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O estado da literatura juvenil

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O que aconteceu à literatura juvenil? Esta pergunta é mais significativa do que parece, principalmente nos últimos anos. Atenção que me refiro a literatura juvenil e não à infantil. Terá tido uma época áurea na década de 2000, com o grande sucesso da saga Harry Potter, da autora inglesa J.K. Rowling, que fez com que surgissem uma multiplicidade de obras, de vários géneros, temas e tamanhos, como não se via há muito, ou talvez como nunca antes se vira. Desde 2007, porém, ano em que surgiu outro fenómeno editorial chamado Crepúsculo, que a literatura juvenil parece ter entrado em forte declínio e hoje em dia  encontra-se numa espécie de triângulo das bermudas, em que a maior parte dos livros ditos juvenis são na verdade para um público um pouco mais crescido. Em consequência, surgiram uma série de novas designações que fragmentaram e esvaziaram talvez o género, como o Young Adult e, neste último ano, o New Adult, criados com o propósito de encaixar e de etiquetar novos fenómenos editoriais que abrangem grupos etários mais alargados, com conteúdo sexual mais implícito ou mais explícito, como o Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e As Cinquenta Sombras de Grey, de E.L. James, ou mais violento, como no caso da trilogia Os Jogos da Fome. Então o que aconteceu à literatura juvenil juvenil? Antes da época Harry Potter, em que surgiram muitos outros best-sellers, como a saga da Bússula Dourada, de Philip Pullman, ou a série Artemis Fowl, de Eoin Colfer, abundavam outros fenómenos juvenis como os livros de Uma Aventura, das autoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, os livros da Alice Vieira, os clássicos, como O Senhor das Moscas, Os Cinco, As Aventuras de Tom Sawyer, O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Nárnia, entre outros. Hoje, em 2013, encontro um certo vazio dentro da literatura juvenil destinada a crianças dos nove aos doze anos, não só ao nível de novidades editadas, mas também no que diz respeito a reconhecimento da crítica e do público. Nos jornais, revistas e na internet, encontra-se muito pouco sobre literatura juvenil, não gozando do mesmo prestígio que a literatura infantil, por exemplo. É verdade que é a faixa etária mais difícil de se converter à leitura, mas não serão mais difíceis do que os que se encontram já em plena adolescência. Eles apenas precisam de boas histórias e de quem os incentive. Felizmente, autores como a Maria Teresa Maia Gonzalez, a Margarida Fonseca Santos ou a Luísa Fortes da Cunha, continuam lançar livros destinados a este público alvo, e sempre se pode contar com os clássicos, recentes e não tão recentes, desde que as editoras continuem a apostar na sua reedição. Procurarei também explorar outros autores portugueses e estrangeiros que contribuem atualmente para a literatura juvenil.

Catarina Araújo