunicam alterou-se radicalmente nas últimas décadas e isso pode estar a afetar a forma como estes futuros adultos se socializam e se integram na socidade. «É quase impossível escrever sobre a infância sem mencionar telemóveis e mensagens eletrónicas.», admite Kinney. Ainda assim, o autor planeia continuar a escrever muitas mais histórias de Greg. Em novembro, sairá o 13.º título da série, ainda sem título.
O Diário de Anne Frank – Diário Gráfico, de Ari Folman, David Polonsky e Anne Frank, Porto Editora
«”12 de junho de 1942: Espero poder confiar-te tudo, como nunca pude confiar em ninguém, e espero que venhas a ser uma grande fonte de conforto e apoio.”
No verão de 1942, com a ocupação nazi da Holanda, Anne Frank e a família são forçados a esconder-se. Durante dois longos anos, vivem com um grupo de outros judeus num pequeno anexo secreto em Amesterdão, temendo diariamente ser descobertos. Anne tinha treze anos quando entrou para o anexo e levou com ela um diário que manteve no decorrer de todo este período, anotando os seus pensamentos mais íntimos, os seus receios e esperanças, e dando conta do dia a dia da vida em reclusão. Em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial — a que Anne não sobreviveria —, o seu pai publicou este diário, um documento inspirador que é ainda hoje um dos livros mais acarinhados em todo o mundo e uma obra marcante na história do século xx.
Lançada mundialmente em celebração do 70.º aniversário de O Diário de Anne Frank, esta é a sua primeira adaptação para banda desenhada, realizada com a autorização da família e tendo por base os textos originais do diário.»
Todos conhecemos a história de Anne Frank. Mas, este ano, os mais novos (e mais velhos também, que é um livro para todas as idades), vão poder acompanhá-la de uma forma diferente, mais direta e imediata, aliando as imagens desta novela gráfica ao texto que durante décadas tem marcado presença na nossa memória. Fiel à história original, com ilustrações vivas e dinâmicas, que nos permitem ter imediatamente um reconhecimento visual da história, permitindo que as camadas mais jovens da população consigam ter uma experiência mais profunda, ainda que sempre otimista, como era a própria Anne, desta história que, mais do trágica, é tão real. Vale a pena ler pela primeira vez ou então reler, vezes sem conta. E nunca esquecer.
O ódio que semeias, de Angie Thomas, Editorial Presença
«Starr tem 16 anos e move-se entre dois mundos: o seu bairro periférico e problemático, habitado por negros como ela, e a escola que frequenta numa elegante zona residencial de brancos.
O frágil equilíbrio entre estas duas realidades é quebrado quando Starr se torna a única testemunha do disparo fatal de um polícia contra Khalil, o seu melhor amigo.
A partir daí, pairam sobre Starr ameaças de morte: tudo o que ela disser acerca do crime que presenciou pode ser usado a seu favor por uns, mas sobretudo como arma por outros.
Um poderoso romance juvenil, inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência.»
Continuamos na saga de leituras fortes e que que são mais do que palavras em folhas de papel. No entanto, é impossível não recomendar este livro que, sendo a obra de estreia desta autora, ganhou em duas categorias dos Goodreads Choice Awards de 2017 (Melhor livro de ficção Young-Adult e Melhor autor estreante no Goodreads). Uma leitura extremamente atual, que nos alerta para as questões raciais que vivemos ainda nos dias de hoje e nos pinta cenários que, por mais que gostássemos de pensar que são apenas ficção, são fiéis retratos da realidade.
“Um romance brilhante, impressionante e implacável que ficará para a história como um clássico moderno”, nas palavras de John Green.
Mil vezes adeus, de John Green, Edições Asa
«Não era intenção de Aza, uma jovem de dezasseis anos, investigar o enigmático desaparecimento do bilionário Russell Pickett. Mas estão em jogo uma recompensa de cem mil dólares e a vontade da sua melhor amiga Daisy, que se sente fascinada pelo mistério. Juntas, irão transpor a distância (tão curta, e, no entanto, tão vasta) que as separa de Davis, o filho do desaparecido.
Mas Aza debate-se também com as suas batalhas interiores. Por mais que tente ser uma boa filha, amiga, aluna, e quiçá detetive, tem de lidar diariamente com as suas penosas e asfixiantes «espirais de pensamentos». Como pode ser uma boa amiga se está constantemente a pôr entraves às aventuras que lhe surgem no caminho? Como pode ser uma boa filha se é incapaz de exprimir o que sente à mãe? Como pode ser uma boa namorada se, em vez de desfrutar de um beijo, só consegue pensar nos milhões de bactérias que as suas bocas partilham?
Neste tão aguardado regresso, John Green, autor premiado de A Culpa É Das Estrelas e À Procura de Alaska conta, com dolorosa intensidade, a história de Aza, numa tentativa de partilhar connosco os dramas da doença que o afeta desde a infância. O resultado é um romance brilhante sobre o amor, a resiliência, e o poder da amizade.»
E por falar em John Green, claro que o novo livro dele teria de constar desta lista. Mundialmente esperado, este livro leva-nos diretamente para a cabeça da jovem Aza e para todos os pensamentos que por lá pairam – comportamentos obsessivos-compulsivos, ansiedade, inseguranças… Que o autor capta de forma formidável, revelando-nos uma história profunda e que vai para além da narrativa. No entanto, aqui, as opiniões dividem-se um pouco e se, por um lado, temos o New York Times a dizer que se trata da melhor obra de John Green, por outro, alguns dos seus leitores não se sentiram tão ligados a este livro, sentindo que a história para lá a mente de Aza é algo previsível e, até, enfadonha. Nada como lermos por nós para tirar quaisquer dúvidas, enquanto apreciamos o toque de mestria com que John Green aborda o tema da saúde mental sem vitimizar a heroína da sua história.
O urso e o piano, de David Litchfield, Booksmile
«Um dia, um ursinho encontra na floresta uma coisa estranha…
É grande, parece uma caixa e tem teclas que fazem PLONC!
A partir do momento em que descobre que a coisa estranha produz sons magníficos, ele embarca numa viagem que o leva para longe de casa.
Num piscar de olhos, o urso vai parar a uma terra nova e maravilhosa, onde o ar está repleto de belos sons e onde a fama lhe abre os braços. No entanto, apesar do sucesso alcançado, ele sente falta do que deixou para trás…»
Uma história deliciosa sobre a família, o amor e a importância que eles têm quando partimos em buscar dos nossos sonhos. Este livro dá-nos a conhecer a aventura do pequeno urso que descobriu um piano e embarcou numa aventura que o levou para outras paisagens. Mas quando as saudades apertam, o urso terá de fazer algumas escolhas difíceis, percebendo o que é verdadeiramente importante para si. Ilustrado com muita mestria pelo próprio autor, que mistura as ilustrações e o texto num equilíbrio perfeito para captar a essência da história e inundar-nos com emoções, é um conto que tanto agradará a miúdos como a graúdos e é o presente ideal para oferecer nesta festa que é a da família.
A tartaruga Celeste e o menino que chorava música, de Sofia Fraga, ilustrações de Paulo Galindro, Minotauro
«De tempos a tempos, uma estrela cai do céu e vem cair na Terra; de tempos a tempos, uma tartaruga vem ao mundo sem a casa às costas e, de tempos a tempos, nasce uma criança que em vez de chorar canta. Tudo isto de tempos a tempos, mas e se, como que comandados por uma mão invisível, todos estes improváveis acontecessem exactamente à mesma hora, no mesmo minuto, ao bater da última badalada do relógio… ora aí estaria uma história que mereceria ser contada!»
E por falar em livros mágicos e imperdíveis, terminamos esta ronda de sugestões com uma história belíssima, cheia de amor e de ternura em cada palavra e em cada traço da ilustração. Esta é a história da tartaruga Celeste, que nasceu sem carapaça, e do Pedro, o menino que chorava música. Nascidos na mesma noite, diferentes de todos os outros desde sempre e únicos à sua maneira, o destino da Celeste e do Pedro é encontrarem-se e tornarem-se amigos improváveis, neste mundo que olha com estranheza os casos insólitos da vida. Uma história de amizade, amor-próprio e aceitação, que cativará a família inteira.
O Natal está a chegar e cresce a ansiedade de encontrar um presente no sapatinho. A Fábulas é uma devoradora de livros. De todos os tamanhos e formas. Grandes, pequenos, com letras e ilustrações, só com ilustrações ou apenas com texto. E, nesta quadra festiva, sugere-te livros para explorares o ano que se avizinha, no quentinho da lareira.
Natal!, texto de Tracey Corderoy, ilustrações de Tim Warnes, Minutos de Leitura
«O Natal está a chegar. O Rodrigo nunca esteve tão entusiasmado! E ideias não lhe faltam: ele quer tornar este o melhor Natal de sempre….
Oh, oh! Cuidado!»
Por que razão? O Natal é uma época de grande euforia para todos, sobretudo para os mais novos. Esta é a história de Rodrigo, um menino como tantos outros, que fica entusiasmado com a noite de Natal e contagia os pequenos leitores com as suas brilhantes ideias para tornar este um dia único e especial.
Oh! Um Livro com Sons, de Hervé Tullet, Editorial Presença
«Depois de “Mistura as Cores” e “Vamos Jogar?”, Hervé Tullet volta com mais um extraordinário livro que nos leva ao mundo das cores e da imaginação. Mas este é um livro sonoro! Carregas com o dedo na página e… és tu que fazes os sons! Para além de estimular a imaginação, eis um livro perspicaz e divertido que promove o desenvolvimento das capacidades psicomotoras e aumenta a atenção e a criatividade.»
Livro-interativo, para quê? Os momentos em família, além de serem fundamentais no crescimento e desenvolvimento das crianças, podem constituir importantes momentos de brincadeiras e aventuras. Num ambiente lúdico, a família poderá explorar este livro que estimula, através do jogo de sons, a imaginação, a criatividade e atenção da criança.
O Gigante Secreto do Avô, de David Litchfield, tradução de Luísa Costa Gomes, Booksmile
«Autor vencedor do prémio Melhor Livro Ilustrado da Waterstones. Quando o avô lhe diz que existe um gigante escondido na sua cidade, que ajuda toda a gente em segredo, o Billy não acredita. Por isso, decide procurá-lo. Mas quando finalmente o vê com os seus próprios olhos, ele fica aterrorizado! O que o Billy não sabe é que aquele enorme e assustador gigante está prestes a ensinar-lhe uma importante lição… Divertida e ternurenta, esta é uma história GIGANTE sobre a amizade e a aceitação da diferença, que não vai deixar ficar ninguém indiferente.»
Porquê? Os livros são um bom instrumento para transmitir valores, como o Amor, a Amizade, o Respeito, a Tolerância, a Verdade, a Entreajuda, entre outros. Mais do que uma festa, o Natal é uma (re)união da família e dos amigos e a leitura desta história, num ambiente saudável e harmonioso, pode ajudar a cultivar este sentimento muito nobre logo desde tenra idade.
Para lá do Inverno, de Isabel Allende, Porto Editora
«Isabel Allende parte da célebre frase de Albert Camus para nos apresentar um conjunto de personagens próprios da América contemporânea que se encontram «no mais profundo inverno das suas vidas»: uma mulher chilena, uma jovem imigrante ilegal guatemalteca e um cauteloso professor universitário. Os três sobrevivem a uma terrível tempestade de neve que se abate sobre Nova Iorque e acabam por perceber que para lá do inverno há espaço para o amor e para o verão invencível que a vida nos oferece quando menos se espera. “Para lá do Inverno” é um dos romances mais pessoais da autora: uma obra absolutamente atual que aborda a realidade da migração e a identidade da América de hoje através de personagens que encontram a esperança no amor e nas segundas oportunidades.»
Ler, porque sim! Pela apaixonante história que prende a nossa atenção e cativa até ao desfecho, sugiro que não deixem de ler este magnífico romance.
Reaccionário com Dois Cês – Rabugices Sobre os Novos Puritanos e Outros Agelastas, de Ricardo Araújo Pereira, Tinta da China
«Depois de mais de 40 mil exemplares de “A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram Num Bar”, chega o novo livro de Ricardo Araújo Pereira. Quem já o leu, já o ouviu na rádio ou já o viu na televisão (e é difícil que uma das três coisas ainda não tenha acontecido a alguém em Portugal) sabe que uma das grandes causas de Ricardo Araújo Pereira é a liberdade de expressão. “Reaccionário com Dois Cês” é sobre isso, mas é também sobre portugalidade, vitórias no Euro, propriazinhas (ou selfies), língua portuguesa, Shakespeare, os justiceiros das redes sociais, a vagina de Marine Le Pen e outras rabugices, num livro que se divide em quatro capítulos: – Comente o seguinte País – Admirável Facebook novo – Então mas o que é isto? – Assim como nós não perdoamos a quem nos tenha ofendido.»
Vale a pena ler? Óbvio que sim! Um livro recheado de bom humor, de ironia, de boa disposição, de irreverência e de inteligência, que nos fala da realidade do país e do mundo.
Cinco livros para ler, para desfrutar, para folhear, para oferecer ou para partilhar. Em qualquer lugar. A qualquer hora. Porque, nas férias, é tempo de ler. E os livros são sempre uma das melhores companhias.
A Sereia e os Gigantes, de Catarina Sobral, Orfeu Negro
«Conta a lenda que havia dois gigantes, o Mar e a Montanha, que nunca se tinham zangado. Um dia, a Sereia chegou e, de imediato, despertou a curiosidade dos gigantes, que logo dela se enamoraram. Numa disputa feroz, o Mar e a Montanha movem céus e terra um contra o outro, na esperança de conquistar o amor da Sereia.»
Porquê? Verão cheira a maresia, praia, ondas, conchas e criaturas e monstros marinhos. Por isso, estas são as férias ideais que nos podem ajudar a viajar, através do universo das letras e dos livros, para cenários idílicos e paradisíacos, ao conhecer e ler histórias que despertem a curiosidade pelo maravilhoso mundo marinho, descobrindo as suas lendas, os seus encantos e as suas riquezas.
Cá Dentro, texto de Isabel Minhós Martins e Maria Manuel Pedrosa, ilustrações de Madalena Matoso, Planeta Tangerina
«Na Antiguidade julgava-se que o órgão responsável pelos nossos pensamentos e emoções era o coração. Hoje já sabemos que tudo o que somos – pensamentos, emoções, decisões, ideias – acontece dentro do cérebro, em conversa contínua com o resto do corpo. Mas como nasce um pensamento? Como funciona o cérebro? Como é que o cérebro guarda o que aprende? Como se emociona, cria, inventa e faz de cada um de nós uma pessoa única e irrepetível? Construído com o apoio de uma equipa de neurocientistas, filósofos e psicólogos, Cá Dentro acompanha a evolução do cérebro desde o primeiro segundo, mostra-nos a incrível realidade construída com a ajuda dos sentidos, explica-nos como aprendemos, decidimos ou agimos e também como nos ligamos às outras pessoas, outros cérebros. Se todas as experiências da vida contribuem para moldar o nosso cérebro, esperamos que esta leitura contribua para um cérebro (ainda) mais curioso, motivado e feliz.»
Por que razão? O cérebro humano é um mundo difícil de compreender. Mas todos, em algum momento das nossas vidas, ansiamos ter a lâmpada do Aladino para perceber como tudo funciona: os nossos pensamentos, as nossas emoções, as nossas ideias. Este livro, que pode ser explorado num ambiente de harmonia familiar, leva-nos numa viagem pelo órgão mais complexo de entender, numa linguagem acessível e num percurso de desafios sobre o fascinante e misterioso mundo da massa cinzenta. Uma descoberta que pode tornar os cérebros leitores mais seguros, exigentes, autênticos e espontâneos.
Descobre o caminho – No fundo do mar, de Paulo Boston, Booksmile
«Os habitantes da Cidade Oceânica precisam da tua ajuda! Explora o fantástico mundo subaquático e ajuda-os a construir um castelo. Mergulha junto ao navio naufragado e tem cuidado com o polvo gigante, enquanto resolves enigmas matemáticos e colecionas objetos ao longo do caminho.»
Livro-interativo, porquê? As férias são para ler, mas também brincar. E quando é possível conciliar estas duas actividades, tudo fica mais fácil. Com este livro, pretende-se que os leitores mais novos descubram o fascinante mundo aquático, através da interatividade e dos desafios matemáticos propostos, contribuindo para o seu desenvolvimento intelectual e para o raciocínio lógico.
O Mundo de Garfield 1978-1983, de Jim Davis, Verbo
«Quem não conhece Garfield, esse gato redondinho (nunca lhe chamem gordo!) e cor de laranja que nasceu na cozinha de um restaurante italiano? Preguiçoso e guloso, adora comida italiana (e não só!), não perde uma boa sesta, odeia as segundas-feiras, é avesso a passas e a dietas, tem nojo de caçar ratos, detesta despertadores e, sobretudo, tem um constante e adiado ajuste de contas (e de peso) com a balança. O Mundo de Garfield, 1978 – 1983, para além de coligir num único volume, a preto e branco e por sequência cronológica, as tiras originalmente publicadas durante os primeiros cinco anos e meio da vida de Garfield, conta ainda artigos que permitem ao leitor acompanhar o percurso de um gato sarcástico e preguiçoso, cujo sucesso é indesmentível.»
Ler, porque sim! O gato Garfield é a personagem de banda desenhada criada por Jim Davis e a mais publicada em jornais de todo o mundo, tendo-lhe valido, em 2002, um recorde do Guiness. É um gato preguiçoso, sarcástico e guloso, que adora dormir, comer lasanha e pizza e delicia os leitores com o seu humor indesmentível. Um livro para descontrair com as tirinhas apetecíveis deste gato redondinho!
A Sereia, de Kiera Cass, Marcador
«O mesmo discurso foi feito centenas de vezes a centenas de lindas raparigas que entram na irmandade das sereias. Há anos que Kahlen segue as regras, esperando pacientemente pela vida que poderá considerar sua. Mas quando Akinli, um ser humano, entra no seu mundo, ela não consegue continuar a viver segundo as regras. De repente, a vida pela qual tem esperado não parece tão importante como a que está a viver agora. «Se tens estado pacientemente à espera de algo num mundo não relacionado com “A Seleção”, aqui o tens! Deram-me a oportunidade de reescrever o meu primeiro livro, “A Sereia”. Este conta a história de Kahlen, uma sereia, enquanto vive com as suas irmãs ao serviço de Oceano, afundando navios com o seu canto e mantendo em segredo o seu dom mortífero. Kahlen vai gerindo as coisas o melhor que se pode esperar de uma rapariga que está proibida de falar, cantar e rir, até conhecer Akinli, um rapaz ligado a Oceano à sua maneira. E então, a vida que ela poderia ter agora, ainda que breve e cheia de segredos, parece valer o risco, mesmo que isso signifique desistir do futuro para o qual tem trabalhado.»
Vale a pena ler? Claro que sim! Como se cruzam os mundos de uma Sereia e de um Humano? Será que a conexão intensa que os une será suficiente para corromper as regras que os impedem de se ligar um ao outro? Até onde vai a coragem para seguir a voz do coração? Uma história emocionante e arrebatadora que não podem deixar de ler!
Sol, calor, praia, mar, campo e esplanada são sinónimos de verão. A verdade é que as férias estão (quase) a chegar. Há mais tempo e disponibilidade para usufruir da companhia dos familiares e dos amigos. Mas é também nesta época que se compensa a falta de tempo que, durante o ano, temos para nos dedicar a atividades culturais que nos dão prazer. Que nos relaxam. Que nos enriquecem. Que nos alimentam o corpo e o espírito. Como a leitura. Quem não se sente sereno e num mundo mágico quando lê um livro? Porque podemos ler em todo o lado, basta para isso levarmos na mala, no saco de viagem e/ou de praia ou na carteira um pequeno livro para folhear e deixar-nos viajar pelo seu mundo imaginário e criativo. Sem sair do lugar.
Partilhamos com os nossos leitores o que há de novo no universo editorial, dirigido a leitores de diferentes idades – miúdos aos graúdos, para que possam fazer as vossas melhores escolhas:
A Maratona dos Bichos, texto de Regina Boratto e Vanda Romão e ilustrações de Vanda Romão, Editorial Caminho
«Três velhos amigos — um porquinho, um urso panda e uma tartaruga — adoravam corridas e sonhavam em ser velozes e ágeis como os felinos.
Resolveram, então, organizar uma maratona e correr também! Como não eram muito velozes, acharam melhor convidar outros animais, também lentos por natureza, para aumentar as hipóteses de ganharem.
E foi assim que um bicho preguiça, um rinoceronte e um burrinho entraram na disputa.
Os três amigos preparavam-se para vencer, mas quando a corrida começou, acabaram por se atrapalhar… E as surpresas também apareceram! O grande vencedor surpreende, dando uma lição a todos os que duvidaram da sua vitória.»
A Revolta dos Vegetais, de David Aceituno e Daniel Montero Galán, Nuvem de Letras
«Os vegetais estão fartos! … Fartos de meninos chorões e queixinhas que nunca acabam o que têm no prato. Por isso, disseram BASTA! e reivindicaram o seu lugar no mundo. Como? com a revolta mais endiabrada, divertida e vitamínica jamais vivida no interior de um frigorífico. Um álbum ilustrado muito divertido e original para incentivar as crianças a comer vegetais.»
Se Vir Um Ovni… Peço-lhe Boleia, de Nurb, Planeta Editora
«Um manual de sobrevivência para o fim da adolescência – início da idade adulta. O popular YouTuber e cantor propôs-se escrever um livro que fosse uma espécie de manual para a transição entre a vida adolescente e a adulta, relatando as experiências e lições aprendidas na sua vivência. Mas, ao reflectir sobre a vida e o mundo que o rodeia, acabou por perceber que quem precisa de um manual para sobreviver neste planeta é ele.»
Por Treze Razões, de Jay Ashe, Editorial Presença
«Não podes parar o futuro, nem voltar atrás ao passado. A única maneira de perceberes o mistério… é carregando no play. Clay Jensen não quer ter nada a ver com as cassetes gravadas por Hannah Baker. Hannah está morta. Os seus segredos foram enterrados com ela. Mas a voz de Hannah diz a Clay que o nome dele está gravado naquelas cassetes e que ele é, em parte, responsável pela sua morte. Clay ouve as gravações ao longo da noite. Ele segue as palavras gravadas de Hannah pela pequena cidade onde vive… e o que descobre muda a sua vida para sempre. Por Treze Razões é um romance intenso e sempre atual, adaptado a minissérie pela Netflix.»
O Pianista de Hotel, de Rodrigo Guedes de Carvalho, Publicações Dom Quixote
«O Pianista de Hotel transporta-nos numa melodia.
É uma entrada para um mundo regido pela linguagem da música, pela sua força e beleza, presentes no ritmo de cada frase, de cada parágrafo rigorosamente medido.
Livro em camadas, nele se cruzam diversos planos, diversas histórias perpassadas pelo poder redentor da música que entra e rasga, a solidão, a dor e o vazio das pessoas que habitam nestas páginas. Com um vasto subtexto, a densidade das personagens está carregada de mistérios que nos prendem a sucessivas interrogações.
Há um pouco de nós em todas elas.
Há muito de nós neste mergulho ao mais fundo da alma humana.
É um romance que se lê e ouve, que mantém todos os sentidos alerta. Uma pauta musical, com andamentos diversos, que acabam por se cruzar numa vertigem imprevisível de autêntico thriller psicológico.
E, depois, há o pianista…»
Escrito na Água, de Paula Hawkins, Topseller
«Um thriller intenso, da autora do bestseller mundial A Rapariga no Comboio. Cuidado com as águas calmas. Não sabemos o que escondem no fundo. Nel vivia obcecada com as mortes no rio. O rio que atravessava aquela vila já levara a vida a demasiadas mulheres ao longo dos tempos, incluindo, recentemente, a melhor amiga da sua filha. Desde então, Nel vivia ainda mais determinada a encontrar respostas. Agora, é ela que aparece morta. Sem vestígios de crime, tudo aponta para que Nel se tenha suicidado no rio. Mas poucos dias antes da sua morte, ela deixara uma mensagem à irmã, Jules, num tom de voz urgente e assustado. Estaria Nel a temer pela sua vida? Que segredos escondem aquelas águas? Para descobrir a verdade, Jules ver-se-á forçada a enfrentar recordações e medos terríveis há muito submersos naquele rio de águas calmas, que a morte da irmã vem trazer à superfície. Um livro profundamente original e surpreendente sobre as formas devastadoras que o passado encontra para voltar a assombrar-nos no presente. Paula Hawkins confirma, de forma triunfal, a sua mestria no entendimento dos instintos humanos, numa história com tanta ou maior intensidade do que A Rapariga no Comboio.»
Paulo Kellerman nasceu em Leiria, em 1974. Editou, em edições artesanais e limitadas de autor, Livro de Estórias (1999), Dicionário (2000), Sete (2000), Uma Pequena Nuvem Solitária perdida no Imenso Azul do Céu (2001), Fascículo (2002 a 2005, 75 edições), Da Vida e da Morte (2005). Foi um dos responsáveis pela conceção e edição da revista literária Cadernos do Alinhavar e é autor do blogue A Gaveta do Paulo. Participa na organização de diferentes eventos e iniciativas culturais.
A Fábulas entrevistou o escritor. Paulo Kellerman fala-nos do seu percurso e gostos literários, do universo dos seus livros e da importância da literatura na vida de todos nós.
Como surgiu o gosto pela escrita?
Na escola, quando percebi o alcance da palavra escrita. Os professores liam textos meus à turma e havia sempre grandes reações, geralmente de riso porque eram textos com algo de humorístico. E eu, num canto, assistia ao poder que essas palavras tinham, as reações que causavam. Não era eu que desencadeava as reações, eram as minhas palavras. Essa descoberta foi determinante.
Lembra-se do primeiro livro que leu na infância?
Não lembro. As recordações mais fortes e antigas referem-se aos Cinco, mas certamente que terei lido muitos livros antes; contudo, não tenho memória dessas leituras.
Qual a importância de A Gaveta do Paulo?
O blogue foi criado em sequência da publicação do livro Gastar Palavras, em 2005. Alguns dos contos que tinha pré-selecionado para esse livro acabaram por ficar de fora e criei o blogue para os divulgar. A partir daí, a Gaveta ganhou uma enorme importância; os livros que fui publicando foram sendo alinhavados e pré-publicados no blogue, conto a conto, permitindo-me um contacto imediato com os leitores, uma interatividade muito estimulante e enriquecedora. Foi tornando-se um sítio de experimentação e partilha, de crescimento, de liberdade. Mais tarde, com a explosão das redes sociais, os blogues tornaram-se menos apetecíveis para muita gente, mas a Gaveta continua a ser um local especial para mim.
Miniaturas, como o título sugere, é um livro de pequenas histórias, num total de cinquenta e seis, recheadas de humor. Considera que o humor pode ser uma forma de nos aliviar das vicissitudes da vida?
O humor pode ser uma distração poderosa. Mas também pode ser uma forma muito incisiva de nos fazer pensar, de nos confrontar, de nos agitar.
A morte, a solidão ou o confronto interior são alguns dos temas presentes no livro Gastar Palavras. É seu objetivo levar os leitores a identificarem-se e a refletirem sobre as emoções e os pensamentos inerentes a todo o ser humano?
O objetivo é confrontar o leitor consigo próprio e desassossegá-lo. Já percebi que muitos leitores procuram na literatura uma possibilidade de fuga ou de sonho, ou até respostas para as suas inquietações. Mas os escritores que julgam ter respostas ou soluções assustam-me um bocado. Prefiro causar alguma inquietação, algum desconforto; porque é o desconforto que nos impele a avançar, arriscar, tentar. Quando estamos confortáveis, tendemos a ficar quietinhos.
Os Mundos Separados Que Partilhamos narra, num tom intimista, situações e momentos contaminados por solidões, cumplicidades, melancolias e obsessões. Podemos ver nele um retrato da sociedade dos dias de hoje?
Para quem escreve, a observação é fundamental. E um texto inclui, consciente ou inconscientemente, muito do que é observado. Um texto será uma mistura de observação, reflexão, imaginação e vivência; nesse sentido, será sempre um retrato da contemporaneidade do autor. Mesmo que se escreva ficção científica ou romance histórico.
Mente-me e seremos mais felizes é o título de um dos seus e-books. Nele, podemos encontrar a estória «Toda a gente sabe que o facebook é uma treta». Considera que as redes sociais podem ser prejudiciais para os relacionamentos?
As redes sociais têm potencialidades extraordinárias mas também assustadoras. Por esta altura, é impossível pensar em redes sociais e não lembrar o que o Trump faz neste âmbito, a forma como manipula a realidade usando o Twitter.
Silêncios entre Nós é um livro que, à semelhança dos anteriores, aborda as relações humanas no mundo contemporâneo. O silêncio pode ser audível?
O silêncio pode ser tão ruidoso que é capaz de nos ensurdecer. Devia haver nas escolas, juntamente com o português, a matemática e a educação física, uma disciplina que ensinasse como lidar com o silêncio, como aprender a geri-lo e até a saboreá-lo.
Chega de Fado é um ato revolucionário?
Neste país de consensos meio podres e quase sempre aparentes, dizer que não se gosta de fado é quase um ato de rebeldia. E, por acaso, não gosto mesmo nada de fado. Mas o fado a que se refere o título não é o género musical, é antes aquele espírito de ladainha e lamentação, de conformismo, de lamuria e queixa, que caracteriza tantos discursos e posturas. E nesse sentido, sim: chega de fado.
O Céu das Mães é o seu primeiro livro infantojuvenil, com ilustrações de Rute Reimão. Trata um tema difícil e pouco abordado na literatura para crianças: a perda. Conta a história de um menino que perdeu a mãe e que é confrontado com uma afirmação muitas vezes escutada: «a tua mãe está no céu». Considera que os livros podem ajudar a explicar a morte às crianças?
Mais do que explicar, talvez os livros possam ajudar a lidar com emoções. E não gosto muito da literatura que tenta dar respostas ou explicações, da literatura com lições ou moralismos. Parece-me bem mais enriquecedor quando suscita questões, desassossegos, curiosidades, inquietações. Quando tira o sono, em vez de adormecer.
Com o livro Serviços Mínimos de Felicidade deu o salto da escrita de contos para o romance. Somos comodamente felizes ou ambicionamos uma felicidade esplêndida e impossível de alcançar?
O desejo de uma felicidade esplêndida pode ter muitas formas e materializações, pode ser simplesmente aquilo a que chamamos sonhos; e se deixamos de sonhar, passamos a viver em função do que somos ou temos, não mudamos; não crescemos. Vivemos em serviços mínimos. Essa é uma das ideias presentes no livro: como reagir quando percebemos que deixámos de sonhar?
Muito recentemente, publicou mais um livro dirigido ao público mais novo: A tristeza dá fome, com ilustrações de Lisa Teles. Fale-nos um pouco desta história.
No final dos anos 90, tinha uma espécie de editora caseira, através da qual editava os meus próprios livros; eram edições artesanais, em que eu construía cada um dos exemplares dos livros; depois, oferecia-os. Fiz, deste modo, milhares de livrinhos. A Lisa é a responsável pela Escaravelho, uma editora que também tem uma componente muito importante de trabalho manual na conceção dos seus livros. E isso fascinou-me. Além disso, é uma ilustradora fantástica. Portanto, foi uma enorme honra colaborar com ela neste projeto, foi das aventuras mais fantásticas em que participei. Quanto à estória, nasceu da sugestão de uma aluna, numa visita a uma escola.
Foi autor e concebeu algumas exposições literárias como Foto estórias (2000), As Palavras do Olhar (2002), Pedaços de Literatura (2005) e Insignificâncias (2006). Quer partilhar connosco como foram essas experiências?
Todos esses projetos estiveram relacionados com a exploração do potencial entre texto e imagem, tendo criado contos originais a partir de fotos ou pinturas de diversas pessoas. A relação texto / imagem é algo que continua ainda hoje a apaixonar-me, assim como a possibilidade de colaboração e criação conjunta com autores das mais diversas áreas. A aventura mais recente neste domínio é um blogue chamado Fotografar Palavras, criado há alguns meses. Mas desses projetos de início do século, o que melhor recordo foi uma exposição que criei (e que depois deu origem a um e-book) chamada Sincronismos (2002); marcou-me particularmente porque foi o único trabalho onde, além do conceito e do texto, também concebi as imagens.
Exposição Sincronismo
Quando lemos os seus livros, percebemos que a escrita é sempre muito fluida e de leitura fácil, mas não deixa de ser inquietante. Tem a ver com as temáticas abordadas ou é um estilo próprio?
Tem a ver com um estilo próprio, com opções técnicas. Sempre fiz experiências do ponto de vista técnico, sempre me testei e me desafiei, sempre refleti sobre a dimensão mais técnica da minha escrita. Existe uma dimensão instintiva e incontrolável na escrita, mas também é fundamental o trabalho puramente técnico de depuração, de análise e corte, de adequação; e este trabalho está em evolução constante, é sempre melhorável.
Ao longo da sua carreira, já foi distinguido com alguns prémios literários. Como encara todo esse reconhecimento?
Encaro como um incentivo, sinto-me agradecido e responsabilizado. Depois, esqueço e continuo a fazer o que tenho a fazer.
É notória a relação de proximidade que mantém com os seus leitores. Como o faz? Provoca isso mesmo ou é a própria ambiência da escrita que a suscita?
Talvez tenha a ver com o facto de encarar a literatura como algo natural e não uma espécie de dádiva divina apenas ao alcance de meia dúzia de privilegiados, como por vezes acontece com alguns escritores. Gosto quando escritor e leitor estão ao mesmo nível, e ambos podem partilhar algo. É possível que a relação de proximidade nasça daí.
Conte-nos uma situação vivida num encontro com os seus leitores e tenha sido particularmente especial.
As idas a escolas são sempre momentos intensos. Houve, por exemplo, situações tremendas em idas a escolas de 1º ciclo para falar sobre o primeiro livro infantil, que conta a estória de um menino que não tem mãe, e onde convivi com meninos que não têm mãe. Uma das experiências mais tremendas que tive foi numa ida a uma prisão, onde estive duas ou três horas com presos que não me conheciam de lado nenhum, nem tinham tido qualquer contacto com o meu trabalho. Mas nos encontros mais convencionais com leitores também acontece todo o tipo de coisa, desde pedidos concretos de conselhos a ameaças de ser processado por ter uma escrita indecente e perturbadora.
Como tem sido a receção dos leitores à sua escrita?
Importante é existir reação, o que custa é a indiferença. As reações vão sendo boas ou más mas geralmente fortes, e isso é que importa. Se fosse como naqueles inquéritos que fazem aos serviços de comunicações, preferia ser avaliado com 1 ou 10, e não 5.
Onde e quando é que gosta mais de escrever?
Não tenho rituais de escrita nem grandes exigências. Preciso apenas de ter um desejo genuíno de escrever, um desejo que por vezes é uma necessidade. E mesmo que as mãos não estejam a teclar ou a rabiscar, a mente está muitas vezes a escrever. Durante a condução, por exemplo.
Qual foi o último livro que leu? O meu nome é Lucy Barton, de Elizabeth Strout.
Se fosse uma personagem literária, qual seria? E porquê?
Tom Sawyer. Foi uma personagem que marcou muito a minha infância, através da série que passava na televisão nos anos oitenta. Na altura não fazia ideia que tinha origem num livro. Nunca quis ser bombeiro ou piloto ou super-herói. Queria ser o Tom Sawyer.
Os livros podem ser amores de perdição, ora porque nos cativam e relemos vezes sem conta, ora porque nos desapontam e nunca mais os voltamos a ler. Fale-nos de um livro que o tenha marcado e daquele que, de alguma forma, o desiludiu.
Os livros não desiludem, eu é que me desiludo porque tenho entusiasmos e expectativas irrealistas. Acontece com frequência. A última vez foi com o último livro que li: O meu nome é Lucy Barton, de Elizabeth Strout. Quanto a livros marcantes, prefiro aqueles que deixam marcas subtis, por vezes inconscientes, ou apenas percetíveis com o tempo. O Albert Cossery dizia: «Se um determinado livro não tiver sobre o leitor um tal impacto que no dia seguinte ele deixe de ir ao emprego, esse livro nada vale.» Não concordo muito com isto, se uma pessoa precisa de um livro para mudar de vida, algo me parece errado. Acredito mais que dezenas de livros ao longo de anos possam fazer alguém mudar a perspetiva, mudar o foco; na verdade, a literatura serve para isso mesmo, é essa uma das suas riquezas: proporcionar novos focos, novos ângulos.
Qual o/a escritor/a que convidaria para jantar? Porquê?
Elena Ferrante. Porque gosto bastante dos seus livros e porque a própria autora em si é uma espécie de personagem literária. Seria muito interessante tentar perceber onde começa a realidade e termina a ficção.
Que conselhos daria a um jovem que quisesse gastar as palavras na publicação de um livro?
Surpreende-me quando encontro pessoas que desejam escrever mas não leem. É fundamental, é o primeiro passo: ler. Descobrir, perceber, saborear, aprender através do que se lê. A leitura é o oxigénio de quem escreve, ou pelo menos um dos oxigénios. Também importa ser curioso, fazer questões e ter inquietações, imaginar, ter vontade de observar o mundo com um olhar diferente do que se usa habitualmente. Não ter medo de arriscar.
Podemos esperar a publicação de novos livros para breve?
Publiquei dois livros no espaço de três meses. Agora, é tempo de acalmar um pouco.
O Vento nos Salgueiros, de Kenneth Graham, ilustrações de E. h. Shepard, edição Tinta da China
«Uma das mais belas fábulas de sempre, numa tradução extraordinária de Júlio Henriques. Texto integral, profusamente ilustrado com as imagens originais de E. H. Shepard. Uma história intemporal sobre a amizade e a solidariedade, numa edição irresistível.»
Por que razão? O regresso às aulas é marcado pelo (re) encontro de novos amigos e este livro conta a história de amigos com sonhos cumpridos, desejos conquistados, obstáculos superados e inimigos vencidos sem atos de vingança.
Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos, de Alves Redol, Caminho
«Com doze anos, o Constantino ainda não deitou corpo, mas lá esperteza não lhe falta. O pior é a escola: gosta mais de andar aos peixes e aos pássaros. E acabou por apanhar uma raposa sem sequer ir à caça. Enquanto guarda as vacas, o Constantino sonha é em ser serralheiro de navios e fazer um barco que o leve até Lisboa. Amanhã mesmo deita mãos à obra.»
Porquê? Esta é a história de um rapaz puro e ingénuo que, tal como todas as crianças e jovens, tem sonhos por concretizar. Um livro que pode ser inspirador e faz perceber o quão os sonhos são importantes e podem até tornar-se reais não só pelo poder da imaginação, mas sobretudo pela força de vontade de vencer, de viver e ser feliz.
Antes Depois, de Anne-Margot Ramstein & Matthias Aregui. Uma edição Gatafunho
«Vencedor Prémio Bologna Ragazzi Award na categoria Não Ficção (Feira do Livro Infantil de Bolonha – 2015). A magia do tempo em imagens! Neste livro extraordinário e «astuto», objectos, acontecimentos, paisagens e seres são apresentados em pares (de face uns para os outros ou em páginas duplas subsequentes), revelando dois estados de algo ou de uma situação. Sem texto, as ilustrações incitam o leitor a imaginar, pensar e compreender, e recontar a história destas mudanças de estado.»
Livro-álbum, porquê? A leitura é uma atividade de extrema importância para o desenvolvimento pessoal, intelectual e social das crianças e, através deste livro repleto de extraordinárias imagens, os educadores / pais podem estimular a sua criatividade, imaginação e interação com os outros e com o mundo.
A Preocupação do Gaspar, de Sam Zuppardi, Edicare
«O Gaspar está ansioso por tocar no seu primeiro concerto. Mas, no grande dia, descobre que tem uma Preocupação. A sua Preocupação persegue-o e começa a crescer… e a crescer… e a crescer… Um livro que ensina a lidar com o medo, com a coragem e com as Preocupações que (quase!) todos temos em crianças.»
Ler, porque sim! O regresso às aulas é vivido com alguma ansiedade e angústia, por isso a história do Gaspar pode ajudar as nossas crianças a lidar e a enfrentar as situações do dia a dia com mais naturalidade, mostrando que o medo é um sentimento intrínseco a todas as pessoas e ultrapassável, desde que exista coragem e força de vencer.
Uma Cova é para Escavar, de Ruth Krauss, ilustrações de Maurice Sendak, Kalandraka
«O livro das primeiras explicações» é uma coleção de aforismos, simples só na aparência. A profundidade dos sentidos e a leveza do humor convidam os leitores, miúdos e graúdos, a interpretar o que os rodeia e a interagir com os outros e com o mundo. Um livro divertido e cheio de sabedoria, porque, afinal, «O sol é para que o dia seja fantástico» e «Um livro é para ser lido».
Vale a pena ler? Óbvio que sim! Um livro original de definições interessante para explorar a partir do olhar pueril.
Harry Potter e a Criança Amaldiçoada – Partes Um e Dois
de J. K. Rowling, John Tiffany e Jack Thorne (Editorial Presença)
Foi sempre difícil ser Harry Potter e não é mais fácil agora que ele se tornou num muito atarefado funcionário do Ministério da Magia, casado e pai de três crianças em idade escolar.
Enquanto Harry luta com um passado que se recusa a ficar para trás, o seu filho mais novo, Albus, tem de se debater com o peso de um legado familiar que nunca desejou. Quando o passado e o presente se cruzam, pai e filho confrontam-se com uma desconfortável verdade: por vezes as trevas vêm de lugares inesperados.
A oitava história. Dezanove anos depois.
Em época de regresso às aulas, nada melhor do que poder regressar também à nossa escola favorita: Hogwarts. Quando já pensávamos que não mais ouviríamos falar de Harry Potter, eis que a autora J.K. Rowling se juntou a dois dramaturgos e criaram magia: a oitava história de Harry, agora adulto e com filhos, contada em texto dramático. Esta peça, que esteve em cena nos teatros londrinos, chega-nos agora finalmente em livro, para descobrirmos tudo o que aconteceu depois de Harry derrotar Lorde Voldemort.
Curso Intensivo para Sobreviveres à Escola
de Miguel Luz (Manuscrito Editora)
«Sejam muito bem-vindos à melhor altura das vossas vidas…
Bem-vindos à liberdade.
Bem-vindos ao acordar cedo.
Bem-vindos às setoras extremamente irritantes.
Bem-vindos ao estudo multitasking.
Bem-vindos à Escola.»
Chegou finalmente ao mercado livreiro o manual de sobrevivência para os longos e dramáticos anos de escola! O youtuber Miguel Luz partilha neste livro tudo aquilo de que os jovens precisam, desde o básico ao secundário, para sobreviverem…
…aos «só mais cinco minutos» na cama de manhã que valem um autocarro perdido e falta de presença a Português;
… às associações que os pais fazem entre estudar pouco e ir trabalhar para a construção civil;
…aos TPC feitos no intervalo em cima do joelho, ou copiados pelo cromo da turma, (o tal que vai lembrar a setora que havia TPC);
…às setoras que só dão boas notas a quem lhes repete todos os dias o quanto estão bonitas;
…Aos trabalhos de grupo feitos individualmente na véspera até às duas da manhã, que resulta num Power Point todo ranhoso só com 3 slides.
…e muito mais!
Este é o livro com que todos os miúdos se vão identificar e que todos os pais devem ler para ficar a conhecer a escola dos dias de hoje e que, por vezes, é tão diferente da dos seus tempos. Escrito de uma forma fácil e despretensiosa, ajustada ao público a que se dirige, este é um livro animado e divertido, que nos mostra que a escola pode não ser um paraíso mas, no final, até vale a pena!
Tudo, Tudo… e Nós
de Nicola Yoon (Editorial Presença)
Madeline Whittier observa o mundo pela janela. Tem uma doença rara que a impede de sair de casa. Apesar disso, Maddy leva uma vida tranquila na companhia da mãe e da sua enfermeira – até ao dia em que Olly, um rapaz vestido de preto, se muda para a casa ao lado e os seus olhares se cruzam pela primeira vez. De repente, torna-se impossível para Maddy voltar à velha rotina e ignorar o fascínio do exterior – mesmo que isso ponha a sua vida em risco. Nicola Yoon escreveu um livro comovente com uma mensagem para leitores de todas as idades.
Por vezes, a vida não passa pela escola. Principalmente quando a isso somos impedidos pelas circunstâncias do destino. Que o diga Maddy, forçada a viver confinada à sua casa por motivos de saúde. Mas o mundo é tão grande para se viver apenas num sítio e, quando Maddy conhece Olly, tudo muda. Uma história que nos faz pensar na vida e nas opções que ela nos dá, que nos faz crescer e aprender e perceber que a vida nem sempre é justa, mas que tem tanto para nos oferecer.
Popular
de Maya Van Wagenen (Editorial Presença)
Maya nunca foi uma aluna popular. Na verdade, ela era a rapariga invisível da escola!
Mas tudo isso estava prestes a mudar quando Maya encontra um exemplar antigo do Guia de Popularidade para Adolescentes, de Betty Cornell, um livro escrito por uma ex-modelo adolescente muito glamourosa… da década de 50 do século passado! Apesar das ideias um pouco antiquadas, Maya decide seguir, durante todo o ano letivo, os conselhos deste livro.
Os resultados da experiência são hilariantes, emocionantes e repletos de surpresas. Com humor e elegância, Maya conquista amigos, muda de visual e ganha autoconfiança até finalmente descobrir o que significa realmente ser Popular.
Ser ou não ser popular, eis a questão. E o que estamos dispostos a fazer para sermos populares. Para Maya, é tão importante ser conhecida e acarinhada na escola, que está disposta a fazer tudo, nem que seja seguir um guia antiquado que a vai fazer passar por algumas situações bastante caricatas. Mas que, no final, poderão ser a chave para Maya descobrir quem verdadeiramente é e o que quer. E será que ser popular é assim tão importante?
Eleanor & Park
Rainbow Rowell (Saída de Emergência)
Dois inadaptados. Um amor extraordinário.
Eleanor é uma miúda nova na escola, vinda de outra cidade. A sua vida familiar é um caos; sendo gorda e ruiva, e com a sua forma esquisita de se vestir, atrai a atenção de todos em seu redor, nem sempre pelos melhores motivos.
Park é um rapaz meio coreano. Não é propriamente popular, mas vestido de negro e sempre isolado na música através dos seus fones e livros, conseguiu tornar-se invisível. Tudo começa por ser diferente quando Park acede a que Eleanor se sente ao lado dele no autocarro da escola. A princípio nem sequer se falam, mas pouco a pouco começam por se envolver numa genuína relação de amizade e cumplicidade que mudará as suas vidas. E contra o mundo, o amor nasce. Porque o amor é um superpoder.
Um romance único, cândido, adolescente. Quando Park e Eleanor se conhecem, pouco têm em comum, no entanto, são atraídos um para o outro como ímanes. Mas esta não é a típica história de amor; é uma história de dois inadaptados, dois jovens que têm de descobrir o que é o amor, o que é a amizade e o que significa lutarem contra as agruras da vida. Um livro que é um pouco uma lição, uma demonstração de realidades diferentes que permanecem juntas com a força de vontade. Mas será que é suficiente?