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A rentrée e os livros infantis e juvenis que aí vêm

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Imagem daqui.

Com setembro chega o regresso às aulas, o cheirinho a livros novos, a corrida aos materiais escolares. Os dias começam a ficar mais curtos e as temperaturas amenas ainda convidam a passeios mas também a tardes em casa a marinar. Sem temer a chuva e o frio, ainda haverá muitas oportunidades para grandes aventuras… nos livros!

As editoras lançam nesta época as suas maiores apostas, já a pensar no Natal, que num instante estará aí. Reunimos aqui algumas das novidades literárias infantis e juvenis que serão lançadas nos próximos meses!

A Livros Horizonte edita O Rapaz do Nariz Comprido e Outros Contos, de Luísa Ducla Soares, com ilustrações João Vaz de Carvalho, que reúne as histórias de quatro personagens singulares, mostrando-nos que os extremos não são muito bons. Lá mais perto do Natal, chegará A Verdadeira História do Pai Natal, de Alexandre Lobão, em que se explora a possibilidade de o Pai Natal existir de verdade! O texto do livro foi premiado no Brasil no Concurso de Contos Infantis Monteiro Lobato, do SESC, em 2008.

A Editorial Planeta edita já em setembro o bestseller Destrói Este Diário, de Keri Smith, agora a cores, com novas atividades para horas e horas de diversão Continua também a publicação em Portugal da banda desenhada Star Wars com Darth Vader Abatido, uma boa oportunidade para conhecer mais sobre este vilão impiedoso.

A Porto Editora aposta em setembro numa nova coleção, As Aventuras do Urso Malaquias, de Mário Cordeiro, na qual, através de personagens de fácil identificação, trabalha comportamentos comuns na criança, ensinando-a a lidar com as adversidades por eles causadas, ao mesmo tempo que lhe transmite valores.  Em outubro, será editado João Pestana, de Luísa Ducla Soares, e um novo livro de Maria Alberta Menéres, O Livro do Natal.

A Bizâncio lança nesta altura O Grande Livro dos Insetos, com muitas curiosidades para descobrir sobre estes bichinhos.

A Orfeu Negro Mini edita um novo livro da dupla Mac Barnett e Jon Klassen, com o título Triângulo, uma história sobre o Triângulo e a valente partida que vai pregar ao seu amigo Quadrado. Desta editora chega-nos ainda um livro de uma outra dupla, Davide Cali e Benjamin Chaud, da coleção de Cheguei Atrasado à Escola Porque…Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque…, intitulado Perdi-me no Museu Porque…

A Booksmile, da Editora 20|20, chega a setembro em força, com diversas apostas fortes, começando com Mog, o Gato Esquecido e Mog e o Bebé. Os livros do Mog, da autoria de Judith Kerr, são considerados clássicos da literatura infantil mundial. Publicada pela primeira vez em 1970, esta coleção, com dez títulos, está associada a valores como: família, afeto, amizade e entreajuda. Teremos ainda dois novos divertidos títulos do Dr. Seuss, Oh, Até Onde Tu Podes Chegar! e Um Peixe, Dois Peixes, Peixe Encarnado, Peixe Azulado.

Seguem-se livros dedicados ao conhecimento, um sobre os alimentos e a nutrição, de Mariana Abecasis, Vamos Conhecer os Alimentos, e Aqui D’el Rei: Todos os Reis de Portugal num Só Livro!, da historiadora Paula Fernandes, com ilustrações de Mariana Flores. São livros divertidos, para toda a família! Em outubro chegará um livro que desafia aqueles que gostam de criar histórias a escreverem o seu primeiro livro: Escreve o Teu Primeiro Livro, com ilustrações de Diana de Oliveira. Em novembro, a grande novidade anual, o novo livro da coleção de sucesso O Diário do Banana, de Jeff Kinney, cujo título será Põe-te a Milhas! e promete muitas aventuras divertidas com Greg.

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A Editorial Presença, entre outras novidades, vai publicar a edição ilustrada de Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los, com desenhos de Olivia Lomenech Gill, e O Lápis Mágico da Malala, de Malala Yousafzai. Para os leitores adolescentes será editado O Ódio Que Semeias, uma obra de Angie Thomas, que mereceu grande atenção nos EUA e um pouco por todo o mundo editorial, pois trata-se de um livro inspirado pelo movimento Black Lives Matter e pela luta contra a discriminação e a violência.

Dia Mundial do Livro: escritores e ilustradora sugerem a leitura de livros

por Sofia Pereira

Hoje é o Dia Mundial do Livro!

A data, assinalada desde 1996 e por decisão da UNESCO, foi escolhida com base na lenda de S. Jorge e o Dragão, adaptada para honrar uma velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge e, em troca, recebem um livro. Simultaneamente, presta-se homenagem à obra de grandes escritores, como Cervantes e Shakespeare, falecidos exatamente em abril de 1616.

Para assinalar a data, a Fábulas convidou escritores e ilustradores a sugerirem a leitura de um livro, apenas um, e a justificar o motivo da sua escolha:

Catarina Gomes, Ilustradora

O dariz, Olivier Douzou, Editora Cosacnaify

«Inspirado num conto satírico do escritor russo Nikolai Gógol, O dariz de Olivier Douzou é um livro que conta, de uma forma genial, a história de um nariz que procura um lenço para se assoar. Escolhi-o porque foi dos poucos livros que me convenceu pela lombada/título. Depois de pegar nele, a ilustração da capa convenceu-me ainda mais e quando o abri para ler a primeira página, não lhe tirei mais as mãos de cima, porque soube que ele tinha de vir comigo para casa. Talvez o facto de eu ter a voz um pouco anasalada, tenha ajudado. Começa assim (ler em voz alta): “Guando agordei esta banhã / esdava gombletamente endupido. / Zaí bra domar ar.” Recomendo-o para qualquer faixa etária.»

(c) Miguel Alves
Catarina Nunes de Almeida, Escritora

Cândido ou O Optimismo, Voltaire, tradução de Rui Tavares, ilustração de Vera Tavares, Tinta-da-China

«A minha escolha vai para um dos livros que marcou, pela sua intemporal frescura, imprevisibilidade e lucidez, a fase final da minha adolescência. E são vários os aspectos que sublinho desse primeiro contacto com o romance de Voltaire – o mais evidente de todos foi, sem dúvida, a dimensão caricatural da obra. Voltaire expõe-nos, com um humor e uma imaginação brilhantes, uma série de tipos humanos que, servindo de espelho da sua época, não deixam de se fazer presentes nos nossos dias. A adolescência é o tempo de procurar respostas para uma série de contradições da vida humana que esta narrativa expõe com profunda inteligência. É o tempo de afirmação da liberdade individual, mas também de descoberta dos valores fundamentais da sociedade, temas escavados até ao osso nas alegorias iluministas. Há perguntas fundamentais sobre injustiça, ignorância, fanatismo a que alguma literatura nos permite aceder e que nunca mais se devem calar dentro de nós. Confesso que o facto de saber que se tratava de uma obra que, à época, não pôde circular senão clandestinamente, aguçou ainda mais o desejo de leitura. Herói de impensáveis façanhas, Cândido leva-nos aos extremos do compadecimento e do riso, da revolta e da aceitação, do repúdio e do espanto. Como esquecer a sua bem-amada Cunegundes, os filósofos Pangloss e Martin, a passagem por uma Lisboa que se ergue a todo o custo do terramoto, o encontro do mítico Eldorado e todo o novelo de infortúnios e desventuras “no melhor dos mundos possíveis”? Esta obra é puro deleite – e a edição ilustrada da Tinta-da-China veio refinar ainda mais o prazer que é revivê-la.»

 Maria Francisca Almeida Gama, Escritora

«O livro que hoje vos recomendo chama-se Madalena e foi escrito por mim, há cerca de seis meses, após o falecimento do meu pai. Fala sobre a saudade, a dor, sobre o facto de termos que aprender a lidar com a perda. Também fala sobre os sonhos, sobre a alegria, sobre o amor. É um livro que demonstra o quanto anseio por chegar mais longe e em como, apesar da dor que sinto, me esforço para ser cada vez melhor, orgulhando sempre o meu querido pai. »

Patrícia Ervilha, Escritora

O Principezinho – O Grande Livro Pop-Up, Antoine de Saint-Exupéry, Editorial Presença

«Tendo que escolher um livro infantil, não hesitaria na edição O Principezinho – O Grande Livro Pop-Up por Antoine de Saint-Exupéry, da Editorial Presença. O Principezinho é um livro essencial e um livro que atravessa a nossa própria existência. Faz sentido aos 2 anos, como faz aos 92. Esta edição é extraordinariamente bonita e apelativa. Tem o embondeiro mais inesquecível da literatura. Neste caso, a minha escolha vale pelo conteúdo eterno e também muito pela forma.»

(c) Ricardo Graça
Paulo Kellerman, Escritor

Contos de cães e maus lobos, Valter Hugo Mãe, Porto Editora

«O livro que sugiro é Contos de cães e maus lobos, de Valter Hugo Mãe. Trata-se de um belo e cuidado livro que reúne diversos contos que podem ter vários níveis de leitura, de acordo com a idade dos leitores; apesar de em princípio ser destinado a jovens, será igualmente um livro fascinante para leitores adultos. É composto por onze contos que nos convidam simultaneamente a sairmos de nós e mergulharmos em nós, ora ternos ora duros, sempre enigmáticos e mágicos, por vezes arrebatadores. Cada um dos contos é acompanhado por ilustrações originais de diferentes artistas, o que confere a cada estória um imaginário e uma densidade muito concreta. Um livro que corresponde à definição que o próprio autor atribui ao que será um bom livro: aquele que tem “a capacidade de expressar algo que até ali estaria numa espécie de escuridão. A capacidade de colocar em discurso algo que podemos reconhecer, com que nos podemos identificar e que parece de alguma forma solucionar um problema nosso, mas que até ali ninguém tinha expressado daquela forma.”»

Boas leituras e Feliz Dia Mundial do Livro!

O que há de novo por aí

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Nesta Páscoa, além das amêndoas e do folar, ofereça também um livro aos mais pequenos. As novidades nas livrarias são muitas e boas, cheias de histórias para contar e que alimentam a imaginação e o conhecimento. Aqui ficam alguns dos títulos que nos chamaram a atenção, mais recentemente. Boas leituras!

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Animalium, de Katie Scott e Jenny Broom, Edicare

«Bem-vindo ao Animalium! Este museu está sempre aberto. É para visitantes de todas as idades e alberga uma coleção incrível de mais d3 160 animais. Aprende como os animais evoluíram, visita laboratórios de dissecação e descobre a enorme variedade de habitats da terra. Entra e explora o Reino Animal em todo o seu esplendor.»

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Óscar e Faísca, Claire Freedman e Kate Hindley, Jacarandá

«Quando Óscar encontra um pequeno cão chamado Faísca, ele faz o seu primeiro amigo na grande cidade. O problema é que o Óscar sabe que há alguém, algures, à sua procura… Óscar e Faísca é um conto adorável sobre um rapaz solitário numa nova cidade que encontra num cão perdido o seu melhor amigo. Mesmo sabendo que terá de desistir dele. Esta é uma história encantadora sobre o poder da amizade e o amor pelos animais.»

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O Professor Astrogato nas Fronteiras do Espaço, de Dr. Dominic Walliman e Ben Newman, Orfeu Negro

«Todas as noites, quando o Sol se deita no horizonte, os derradeiros raios de luz iluminam o céu num maravilhoso espetáculo de cores. À medida que a noite se aproxima, essas cores dão lugar a um céu escuro e profundo, coberto por uma tapeçaria de estrelinhas brilhantes. Essas estrelas e a escuridão entre elas são a maior coisa que existe: o Universo! Mas para onde vai o Sol à noite? De que são feitas as estrelas e de onde vieram? Estamos sozinhos no Universo ou haverá outros seres, algures num planeta longínquo, a olhar para o céu e a pensar no mesmo? O nosso Universo é muito complicado, tantos cientistas passam uma vida inteira a tentar desvendar-lhe os segredos – e ainda há muitos por descobrir. Mas não te preocupes, que o professor Astro está aqui para te ajudar: o gato mais esperto que alguma vez vais conhecer!
Fechem as escotilhas e apertem os cintos, pois é hora de descolar e descobrir O Professor Astrogato nas Fronteiras do Espaço

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Danny – O Campeão do Mundo, de Roald Dahl, Oficina do Livro

«O Danny acha que tem o pai mais maravilhoso e entusiasmante que alguma vez existiu. Mas o pai do Danny esconde um grande segredo. Um segredo que os conduzirá à mais estranha aventura das suas vidas e a um plano audacioso que fará do Danny o campeão do mundo.»

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À Sombra da Vida, Margarida Fonseca Santos, Booksmile

«Crescer é um desafio enorme. Mas às vezes é difícil decidir que caminho devemos seguir. A Escolha É Minha é uma coleção sobre
as opções que tens de tomar todos os dias, com histórias de vida contadas por jovens tais como tu. A história de À Sombra da Vida podia bem ser a tua ou, quem sabe, a de alguém que conheces.

A Beatriz, a Madalena e o Henrique eram amigos inseparáveis, até a Beatriz começar a comportar-se de uma forma estranha. Torna-se mais reservada, como se escondesse qualquer coisa. Quando as notas baixam e a Beatriz começa a perder a cabeça em situações aparentemente simples, a Madalena e o Henrique entram em campo. Só com a ajuda destes dois amigos ela conseguirá recuperar a alegria e a estabilidade perdidas. Pelo caminho, fica o percurso doloroso da mãe, desanimada por um divórcio difícil e pelo álcool, o remédio envenenado que lhe entorpece os dias.»

 

Maria Inês Almeida, de jornalista a autora de livros infantojuvenis

Maria Inês de Almeida

por Sofia Pereira

Maria Inês Almeida nasceu a 25 de fevereiro de 1978, em Lisboa. Jornalista de formação, pela Universidade Católica Portuguesa, iniciou a sua carreira literária com a publicação de Contos pouco políticos, uma coletânea de histórias escritas por políticos, passando depois a publicar livros infantojuvenis da sua autoria.

A Fábulas entrevistou a escritora. Maria Inês Almeida, muito atenta às manifestações da infância  – desde a educação à ocupação dos tempos livres dos mais novos – e aos valores sociais, fala-nos do seu percurso como autora de livros para a infância e juventude, do mundo das crianças e da sua paixão pelo universo das letras e da escrita.

Todos conhecemos a Maria Inês como jornalista, mãe e blogger. Apresente-se como escritora.
Não me considero muito capaz de um autorretrato. É melhor pedirem a alguém que leia os meus livros!

Como foi trocar uma carreira dedicada à área do jornalismo pela literatura?
A vida vai-nos colocando caminhos pela frente e vamos fazendo opções. Mas não sinto que tenha sido uma troca absoluta, de virar costas totalmente ao jornalismo. Fui muito feliz no meu trabalho enquanto jornalista e sou igualmente feliz no meu trabalho como autora de livros infantojuvenis. Sinto-me bem a escrever para os mais novos. As crianças não se esquecem de sonhar, e isso é encantador. Gosto de criar projetos que possam marcar de alguma forma.

Coração de mãe nunca se engana é um livro de amor, é «a história da vida que todos os dias liga uma mãe a um filho». O José é a maior inspiração da sua vida?
Vamos sempre buscar inspiração a muitos lados. Procurando estar atenta às coisas e aos sinais que a realidade transmite, as ideias surgem naturalmente. Mas, sim, é verdade que encontro no meu filho uma grande fonte de inspiração. Por exemplo, o Quando Eu For… Grande partiu de uma ideia que o José, sem saber, me deu, por andar sempre a perguntar: «Quando eu for grande posso comer todas as pastilhas? Quando eu for grande vou saber onde está a porta da praia?». Para mim, neste projeto que são os livros, tudo se resume mais ao sentir e à intuição.

É inegável a sua paixão pela escrita de livros para crianças. Considera que a maternidade teve influência na escolha do seu registo?
Despertou-me ainda mais para isso, sim.

A Maria Inês escreveu três livros cujo protagonista da história tem o nome do seu filho: José. Podemos ver neles um retrato das suas traquinices e birras próprias da idade?
Não necessariamente. Na história José, come a sopa, este José não gosta de sopa… mas passa a gostar. O meu filho, por exemplo, sempre gostou de sopa (tenho sorte nesse aspeto).

«Um político é um pássaro com muitas cores». Foram estas as palavras genuínas de uma criança que a motivaram a abraçar o projeto Contos pouco políticos. Na sua opinião, é fácil falar sobre política às nossas crianças? Qual considera ser a melhor explicação para leitores tão pequenos?
Quando iniciei esse projeto ainda não era mãe, mas já era atenta às manifestações da infância. Claro que na cabeça  desta criança aquele político existiria tal como ela o descrevia. A minha preocupação com esse livro não foi tanto falar de política a crianças, mas sim aproximá-las dos políticos, para lhes mostrar uma faceta diferente, para lá da pose circunspeta, do discurso grave e das roupas cinzentas que estão habituadas a ver pela televisão. Queria que as crianças soubessem que nos políticos, à parte a sua função, pode permanecer uma dimensão de sonho e imaginação.

A aventura admirável de Malala é um livro que relembra, acima de tudo, os direitos das crianças, independentemente da raça, da religião, do sexo ou da origem social. Malala, pela sua coragem e resiliência, é um exemplo que deve estar presente na vida de todos, de modo a evitar que as crianças sejam desrespeitadas e/ou esquecidas?
Sim, e que todos os jovens se sensibilizem para a causa de Malala. Que todas as mulheres usufruam de liberdade e que todas as meninas possam ir à escola. Falar de Malala nos meios de comunicação é normal e importante, mas são coisas que às vezes se esquecem depressa. Haver um livro que também pode chegar a escolas, às famílias, pode ser igualmente determinante. O exemplo de Malala é encorajador para as crianças de todo o mundo.

Sabes que também podes ralhar com os teus pais? é uma história de afeto que ensina as crianças a não serem submissas. Defende a ideia de que, na relação diária com os pais, os filhos devem ter uma atitude assertiva, sem quebrar os laços de amor que os unem. Considera que é no ambiente familiar que se inicia o desenvolvimento das crianças enquanto cidadãos responsáveis, sociais, proativos e altruístas, sendo os pais os alicerces dessa educação, preparando-as para uma melhor vida adulta que as ajude a superar as adversidades e frustrações?
Nos livros Sabes que também podes ralhar com os teus pais? e Sabes onde é que os teus pais se conheceram?, o objetivo era promover o diálogo entre Pais e Filhos. Foi promover a pergunta. E a resposta. Acho que o futuro depende da maneira como formamos e educamos os nossos filhos, e por isso faço votos para que todos os que temos essa responsabilidade não nos esqueçamos disso. O primeiro livro corresponde a uma tentativa de levar as crianças a perceberem que têm direito a dizer do que gostam e do que não gostam. É até uma forma de crescer na responsabilidade. Mas é evidente que há modos de dizer as coisas.

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Sabes onde é que os teus pais se conheceram? e Quando eu for… Grande são dois títulos que figuraram na lista «100 livros para o futuro», apresentada por Portugal como convidado de honra na Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha, em 2012. Como encarou esse reconhecimento?

Sabe sempre bem. Mas o trabalho continua.

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Amália Rodrigues, Almeida Garrett, Michael Jackson, Amélia Rey Colaço e Almada Negreiros fazem parte da coleção juvenil de biografias «Chamo-me…». Por que razão escolheu estas figuras da História? Há alguma biografia que ainda queira escrever?
São figuras interessantíssimas, cada uma à sua maneira. Merecem que, acerca delas, se transmita às crianças informação e conhecimento. Há sempre muitas figuras interessantes.

Em criança, sonhava ser alguma personagem literária?
Que me lembre, não.
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Em parceria com Joaquim Vieira, é autora da coleção juvenil «Duarte e Maria», que já conta com seis volumes. Como surgiu este projeto?
O ponto de partida foi a nossa amizade. Depois de descobrirmos que, por coincidência, ambos tínhamos escrito biografias sobre as mesmas figuras (Almada Negreiros, Amália Rodrigues, por exemplo), o Joaquim para gente crescida, eu para jovens, achámos que valia a pena tentarmos um projeto comum de escrita. E assim nasceu a coleção «Duarte e Marta», proposta que a Porto Editora aceitou publicar. No ano passado, durante cinco semanas, um resumo do primeiro número da coleção foi oferecido com o Happy Meal da Mc Donald’s, o que nos deixou muito satisfeitos.

Conte-nos uma situação vivida num encontro com os pequenos leitores e tenha sido particularmente especial.
Todas as idas às escolas são especiais. Desde as histórias que eles também contam às perguntas que colocam ou até aos maravilhosos trabalhos que fazem e oferecem sobre os livros que leram.

Por que razão as crianças devem ler os seus livros?
As crianças só devem ler os meus livros se lhes apetecer. Mas a minha esperança é que com eles sintam que viajam e que sonham.

Onde e quando é que gosta mais de escrever?
Em casa, sossegada. De manhã.

Sabemos que todos os escritores têm os seus autores de referência. Têm também livros que, num momento da vida, voltam a reler ou permanecem na mesinha de cabeceira. Quais são os seus?
Uma pilha deles.

Podemos esperar a publicação de um novo livro para breve?
Sim. Mas não gosto de falar de novas edições antes do tempo.

Mais informações sobre a escritora aqui e aqui.

 

A rapariga e o sonho

Luísa Dacosta – Infância e Literatura

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A infância rural de Luísa Dacosta foi marcada pelas histórias que ouvia contar, quer pela mãe (histórias tradicionais portuguesas), quer pela ama (histórias galegas), quer pela tia (histórias trágicas e religiosas). Gostava muito de ler e sentia-se deslumbrada pelas palavras: “No princípio era o verbo – pelo menos na minha infância, toda caldeada pelo encantamento da palavra” (Dacosta,2008:60). Através da leitura descobriu as histórias de fadas. E aos nove anos, quando foi para o liceu, encontrou os livros de Hans Christian Andersen que a influenciaram para sempre.

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Frequentou a escola primária e a escola secundária em Vila Real. A força da paisagem de Trás-os-Montes atraía-a ao mesmo tempo que desejava conhecer “como seria o mundo para além do Marão” 1 que lhe surgia como uma fronteira a transpor: “Outra coisa que guardo com muita força é o azul amassado com violetas das encostas do Marão, que se viam do meu quintal, e que eram para mim uma barreira”. 2
As histórias e os contos tradicionais acompanharam a sua infância e adolescência e livros como As mil e uma noites levaram-na a “viajar” para outros pontos do mundo: “Bagdad, onde eu passei os últimos anos da infância e o começo da adolescência, em companhia do califa Haroun-al-Raschid e presa da sedutora palavra de Xerazade” (Dacosta, 2008:214).
Lembra-se do afecto que recebia: “Fui muito mimada; é uma das coisas que guardo mais, o mimo” 3 e considera que a sua infância foi “envolvida por uma névoa de sonho” (Dacosta, 2008:155).

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Luísa Dacosta escreveu o primeiro livro para a infância, O príncipe que guardava ovelhas, em 1970, fruto da vontade de dar, aos seus alunos, obras diferentes daquelas que existiam destinadas aos leitores infantis. Era professora do ensino público e tinha publicado quatro livros: dois de ficção e dois de ensaio.

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Até 2007, escreveu treze livros infanto-juvenis, nove de ficção: O Príncipe que Guardava Ovelhas; O Elefante Cor-de-rosa, A Menina Coração de Pássaro, História com Recadinho, Sonhos na Palma da Mão, Lá vai uma… Lá vão duas, A Rapariga e o Sonho, O Perfume do Sonho, na Tarde, O Rapaz que sabia acordar a Primavera;

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dois de teatro: O Teatrinho do Romão, Robertices;

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um conto de Natal: Os magos que não chegaram a Belém;

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uma narrativa histórica: A batalha de Aljubarrota

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e quatro antologias, reunidas em dois volumes: De mãos dadas, estrada fora, I e II.

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Sobre a sua escrita dirigida a um público infantil, afirma que:

“A criança é antes de mais sonho e imaginação. Daí que a minha literatura, que lhes é destinada, se enraíza no património universal do sonho e do imaginário português, já que parto das minhas raízes universais e nacionais”. (Maldonado,2007:7)

E que:
“Sempre a infância foi o berço da minha escrita” (…) “A infância é uma raiz, que não se pode negar.” (Maldonado, 2007:7)

 

1 2 3 Luísa Dacosta in entrevista ao sítio Catalivros: http://catatu.catalivros.org/fala_estar_le-nos/le_LM05_entr_l_dacosta_2_c.pdf
Bibliografia:
Dacosta, Luísa, Um olhar naufragado, Asa, Lisboa, 2008
Maldonado, Manuela, “Conversa com Luísa Dacosta provocada por Manuela Maldonado”, in Boletim Solta Palavra, nº11 e 12, CRILIJ, 2007, disponível em: http://www.crilij.com [10 de fevereiro de 2014]

Fotografias de Luísa Dacosta retiradas da internet.

Luísa Ducla Soares, uma vida dedicada à escrita e à leitura

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Maria Luísa Bliebernicht Ducla Soares de Sottomayor Cardia nasceu em Lisboa no dia 20 de Julho de 1939. Tem dedicado a sua vida à escrita e à investigação e divulgação da literatura para a infância e juventude.
Cresceu rodeada de histórias. O pai contava-lhe adivinhas, lengalengas e trava-línguas e Luísa devorava os livros de escritores clássicos, principalmente Eça de Queiroz e Júlio Verne, cujas obras desencadearam o seu gosto pela leitura e pela escrita.
Começou a contar histórias para crianças, ainda jovem, para entreter um dos irmãos, dez anos mais novo, que não gostava dos livros que existiam para a sua idade.
Licenciou-se em Filologia Germânica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Durante a época da faculdade, esteve ligada ao grupo da revista Poesia 61 que pretendia fundar em Portugal uma escola poética experimentalista.
Embora já publicasse poemas em revistas e jornais desde 1951, foi em 1970 que publicou a primeira obra, um livro de poemas intitulado Contrato. Iniciou a sua atividade profissional como tradutora, consultora literária e jornalista, tendo sido directora da revista de divulgação cultural Vida.

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Em 1972 publicou o primeiro livro para crianças, A história da papoila, que marcou o início da sua actividade como autora e estudiosa de literatura para a infância e juventude e lhe valeu o Grande Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho, do Secretariado Nacional de Informação (SNI), o qual recusou por razões políticas.
Durante quatro anos (de 1972 a 1976), participou no suplemento infantil do Diário Popular “O Doutor Sabichão” e mais tarde no “Sábado Popular” onde foram divulgados vários contos seus. Alguns foram cortados pela Censura e não chegaram a ser publicados. Aconteceu com o conto O soldado João, história sobre a guerra colonial que acabaria por ser editado mais tarde, em livro.

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Foi adjunta do Gabinete do Ministro da Educação de 1976 a 1978.
Foi membro da direcção da Associação Portuguesa de Escritores.
Trabalhou, de 1979 a 2009, na Biblioteca Nacional onde realizou uma bibliografia de literatura para crianças e jovens em Portugal e organizou numerosas exposições e catálogos sobre Literatura Infantil. Foi assessora da Biblioteca e responsável pela Área de Pesquisa e Informação Bibliográfica.

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Foi colaboradora da revista Rua Sésamo de 1990 a 1995.
Em 1990, o seu conto Meninos de todas as cores foi integrado numa maleta pedagógica, organizada pela UNICEF e pela OIKOS.
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Escreveu o guião dos vinte e seis capítulos do programa Alhos e Bugalhos, uma série televisiva sobre a língua portuguesa, transmitida pela RTP durante as Comemorações do Ano Europeu das Línguas (2001).

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Tem participado em vários projectos que aliam a escrita à música. Em 1999, foi editado um CD com letras suas musicadas por Susana Ralha, intitulado 25, por ser constituído por 25 canções e se integrar na comemoração dos 25 anos da Revolução de 25 de abril. Em 2008, foi publicado o CD, O canto dos bichos, cantado pelo Bando dos Gambozinos, com poemas da autora; em 2011 surgiram O som das lengalengas e Poemas e canções para todas as ocasiões, os dois com cantigas de Daniel Completo.
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Tem elaborado para o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, para o Ministério da Educação e Fundação Gulbenkian diversas publicações selectivas da literatura infantil nacional e internacional. Realizou todas as páginas de Internet da Presidência da República para crianças e jovens no mandato do Presidente Jorge Sampaio. (http://www.presidenciarepublica.pt/pt/main.html).

Junto de escolas e bibliotecas desenvolve regularmente ações de incentivo à leitura. Participa frequentemente em colóquios, congressos e encontros, apresentando conferências e comunicações sobre problemática relacionada com os jovens e a leitura e sobre literatura para os mais novos.
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É sócia-fundadora do Instituto de Apoio à Criança.
Em 1986 o seu livro 6 histórias de encantar recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças pelo Melhor Texto do Biénio 1984-1985. Dez anos mais tarde foi-lhe atribuído o Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra.

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Em 2004 foi nomeada para o Prémio Hans Christian Andersen da IBBY (International Board on Books for Young People. Em 2009, a Sociedade Portuguesa de Autores distinguiu-a com a sua Medalha de Honra. Em 2010, foi proposta pela DGLB como candidata de Portugal ao Prémio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil.
As suas obras encontram-se traduzidas para várias línguas nomeadamente francês, catalão, basco e galego.

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Até ao momento, Luísa Ducla Soares publicou cerca de 130 livros.

Patrícia Ervilha, a escritora que explica às crianças o mundo dos crescidos

por Sofia Pereira

Não é a primeira vez que dedicamos a nossa atenção a Esta história não é para adultos, de Patrícia Ervilha. Já, no início das férias grandes, deixámos aqui a sugestão deste livro para os leitores mais pequenos.

Muito recentemente, foi publicada uma segunda edição desta encantadora história, com uma imagem renovada, mais viva e dinâmica, em que as ilustrações de João Nascimento estimulam a criatividade e despertam a sensibilidade estética de quem lê o livro.

A Fábulas entrevistou a autora do livro. Socióloga, consultora, formadora e escritora, Patrícia Ervilha manifestou desde cedo um interesse pelo mundo das letras e dos livros. Nesta entrevista, fala-nos do seu livro, das crianças e da sua paixão pela escrita.

Esta história não é para adultos é o título do seu primeiro livro, apresentado em fevereiro deste ano. Como surgiu a ideia de escrever uma história para crianças?
Sempre gostei de escrever. E sempre escrevi. Aventurar-me num livro demorou mais um pouco. A história surgiu muito naturalmente, quase como um reviver da minha própria infância. Quem nos permite esse reviver são, sem dúvida, os nossos filhos e sobrinhos e amigos dos filhos… e por aí fora. Acredito que sem crianças à nossa roda é difícil escrevermos sobre elas e para elas.

Este livro é uma história sobre famílias e sobre as relações sociais, e pode ajudar a encontrar a felicidade nos pequenos momentos da vida. Na sua opinião, como podemos preparar as nossas crianças para se sentirem bem consigo próprias, com o Outro e com o Mundo, compreendendo que o mais importante pode estar nos pequenos detalhes?
É uma travessia permanente. Acredito que tem que iniciar muito cedo e que deve ser o mais natural possível. Ou seja, se eu não sou tolerante não vou educar o meu filho na tolerância. Nós não podemos educar as nossas crianças para um bem estar consigo e com os outros se não promovermos esse mesmo bem estar. As crianças aprendem sobretudo com o que veem e o que sentem. Têm a enorme capacidade de perceber quando estamos apenas com teorias que não praticamos.

Recentemente, foi publicada uma segunda edição do livro com uma imagem renovada. Quais as principais diferenças entre esta e a primeira publicação?
A gigantesca diferença são as ilustrações do João Nascimento. De repente, o livro tornou-se uma obra de arte, o que é extraordinário.

Se tivesse de aconselhar alguém a comprar uma das edições, qual seria a sua escolha? Porquê?
Pergunta muito difícil. Pelas ilustrações sem dúvida o e-book. Mas um livro é um livro. O melhor é adquirir ambas!

Sente-se satisfeita com a receção que o livro tem tido junto dos leitores?
Sinto sobretudo nas crianças porque é tudo muito simples para elas e muito claro. E a forma como elas se apropriam do livro é fantástica.

Qual foi o livro que mais a marcou durante a infância?
Havia um livro na pequena biblioteca da minha escola primária, cujo autor não faço ideia quem seria, que se chamava qualquer coisa como Amor Perfeito, uma edição muito antiga e muito amarelecida. Lembro-me da capa. Era um livro sobre o bem e o mal e foi muito marcante. Acho que não me tinha apercebido disso até este momento. Gostaria imenso de o encontrar.

Em criança, sonhava escrever livros?
Julgo que não, mas já escrevia as minhas pequenas coisas…

Lembra-se do primeiro texto que escreveu?
Lembro-me do primeiro texto que escrevi e que foi reconhecido, digamos assim. Estava no 6º ano e escrevi para a professora de português e fiquei muito orgulhosa do meu trabalho! Eu tinha 11 anos e escrevi sobre as máscaras que usamos para parecermos sempre bem com a vida. Foi bom.

Por que razão as crianças devem ler Esta história não é para adultos?
Sobretudo porque tanto o podem ler descontraidamente, sem grandes propósitos, como o podem explorar e reinventar. Será muito interessante que o façam.

Podemos esperar a publicação de um novo livro para breve?
Espero que sim.

Obrigada!
Obrigada. Beijinhos.

Mais informações sobre o livro aqui.

Título: Esta história não é para adultos
Texto: Patrícia Ervilha
Ilustração: João Nascimento
Editora: Artelogy

Eça é que é essa!

Pintura de Sílvia Patrício
Pintura de Sílvia Patrício
por Sofia Pereira

«O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.»
Eça de Queirós

As paixões proibidas sempre suscitaram o interesse dos leitores. Uma história de amor ardente, de desejo e de sensualidade são os ingredientes destas relações amorosas.

O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, é um romance que se destaca pela peculiaridade de provocar a agitação na sociedade intelectual dos finais do século XIX, ao contar a história do amor proibido de Amaro e Amélia.

Amaro, o pároco recém-chegado à cidade de Leiria, começa a frequentar a casa de Amélia. Ambos nutrem uma paixão avassaladora, que jamais pode ser consumada devido à batina. O desejo é maior e acabam por se entregar às escondidas. A jovem engravida e é abandonada por Amaro. Refugia-se numa quinta nos arredores de Leiria e acaba por falecer no parto.

Esta obra queirosiana provocou algum incómodo e controvérsia por assombrar um lado mais obscuro do clero, questionando os valores da Igreja Católica e da Fé. Eça de Queirós conseguiu criar o romance como um instrumento crítico, sem esquecer o sentido estético e artístico.

Uma paixão proibida que inspirou a realização de um filme, por Carlos Coelho da Silva:

Crime não é ler.

Crime é não conhecer uma das obras mais emblemáticas de Eça de Queirós. Na cidade que acolheu o padre Amaro, Leiria, todos os leitores poderão percorrer a zona histórica – a Rota d’O Crime do Padre Amaro – e fazer uma viagem ao passado, conhecendo os locais mencionados no livro. Poderão, ainda, degustar algumas das receitas queirosianas, no emblemático Espaço Eça.

Crime não é ler e deixar-se apaixonar pelo amor de Amaro e Amélia.

Ler é que poderá ser crime.

Título: O Crime do Padre Amaro
Autor: Eça de Queirós
Editora: Porto Editora

Hélia Correia e a Grécia Antiga

por Sofia Pereira

O mundo grego sempre despertou um enorme fascínio e inspirou pintores, escultores, arquitetos e escritores na criação de obras artísticas e literárias. Na nossa literatura, são vários os autores de literatura infantil e juvenil que imaginam as suas histórias, tendo como cenário o universo de episódios e personagens da Grécia Antiga.

Hélia Correia, autora de inúmeros livros de diferentes géneros literários – infantis, ficção, poesia e teatro – é, sem dúvida, uma das figuras mais prestigiadas do panorama literário português. A “menina dos gatos”, assim também conhecida pela sua vivência harmoniosa com a Natureza, já foi galardoada com vários prémios, espelhos do seu mérito enquanto escritora. Licenciada em Filologia Românica, exerceu durante largos anos a função de docente, dedicando-se atualmente à escrita das suas obras.

Desprovida de qualquer norma de escrita, é na Grécia, lugar edénico e harmonioso e espaço privilegiado da sua imaginação, que a escritora busca a inspiração e a tranquilidade essenciais para a estrutura dos seus textos, caracterizados por uma linguagem simples e familiar. Desde cedo, encontrou no teatro clássico e na Grécia uma verdadeira paixão, o que a levou a frequentar uma Pós-Graduação em Teatro Clássico. Por essa mesma razão, é no meio cultural da Antiguidade Clássica que a autora encontra o mote para as histórias que escreve, baseando-se na História que conhece do mundo helénico e dos mitos antigos, para a partir deles construir uma realidade própria, através da apreensão de algumas ideias e figuras mitológicas que depois reescreve com uma grande simplicidade, subvertendo algumas intrigas e criando, dessa forma, múltiplas imagens que, apesar do tom cómico por vezes patente, retratam a sua visão da sociedade e do mundo em geral.

A obra de Hélia Correia é um excelente testemunho da perenidade da Cultura Clássica nos dias de hoje. Deixamos aqui a sugestão de um dos livros para momentos perfeitos de leitura em família:

MOPSOS

Mopsos – O Ouro de Delfos, Hélia Correia e Henrique Cayatte, Relógio D’Água

«Vindo de uma família de adivinhos, Mopsos chega à idade de oito anos e empreende a sua primeira viagem para fora da cidade natal, Tebas. Acompanhado pelo avô cego, Tirésias, o mais importante de todos os adivinhos gregos, dirige-se ao santuário do deus Apolo, em Delfos. Ali o esperam aventuras, fortes amizades e uma grande surpresa.
O Ouro de Delfos é o primeiro volume da colecção Mopsos o Pequeno Grego que se inspira em episódios e personagens mitológicas para os reinserir num novo universo ficcional.»

Vamos viajar com Mopsos pelo mundo grego!

Sobre a autora:

Sofia Pereira é mediadora de leitura, desenvolvendo atividades de promoção da leitura e da escrita para todas as faixas etárias. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesa e é Mestre em Investigação e Ensino da Literatura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Desde sempre manifestou um enorme gosto pela leitura e escrita, tendo já participado nas antologias Eu digo não ao não, A vida num sonho, O mundo da lua, Cartas e Confissões, sob a chancela da editora Lua de Marfim.

Obras portuguesas distinguidas com o Bologna Ragazzi Award

 

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Lá Fora – Guia para descobrir a Natureza, de Maria Ana Peixe Dias, Inês Teixeira do Rosário e Ricardo P. Carvalho, edição da Planeta Tangerina, foi ontem galardoado com um Bologna Ragazzi Award, na categoria Opera Prima. Este prémio é atribuído anualmente pela Feira do Livro Infantil de Bolonha e distingue trabalhos de autores ou ilustradores que publicam pela primeira vez.

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O júri, composto por Claudia Soeffner (Alemanha), Stefano Salis (Itália), Dinah Fried (EUA), Fanuel Hanan Diaz (Venezuela), explica a sua escolha: «This dense volume is beautifully designed with elegant typography and a bold two-color palette. However, its true beauty lies in contrast of the traditional ‘guidebook’ format and clear scientific explanations with the playful and lyrical illustrations. Lá Fora book is an excellent solution to engage its readers and teach them to admire and respect everything “out there”, just as the title suggests.» Para conhecer melhor este livro, não deixe de visitar a página aqui. A nossa crítica encontra-se aqui.

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Hoje Sinto-me…, de Madalena Moniz, publicado pela Orfeu Negro, também foi premiado com uma Menção Honrosa na categoria Opera Prima. Hoje Sinto-me… é-nos descrito como um «livro poético e destemido, com ilustrações pintadas a aguarela e a tinta-da-china, que reinventa as ligações entre palavra e imagem. Ao longo deste abecedário, acompanhamos a nossa personagem e o que ela vai sentindo letra a letra: Audaz, Baralhado, Curioso». Conhecê-lo aqui.

A revista Fábulas felicita as editoras e os autores, e todos os envolvidos, pelos excelentes trabalhos de publicação e pelos prémios mais do que merecidos.