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Artemis Fowl, o anti-herói

por Cristina Dionísio
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(c) Hyperion

Artemis Fowl Segundo é um rapaz de doze anos com uma inteligência prodigiosa, uma das mentes mais brilhantes do mundo, mas que há muito tomou a decisão de usar o seu poderoso intelecto para fins, digamos, pouco lícitos. Com a ajuda de Butler, o seu guarda-costas/amigo/parceiro no crime, os golpes de Artemis sucedem-se, até ao dia em que o seu pai desaparece e, com ele, toda a fortuna dos Fowl. Com a mãe em estado catatónico devido ao choque, Artemis decide lançar-se no mais arrojado golpe de que há memória: tendo descoberto a existência do Povo das Fadas, o jovem decide raptar uma fada para exigir um chorudo resgate em troca, pois é certo e sabido que as Fadas possuem ouro, muito ouro. Porém, não contava que o ser que capturou em Fowl Manor, a residência da sua família, era nada mais, nada menos, do que a capitã Holly Short, uma das mais reputadas e corajosas agentes da LEPrecon, a força encarregada de manter o equilíbrio entre os dois mundos, o das Fadas e dos Humanos — ou Criaturas da Lama, como as Fadas nos designam.

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Página da novela gráfica. Da Hyperion.

Eis o ponto de partida para uma série de oito livros repletos de ação — e três novelas gráficas — da autoria de Eoin Colfer. Misturando fantasia com tecnologia de ponta de altíssimo nível, internet com magia, nos vários volumes encontramos toda a espécie de criaturas mitológicas, desde fadas a gnomos, elfos, trolls, anões como Mulch Diggums, que além de desbocado e atrevido tem um grave problema de flatulência, goblins e centauros, como Foaly, o criador de armas altamente sofisticadas e responsável por todo o sistema informático e de vigilância do Povo das Fadas cujas capacidades fariam empalidecer de inveja o mais talentoso dos hackers, passando por pixies como a malévola e diabólica Opal Koboi, a sua némesis e arqui-inimiga, que está determinada em destruir o mundo das Fadas.

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(c) Hyperion

Rompendo com o estereótipo do herói humilde, altruísta e com um tremendo défice de autoconfiança, na maior parte das vezes órfão e pobre que luta em nome do bem e em prol da humanidade, Colfer apresenta-nos um adolescente milionário, herdeiro de uma dinastia de criminosos, com um ego cuja dimensão nada fica a dever à do seu intelecto e que é, sobretudo, frio e calculista, mais próximo de um vilão ao estilo de Lex Luthor do que de um paladino da justiça. Inclusive a própria Holly Short, a sua «aminimiga», não corresponde de todo à ideia da fadazinha etérea e frágil — na verdade, aguerrida e armada até aos dentes com a sua Neutrino, parece mais uma Lara Croft do que uma Sininho. No entanto, por mais que tente passar a imagem de bad boy armado em adulto que só usa fato e gravata, na realidade Artemis tem mais de bom do que aquilo que deixa transparecer. E se as relações do jovem génio do crime com o Povo das Fadas começam com o pé esquerdo, para depois se tornarem aliados no combate à perigosa Opal, ao longo dos oito livros a amizade entre Artemis e Holly vai-se tornando cada vez mais sólida, transformando-os a ambos.

Depois de os dois primeiros volumes terem sido publicados pela Dom Quixote em 2002 e 2003, Artemis Fowl esteve vários anos ausente das livrarias portuguesas. Porém, com mais de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, a Booksmile decidiu apostar na série, tendo já publicado os três primeiros volumes: Artemis Fowl, Artemis Fowl: Incidente no Árctico e Artemis Fowl: O Código Eterno.

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Há muito que se fala numa adaptação cinematográfica das aventuras de Artemis, depois de a Disney ter adquirido os respetivos direitos. Ainda que seja um projeto em fase muito inicial e não haja nomes apontados (o nome de Cameron Diaz chegou a surgir em tempos para o papel de Holly Short), estou certa de que Asa Butterfield (A Invenção de Hugo) daria um Artemis Fowl perfeito.