É do conhecimento comum que os rapazes tendem a ler menos do que as raparigas, porém um estudo recente feito no Reino Unido demonstra que não só eles leem menos mas também são preguiçosos a ler. Ou seja, quando leem um livro tendem a passar páginas à frente, «ler na diagonal», como se costuma dizer. Isto acontece tanto em livros de ficção como de não ficção. A solução não será simples. Contudo, passará por um acompanhamento aproximado de modo a se encontrar livros que desafiem mais os rapazes e que os levem a investir mais na leitura. O artigo completo sobre o estudo pode ser lido aqui.
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Ler em voz alta ajuda a desenvolver o cérebro
Um estudo feito no Centro Hospitalar Pediátrico de Cincinnati, no Ohio, EUA, sugere que ler em voz alta para crianças tem um impacto muito positivo no cérebro, estimulando a ativação de certas zonas que ajudam ao desenvolvimento cognitivo. Ajuda também a desenvolver a linguagem, a imaginação e até a visão. Os investigadores descobriram, durante o estudo, que as crianças em idade pré-escolar, em cujas casas se lia mais em voz alta, apresentavam maior ativação do cérebro nas zonas associadas à aprendizagem e à memória. O estudo foi feito em famílias com diferentes situações económicas e os resultados demonstraram que todas as crianças apresentavam resultados semelhantes. E que quanto mais cedo começassem a ler em voz alta aos filhos, melhor.
Mais informações sobre este estudo aqui.
Os livros em papel ainda são os preferidos, mas os ebooks vieram para ficar
O debate sobre se ler livros eletrónicos é ou não benéfico para as crianças continua. Estudos indicam que as crianças mais pequenas gostam dos livro tradicionais contudo já começam a preferir o ebook. Os gadgets entram desde cedo nas suas vidas, pelo que a leitura de livros eletrónicos já faz parte das suas rotinas. Segundo um estudo levado a cabo pela PlayCollective juntamente com a Digital Book World, os pais preferem ler livros encadernados com os filhos, mas consideram que também é benéfico elas lerem ebooks, especialmente se forem interativos.
Mais sobre este e outros estudos aqui.
As crianças gostam mais de ler se forem elas a escolher os livros
por Catarina Araújo
É isso que conclui um estudo feito pela Scholastic sobre hábitos de leitura entre as crianças divulgado recentemente.
Ler por prazer parece ser a chave para leitores regulares. Por outro lado, limitar ou determinar que livros uma criança ou um jovem deve e não deve ler pode afastá-los da leitura. Noventa e um por centro das crianças e jovens entre os seis e os dezassete anos afirmaram que «os meus livros favoritos são aqueles que escolhi sozinho».
Há outro aspeto que chama a atenção: crianças e jovens entre os doze e os dezassete anos que são leitores regulares chegam a ler uma média de trinta e nove livros por ano (nos EUA) enquanto que aqueles que são leitores pouco frequentes leem apenas uma média de cinco livros por ano.
O estudo indica que filhos de pais que são leitores frequentes têm maiores probabilidades de serem também eles leitores frequentes. Ler em voz alta com os filhos também tem influência nos hábitos de leitura das crianças.
Um outro fator importante que influencia os níveis de leitura é, segundo o estudo, ter tempo para ler. Hoje em dia as crianças, à medida que vão crescendo, vão-se envolvendo em mais e mais atividades extracurriculares que não deixam muitas horas livres para fazer outras coisas. Como consequência, a partir dos oito anos de idade os níveis de leitura começam a decair, principalmente entre os rapazes. Por outro lado, crianças entre os doze e os dezassete a quem seja dada a liberdade de escolher leituras, que tenham uma biblioteca variada em casa, que sejam encorajadas pelos pais, terão maiores probabilidade de manterem os níveis de leitura ou até de aumentarem a frequência com que leem por prazer.
O estudo completo, embora tenha sido feito nos EUA, revela conclusões interessantes e que podem servir de base para uma reflexão sobre como atrair as crianças para a leitura.
A ciência confirma que ler ficção torna-nos pessoas melhores
Já todos sabíamos que ler faz bem à saúde. Ler, seja lá o que for, o jornal, uma revista, um blogue ou um livro, estimula as ligações no cérebro. Mas agora a ciência diz-nos que ler histórias de ficção traz ainda outros benefícios – torna-nos mais empáticos, ou seja, mais conscientes dos sentimentos das outras pessoas.
Num estudo realizado em 2013 pela Universidade de Emory, em que se examinaram os cérebros de leitores de ficção, concluiu-se que estes mostravam mais atividade do que os cérebros daqueles que não liam. Mais concretamente o córtex temporal esquerdo, a parte do cérebro responsável pela compreensão da linguagem, apresentava maior conectividade. Os investigadores descobriram também que estimulava uma parte do cérebro, na região central, que faz com que consigamos «sentir na pele» quando nos imaginamos a fazer uma jogada de futebol, por exemplo. Neste caso, o leitor consegue «colocar-se na pele das personagens» e sentir a suas emoções.
Deste modo, os leitores de ficção podem ser amigos melhores, pois têm mais tendência a ter consciência das emoções dos outros e sentir empatia.
Um outro estudo, realizado por dois psicólogos, aprofundou ainda mais esta questão, estabelecendo uma diferença entre a leitura de ficção literária e de literatura popular.
Encontre mais informações sobre estes estudos e as suas conclusões neste artigo.
O melhor é começar a estabelecer na criança hábitos de leitura, bons hábitos de leitura, logo quando ainda é pequena. Pelo menos assim sabemos que terá todas as possibilidades de vir a tornar-se um adulto melhor.
Os miúdos querem ler livros que os façam rir
É pelo menos essa a conclusão de um estudo feito pela Scholastic, sobre aquilo que os miúdos entre os seis e os dezassete anos procuram num livro, e cujos resultados revela através de um infográfico. Além do humor, as crianças e os jovens procuram ainda histórias que lhes permitam usar a imaginação e com personagens que sejam aquilo que elas também gostariam de ser. Aqui fica desenho dos resultados.
Leitura através de tablets com as crianças conta como hora do conto?
É a pergunta feita pelo jornal The New York Times num artigo que questiona se ler no iPad ou num tablet vale o mesmo que ler um livro ou será como ver televisão?
Pediatras, educadores e especialistas recomendam aos pais que comecem a ler livros com os seus filhos mesmo quando ainda são bebés. Contudo, com o crescimento do mercado dos dispositivos eletrónicos, e com novos e-books e aplicações de leitura infantis a serem lançados a toda a hora, são cada vez mais os pais que adotam os tablets como suporte de leitura.
A experiência de ler através de um ecrã é deveras diferente daquela de ler um livro encadernado. Como é que isso afeta o modo como a criança processa e apreende a informação?
Alguns estudos concluem que «elimina uma certa dinâmica que conduz ao desenvolvimento da linguagem». A interação que ler um livro promove com o virar da página, o apontar para os bonecos, aprender os sons com os pais, falar sobre a história, perde-se quando o dispositivo eletrónico faz isso tudo por eles. Será também mais fácil a criança distrair-se, não estar tão empenhada, quando pode carregar em tantos botões diferentes, sem se concentrar verdadeiramente em cada página.
O artigo aponta para um estudo feito em 2013 com crianças entre os três e os cinco anos cujos pais costumam ler e-books com elas e em que verificaram que essas crianças tinham mais dificuldades de compreensão do que aquelas que liam livros encadernados com o pai ou a mãe. Por outro lado, outros estudos demonstram que as crianças aprendem as palavras mais depressa através de um dispositivo eletrónico do que de maneira tradicional. Pode-se inferir daqui que embora favoreçam efetivamente a apreensão de vocabulário em quantidade, no que diz respeito à qualidade da aprendizagem não serão tão eficazes, muito pelo contrário.
O ideal seria portanto uma conjugação dos dois: favorecer a leitura de livros tradicionais, mas complementar com leitura através de tablets à medida que a criança for crescendo, tendo em conta as vantagens e desvantagens de cada suporte, pelo menos enquanto não se encontrar um consenso quanto à utilização de dispositivos eletrónicos com crianças.
Há uns meses a revista Visão, se não me engano, publicou uma reportagem sobre este tema, mas infelizmente não consegui encontrá-la. O artigo completo do The New York Times pode ser lido aqui.
O que fazer para que os rapazes queiram ler?
É a pergunta crítica que muitos pais fazem, sem saberem como convencer os filhos rapazes a pegarem num livro e a lê-lo até ao fim. Há diversos estudos que indicam efetivamente que as raparigas mais facilmente leem um livro do que os rapazes. Contudo, isso não quer dizer que eles não gostem de ler. Apenas que não gostam de ler o mesmo que as raparigas, dado que esses estudos indicam que se por um lado eles se afastam mais da literatura, por outro preferem banda desenhada, não-ficção, e humor, o tipo de livros que tendem a ser subvalorizados.
A pensar nesta problemática Jon Scieszka, autor norte-americano de livros infantis e juvenis, e que já foi Embaixador Nacional da Literatura para a Juventude, nos EUA, fundou a Guys Read (rapazes leem), um programa de literacia para rapazes, com o objetivo de incutir nos jovens a vontade e o gosto de ler, chamando com isso a atenção para a questão com o fim de desenvolver o conceito de leitura para que inclua não só literatura, mas também outro tipo de livros como não-ficção, novelas gráficas, banda desenhada, etc.
Recentemente surgiu uma discussão gerada por outro autor, Jonathan Emmett, sobre a forma como o marketing dos livros é feito e em que alegava que «no Reino Unido os livros ilustrados refletem mais o gosto das raparigas do que dos rapazes» e que isso resulta do facto de haver muito mais mulheres na indústria da edição do que homens. Jon Scieszka admite, numa entrevista dada ao blogue Playing by the book, que «é razoável colocar-se a questão e que talvez essa discrepância de género na indústria influencie os livros que são publicados, adquiridos e premiados nos livros infantis e juvenis». A entrevista completa pode ser lida, clicando na ligação.
No sítio Guys Read encontramos mais informações sobre a missão do autor Jon Scieszka com este programa, bem como ferramentas que poderão ajudar a conquistar os rapazes para a leitura: www.guysread.com.
Quanto ao caso português não será muito diferente, mas explorando os sítios portugueses encontrei alguns títulos que poderão cativar os rapazes. Além dos livros do Geronimo Stilton ou do Diário de Um Banana, aqui ficam outras sugestões.
Será que as crianças veem os filmes e leem os livros?

Desde sempre o cinema vai buscar aos livros histórias para contar e as adaptações cinematográficas de livros infantis e juvenis têm sido uma aposta forte de Hollywood, principalmente desde que Harry Potter arrebatou o box-office na primeira década do século XXI. Porém, há quem diga que o cinema afasta as crianças dos livros e que as adaptações roubam leitores às histórias originais. Será verdade? Um estudo realizado nos EUA em que os professores monitorizaram aquilo que os estudantes andavam a ler entre 2009 e 2014, pretende demonstrar que afinal o cinema até atrai leitores e que sempre que se aproxima a estreia da adaptação de uma obra, há um crescimento significativo das vendas desse livro. O estudo dá como exemplos as obras The Maze Runner, de James Dashner, e Hunger Games, de Suzanne Colins, cujas vendas dispararam aquando da saída das suas versões em filme no cinema. Porém, isso não acontece com todos. No caso de The Giver – O Dador de Memórias, de Lois Lowry, e O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, não se registaram alterações significativas nas vendas, mas isso terá que ver com o facto de estes livros se encontrarem habitualmente na lista de leituras recomendadas ou obrigatórias das escolas e serem cedidos aos alunos.
Mais pormenores sobre os resultados desta análise podem ser encontrados aqui.
A literatura infantil e a censura
Em Histórias em Verso para Meninos Perversos, de Roald Dahl, o autor escreve: «Pensam vocês que sabem esta história? / Mas a que têm na vossa memória / É só uma versão falsificada, / Rosada, tonta e açucarada / Feita para as crianças inocentes / Não terem medo, / Ficarem contentes.» É com estes versos que Elisa Corona inicia a sua tese Niños, niggers, muggles… Sobre literatura infantil y censura. Na introdução, a autora relembra alguns dos livros para crianças mais censurados, como As Aventuras de Huckleberry Finn, Charlie e a Fábrica de Chocolate e Harry Potter, que Joseph Ratzinger, antes de se tornar Papa Bento XVI, condenou por a seu ver «minar a cristandade». Elisa Corona explora os mecanismos de censura nos casos particulares daqueles livros e os diferentes contextos que levam a que certas histórias sejam alvo de atenção por parte dos «salvadores de consciências». O livro pode ser lido na íntegra aqui.