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Autor de «O Diário de um Banana» receia que as crianças estejam a perder a capacidade de conversar


Tudo por causa da tecnologia. «Quando vou de carro com os meus filhos para algum lado, eles ficam agarrados ao telemóvel. É estranho conduzir com toda a gente agarrada ao telemóvel», conta Jeff Kinney, autor da série juvenil de sucesso «O Diário de um Banana», editada em Portugal pela Booksmile, numa entrevista dada ao The Telegraph.

Jeff Kinney receia que, por causa da proliferação do uso do telemóvel entre as crianças, estas estejam a perder a capacidade de ter uma conversa entre elas e com os adultos. As conversas sucedem-se por meio de mensagens, com palavras incompletas, quase reduzidas ao mínimo. «Somos todos complacentes», afirma o autor, «como pais também».

A forma como as crianças comunicam alterou-se radicalmente nas últimas décadas e isso pode estar a afetar a forma como estes futuros adultos se socializam e se integram na socidade. «É quase impossível escrever sobre a infância sem mencionar telemóveis e mensagens eletrónicas.», admite Kinney. Ainda assim, o autor planeia continuar a escrever muitas mais histórias de Greg. Em novembro, sairá o 13.º título da série, ainda sem título.

Leia artigo completo aqui.

As princesas do século XXI na literatura infantil

As princesas do século XXI, retratadas na literatura infantil, são determinadas, divertidas e independentes. Não vivem à janela, enquanto aguardam pelo desejado príncipe, nem confinam os seus dias ao espaço do palácio.

Sentem-se infelizes e aborrecidas quando não têm amigos (A princesa que bocejava a toda a hora, A princesinha corajosa ou Clarinha), praticam atividades pouco próprias de uma menina princesa (A princesa que queria ser rei) e não se conformam com o rumo e a educação que lhes está destinada (Titiritesa).

São imperfeitas fisicamente: podem ter os pés grandes demais (Emília e o chá de tília), podem ser grandes e peludas (A princesa que queria ser rei), ou podem ser quase carecas (A princesa esbrenhaxa). Também surgem com particularidades estranhas (A princesa que não sabia espirrar) ou defeitos que se tornam qualidades, como a princesa que fazia chover e regava as terras secas (A princesa da chuva). Há aquelas que caem do céu e aterram nos braços de simples transeuntes (Que aguaceiro!), as que habitam na lua (A princesa que veio da lua) e aquelas que conseguem voar (A princesa voadora).

Os príncipes já não são os seus heróis: não conseguem curá-las de doenças (Salvem a princesa) nem as levam na garupa do cavalo. O casamento deixou de ser prioritário, sendo até recusado (A princesa espertalhona). No entanto, o amor ainda pode ser o caminho para a felicidade, seja com um príncipe (O país azul), com um poeta (Zulaida e o poeta) ou mesmo com outra princesa (Titiritesa).

As novas princesas têm desejos de governar e de modificar as leis (A princesa que queria ser rei), anseiam por mudar a conceção do mundo (Titiritesa) e são empreendedoras- até a Branca de Neve se modernizou e abriu um restaurante com os anões (A que sabe esta história).

Os autores deram-lhes um carácter mais humano. Elas são mais atraentes, mais divertidas, mais acessíveis e aproximam-se mais das raparigas atuais. Surgiram mesmo coleções dirigidas aos mais pequenos, em que as personagens, na sua maioria princesas, embora pertençam à realeza, têm os problemas das crianças normais: querem a mãe, os sapatos novos ou ser piratas (A princesinha e Histórias esbrenhuxas).

Em suma, as princesas do século XXI adquiriram novas caraterísticas físicas e comportamentais, acompanhando a evolução dos tempos e do papel da mulher na sociedade, mas mantêm o encanto de habitantes do mundo do maravilhoso e do fantástico.

A princesa da chuva

Texto – Luísa Ducla Soares
Ilustração – Fátima Afonso
Edição – Civilização

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A princesinha corajosa

Texto – Mário Contumélias
Ilustração – Jorge Brum
Edição – Plátano

 

A princesa espertalhona

Texto e ilustração – Babette Cole
Edição – Terramar

A princesa esbrenhaxa

Texto – Margarida Castel-Branco
Ilustração – Carla Antunes
Edição – Verbo

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A princesa que bocejava a toda a hora

Texto – Carmen Gil
Ilustração – Elena Odriozola
Edição – OQO

 

A princesa que não sabia espirrar

Texto – José Cãnas Torregrosa
Ilustração – Martinez Rocío
Edição – Everest

A princesa que queria ser rei

Texto – Sara Monteiro
Ilustração – Pedro Serapicos
Edição – Âmbar

 

A princesa que veio da lua

Texto – Mª João Carvalho
Ilustração – Ana Sofia Gonçalves
Edição – Everest

A princesa voadora

Texto – Miguel Miranda
Ilustração – Simona Traina
Edição – Campo das Letras

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A que sabe esta história

Texto – Alice Vieira
Ilustração Carla Nazareth
Edição – Oficina do livro

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Clarinha

Texto – António Mota
Ilustração – Júlio Vanzeler
Edição – Gailivro

 

Emília e o chá de tília

Texto – Alexandra Pinheiro
Ilustração – Sandra Nascimento
Edição – Trinta por uma linha

 

Quero a minha mãe

Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

 

Quero ser pirata

Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

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Quero os meus sapatos novos

Texto e ilustração – Tony Ross
Edição – Editorial Presença

 

O país azul

Texto – Teresa Balté
Ilustração – Alain Corbel
Edição – Porto Editora

 

Princesas esquecidas ou desconhecidas

Texto – Philippe Lechrmeier
Ilustração – Rebecca Dautremer
Edição – Educação Nacional

 

Que aguaceiro!

Texto – Raquel Saiz
Ilustração – Maja Celija
Edição – OQO

 

Salvem a princesa

Texto – Renata Gil
Ilustração – Mª do Rosário Sousa
Edição – Gailivro

Titiritesa

Texto – Xerardo Quintiá
Ilustração – Maurício Quarello
Edição – OQO

Zulaida e o poeta

Texto – José Fanha
Ilustração – Inês Massano
Edição – Gailivro

Sete dicas para pais de leitores relutantes

Filhos de pessoas que leem, dizem os estudos, normalmente também se tornam bons leitores. Contudo, muitos pais debatem-se com estratégias para convencerem os filhos entre os nove e os doze anos a lerem mais. Ficção? Não ficção? Com muitos bonecos, sem bonecos, com jogos ou enigmas para resolver? Escolher para eles ou deixá-los escolher sozinhos? E o que fazer quando começam a ler um livro mas o deixam a meio? E quando o fazem sucessivamente?

A mãe de uma criança leitora deixa alguns conselhos preciosos e úteis para pais de leitores mais relutantes. Resumindo e adaptando, aqui ficam sete dicas.

1. Qual é o mal de deixar um livro, ou vários, a meio?

R: Todos nós o fazemos. Não é motivo para preocupação. Todos testamos diversos géneros até encontrarmos aquele ou aqueles de que mais gostamos.

2. Os livros de que gostamos não têm necessariamente de ser os mesmos de que os nossos filhos gostam.

R: Hoje em dia a variedade de títulos disponíveis é muito maior do que há uns anos. É bom explorar e descobrir novos livros com a criança. Também pode acontecer gostar dos mesmos clássicos. Talvez seja uma questão de haver uma abertura de ambas as partes para o novo e para os velhos clássicos.

3. O seu filho poderá demorar algum tempo até querer livros maiores e mais complexos.

R: Tudo começa pelo princípio. Um livro com muitos bonecos, cheio de ação e aventura, depois passa para um livro com um pouco mais de texto, até por fim se decidir a ler algo mais complicado. Faz parte do crescimento do leitor. É preciso passar por esse processo.

4. Deixe-os ler onde quiserem.

R: O melhor é não obrigar a ler num lugar específico, como por exemplo sentado na cadeira, direito, com o livro sobre a mesa. Nós também não o fazemos.

5. Não critique as suas escolhas de leitura.

R: Se o seu filho tem 12 anos e decide ler um livro infantil que está indicado para 6 anos, tente não criticar a sua escolha, isso pode desencorajá-lo. O melhor é tentar compreender porque escolheu aquela obra e dar-lhe a independência de decidir o que é melhor para si. Nós, adultos, também gostamos de ler livros para crianças, não é verdade?

6. Ler em voz alta.

R: Ler em conjunto pode ser divertido. Enquanto leem em voz alta, vão fazendo paragens para conversar sobre o que se leu. É uma boa forma de estimular a capacidade de interpretação, de refletir sobre algo. É também um bom momento para reforçar vínculos entre pais e filhos.

7. Pedir recomendações.

R: A variedade de obras é tão grande que não será difícil encontrar livros que estimulem nos leitores relutantes o gosto pela leitura. Ir a uma livraria, explorar as prateleiras, conversar com crianças que gostem de ler, tudo isso vai ajudar.

 

A verdade sobre os hábitos de leitura dos rapazes…

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É do conhecimento comum que os rapazes tendem a ler menos do que as raparigas, porém um estudo recente feito no Reino Unido demonstra que não só eles leem menos mas também são preguiçosos a ler. Ou seja, quando leem um livro tendem a passar páginas à frente, «ler na diagonal», como se costuma dizer. Isto acontece tanto em livros de ficção como de não ficção. A solução não será simples. Contudo, passará por um acompanhamento aproximado de modo a se encontrar livros que desafiem mais os rapazes e que os levem a investir mais na leitura. O artigo completo sobre o estudo pode ser lido aqui.

Como pôr as crianças a ler durante as férias?

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Esta é a pergunta que muitos pais fazem nesta altura. Com a chegada das férias, as crianças tendem a colocar os livros de lado e a procurar outras formas de entretenimento.

É verão, o tempo está bom, o que se quer é sair, apanhar sol, brincar na areia, chapinhar na água, isso tudo faz muito bem para o desenvolvimento da criança, mas deixar a leitura completamente de lado durante três meses pode não ser lá muito bom. Principalmente quando, em setembro, a criança regressar às aulas, pois ficar demasiado tempo sem praticar, pode levar a um recuo na aprendizagem, especialmente em crianças que ainda estão no 1.º ciclo, e, portanto, não dominam bem a leitura. Além disso, ler também entretém. E pode ser a escolha certa nas pausas, nas horas de maior calor.

Como motivar as crianças para a leitura durante os meses das férias?

As bibliotecas municipais organizam nesta época diversas atividades e oficinas que envolvem os livros e a leitura, pelo que pode ser uma boa opção para estimular na criança o gosto pelas letras. Procure na biblioteca da sua zona e encontrará certamente iniciativas variadas.

Há muitos livros de atividades que não só ensinam uma coisa ou outra mas também entretêm, envolvendo a criança em algo construtivo nos momentos de lazer.

Livros mais práticos, sobre invenções, viagens ou história e ciência também podem ser uma boa opção.

Para crianças mais crescidas, que já dominem bem a leitura, histórias de aventuras ajudarão a transportá-las para outros mundos e a envolvê-las, estimulando-lhes a imaginação, o que é igualmente um bom exercício mental.

Uma criança que lê é uma criança que pensa, que tem mais facilidade em encontrar soluções criativas e em resolver problemas. As férias são importantes para descansar e para recarregar energias, depois de um ano escolar intenso, mas isso não significa que tenham de se afastar completamente de tudo aquilo que envolva aprendizagem, pois esse é,  e deve ser, um processo contínuo.

E ler também é muito divertido!

Aqui ficam algumas das nossas recomendações de livros de atividades:

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E para outras leituras:

Livros para as Férias Grandes… por Cristina Dionísio

Livros para as Férias Grandes… por Sofia Pereira

Livros para as Férias Grandes… por Alexandra Martins

Livros para as Férias Grandes… por Ana Ramalhete

 

Livros para ler com o bebé

À partida pensa-se que um bebé de seis meses ou de apenas dois anos ainda é muito pequeno para ler livros, que não tem capacidade para compreender o que se é lido em voz alta e, por isso, não vale a pena. Mas não é verdade. Ler em voz alta para o bebé, apontar para as ilustrações, o gesto de virar a página e de encontrar novas cores, novas letras, novos símbolos na página podem ajudar no desenvolvimento do bebé. Além disso, é uma excelente atividade para se fazer em conjunto. Contudo, às vezes é difícil encontrar o que ler com o bebé. Aqui ficam algumas sugestões.

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O Elmer e o Tempo, David McKee, Nuvem de Letras

«A mensagem mais importante da série Elmer é a de que não faz mal ser diferente e pode até ser divertido. A diferença é importante e bela e deve ser aceite por todos.»

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Os Animais do Mar para Sentir, Vários, Edicare

«As escamas do sargo, as ventosas do polvo, a pele suave do golfinho ou a carapaça da tartaruga… Um pequeno documentário tátil para responder às perguntas dos mais novos e conhecer os animais marinhos na ponta dos dedos!»

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Nonô e o Bacio, Sibylle Delacroix, Booksmile

«O bacio chegou à nossa casa e a mamã quer que eu aprenda a usá-lo, para ser uma menina crescida. Mas há tantas coisas mais interessantes para fazer!A Nonô está a crescer. Com as suas histórias amorosas e ternurentas, vamos descobrir como o crescimento é uma etapa divertida!»

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A Hora da Papa, Explorar com os Sentidos, Cristina Raiconi, Edições ASA

«Este livro oferece à criança amiguinhos sorridentes com os quais ela pode partilhar a hora da refeição e promove a aprendizagem dos nomes dos objectos que estão presentes naquele momento.»

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Eu Vejo, Helen Oxenbury, Gatafunho

«Para o bebé, aprender a ler significa em primeiro lugar familiarizar-se com o objecto livro, como um brinquedo. Depois, aos poucos, ampliando os seus horizontes, ele apropria-se do seu conteúdo através da representação de objectos, personagens, da capacidade de estabelecer relações de causa/efeito, dos ritos e dos ritmos do quotidiano. A familiaridade com o tempo lento e calmo da leitura é a promessa ideal para que, mais tarde, a criança leia sozinha, o que será uma conquista dos anos seguintes.»

15 dicas para pôr os seus filhos a falar sobre livros

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por Catarina Araújo

Laura Lambert, escritora e editora, escreveu um artigo sobre como por vezes os pais têm dificuldade em conversar com os filhos sobre os livros que estão a ler. Fazem as perguntas típicas e depois a conversa morre ali, sem terem explorado verdadeiramente os temas e os sentimentos despertados pela leitura do texto. Tal pode ser muito frustrante e acabar por levar a que as crianças percam interesse na leitura. Mas então como ter uma conversa interessante e construtiva com os filhos sobre a história que acabaram de ler? Aqui ficam as 15 dicas da autora para iniciar uma boa conversa sobre livros.

(O artigo é daqui.)

(A tradução não é literal, mas passa as ideias gerais. Não dispensa contudo a leitura do artigo original.)

Para crianças pequenas:

1)  Apontar e perguntar – Pare a meio da história e peça-lhes para apontarem objetos e cores. Se já tiverem idade suficiente, saberão contar: «Quantas flores vês?». Isto é vital para o desenvolvimento da linguagem.

2) Fazer uma previsão – Perguntar «O que achas que vai acontecer a seguir?» Mesmo que já tenham lido aquela história dezenas de vezes. A repetição é importante para as crianças.

3) Fazer uma pausa e deixá-los continuar – Isto funcionará muito bem com livros de rimas, em que se lê um verso e se pára antes da última palavra, deixando-os acabar a rima.

4) Fazer comparações com a vida real – Por exemplo, se estão a ler sobre uma personagem que tem cabelo loiro, perguntar à criança de que cor é o seu próprio cabelo. Ou se o peluche de uma personagem tem um nome, perguntar por sua vez como se chama o seu peluche preferido.

5) Continuar a história – Terminado o livro, imaginar outras histórias com as personagens ou fazer pequenos teatrinhos, em que cada um interpreta uma personagem. Isso ajudá-los-á a pensar mais profundamente nas características das personagens e da história.

Crianças em idade escolar:

6) Falar sobre as palavras difíceis – Se a criança estiver a ler para o pai ou para mãe, é fácil parar numa palavra mais difícil e questionar-se sobre ela. Tenha um dicionário ao pé e consulte-o sempre que precisar. (O exercício estimulará a aprendizagem de palavras novas.)

7) Explorar mais pessoalmente os assuntos – Incentive a criança a pensar mais na história, a colocar-se na pele da personagem e a pensar o que faria de diferente se estivesse no seu lugar. (Isto promove a empatia, a capacidade de se colocar no lugar dos outros, e a ver as diferentes perspetivas de uma situação.)

8) Comparar com outros livros – As crianças adoram séries e os volumes são sempre diferentes uns dos outros, por isso pode-se perguntar-lhes o que acharam daquele volume em comparação com os anteriores.

9) Evitar as perguntas típicas de um trabalho para a escola – Para ter um verdadeiro diálogo com o seu filho, evite as perguntas típicas que são feitas em sala de aula, e incentive-o a explorar mais profundamente os temas falados na história.

10) Estabelecer ligações com o mundo real – À medida que os livros que eles leem se tornam mais complexos, pode-se discutir temas mais profundos, como por exemplo a morte ou o preconceito. É aqui que a conversa poderá tornar-se mais interessante.

11) Deixe-se levar – Ler com o seu filho deve ser uma experiência divertida e as conversas que surgem naturalmente à medida que progridem em conjunto na leitura são as melhores.

Para leitores mais avançados:

12) Leia o que eles estão a ler – O seu filho é agora um leitor independente, mas mesmo que já leia sozinho, isso não quer dizer que não possa ter uma conversa com ele sobre o que está a ler. Leia também e depois conferencie com ele sobre a história.

13) Seja fiel a si mesmo – Numa conversa verdadeiramente interessante partilham-se opiniões e diferentes pontos de vista. (Respeite a opinião do seu filho e não tenha medo de partilhar a sua.)

14) Não julgue – O seu filho está a desenvolver a sua forma de ver o mundo e a testar diferentes valores que vai aprendendo com as suas próprias vivências. Isso é importante. Não desvalorize as suas visões sobre uma personagem ou sobre uma história. Poderá estar a perder uma oportunidade de perceber como é que o seu filho pensa sobre as coisas.

15) Seja um leitor – Partilhe a sua paixão pela leitura com os seus filhos e deixe-os tomar-lhe o gosto pelo exemplo. Leia muito, à frente deles. Fale sobre as personagens, os sítios e as histórias dos livros que lê. Se estiver entusiasmado, eles também vão ficar.

Os livros para crianças têm de ter em conta as releituras

Imagem de «Words», de Joe Kaufman, 1963.
Imagem de «Words», de Joe Kaufman, 1963.

Os livros infantis e juvenis tendem a ser subvalorizados, principalmente no que diz respeito a prémios e distinções, merecendo apenas a atenção de galardões criados especificamente para a área, mas raramente considerados por exemplo para um Nobel ou um Man Booker, ou no caso português, talvez, um prémio Saramago. Considera-se que por serem destinadas a crianças, as histórias são simples, de leitura fácil, sem um enredo de muitas camadas, com as subtilezas normalmente reservadas aos grandes romances para adultos. No entanto, tal não será bem assim.

Um autor de literatura infantil e juvenil sabe que o seu público-alvo, as crianças, quando gostam de uma história, tendem a lê-la, ou a pedir ao pai ou à mãe para a ler, várias vezes. Tantas vezes que até chegam a decorar frases inteiras. É típico delas terem esta necessidade. Tal acontece também com filmes e com músicas. Um livro infantil e juvenil terá de ter pois isso em conta, utilizando uma linguagem com um ritmo próprio, para contar uma história que seja apelativa, com diversas camadas, passíveis de serem descobertas a cada releitura.

Um artigo no jornal The Guardian aborda esta questão, de como os livros destinados ao público infantil e jovem são duradouros, ficam nas memórias das pessoas, mesmo depois de elas chegarem à idade adulta, e explora-a através dos pontos de vista de diferentes intervenientes, procurando explicar o motivo pelo qual a literatura infantil e juvenil nunca é apenas destinada aos miúdos, mas também aos graúdos.

Uma leitura muito interessante, a não perder, aqui.

As crianças gostam mais de ler se forem elas a escolher os livros

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por Catarina Araújo

É isso que conclui um estudo feito pela Scholastic sobre hábitos de leitura entre as crianças divulgado recentemente.

Ler por prazer parece ser a chave para leitores regulares. Por outro lado, limitar ou determinar que livros uma criança ou um jovem deve e não deve ler pode afastá-los da leitura. Noventa e um por centro das crianças e jovens entre os seis e os dezassete anos afirmaram que «os meus livros favoritos são aqueles que escolhi sozinho».

Há outro aspeto que chama a atenção: crianças e jovens entre os doze e os dezassete anos que são leitores regulares chegam a ler uma média de trinta e nove livros por ano (nos EUA) enquanto que aqueles que são leitores pouco frequentes leem apenas uma média de cinco livros por ano.

O estudo indica que filhos de pais que são leitores frequentes têm maiores probabilidades de serem também eles leitores frequentes. Ler em voz alta com os filhos também tem influência nos hábitos de leitura das crianças.

Um outro fator importante que influencia os níveis de leitura é, segundo o estudo, ter tempo para ler. Hoje em dia as crianças, à medida que vão crescendo, vão-se envolvendo em mais e mais atividades extracurriculares que não deixam muitas horas livres para fazer outras coisas. Como consequência, a partir dos oito anos de idade os níveis de leitura começam a decair, principalmente entre os rapazes. Por outro lado, crianças entre os doze e os dezassete a quem seja dada a liberdade de escolher leituras, que tenham uma biblioteca variada em casa, que sejam encorajadas pelos pais, terão maiores probabilidade de manterem os níveis de leitura ou até de aumentarem a frequência com que leem por prazer.

O estudo completo, embora tenha sido feito nos EUA, revela conclusões interessantes e que podem servir de base para uma reflexão sobre como atrair as crianças para a leitura.

A ciência confirma que ler ficção torna-nos pessoas melhores

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Já todos sabíamos que ler faz bem à saúde. Ler, seja lá o que for, o jornal, uma revista, um blogue ou um livro, estimula as ligações no cérebro. Mas agora a ciência diz-nos que ler histórias de ficção traz ainda outros benefícios – torna-nos mais empáticos, ou seja, mais conscientes dos sentimentos das outras pessoas.

Num estudo realizado em 2013 pela Universidade de Emory, em que se examinaram os cérebros de leitores de ficção, concluiu-se que estes mostravam mais atividade do que os cérebros daqueles que não liam. Mais concretamente o córtex temporal esquerdo, a parte do cérebro responsável pela compreensão da linguagem, apresentava maior conectividade. Os investigadores descobriram também que estimulava uma parte do cérebro, na região central, que faz com que consigamos «sentir na pele» quando nos imaginamos a fazer uma jogada de futebol, por exemplo. Neste caso, o leitor consegue «colocar-se na pele das personagens» e sentir a suas emoções.

Deste modo, os leitores de ficção podem ser amigos melhores, pois têm mais tendência a ter consciência das emoções dos outros e sentir empatia.

Um outro estudo, realizado por dois psicólogos, aprofundou ainda mais esta questão, estabelecendo uma diferença entre a leitura de ficção literária e de literatura popular.

Encontre mais informações sobre estes estudos e as suas conclusões neste artigo.

O melhor é começar a estabelecer na criança hábitos de leitura, bons hábitos de leitura, logo quando ainda é pequena. Pelo menos assim sabemos que terá todas as possibilidades de vir a tornar-se um adulto melhor.