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Entrevista a Catarina Nunes de Almeida

por Sofia Pereira

Catarina Nunes de Almeida nasceu em Lisboa, em 1982. Licenciada em Língua e Cultura Portuguesas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ensinou, entre 2007 e 2009, Língua Portuguesa na Universidade de Pisa. Em 2012, concluiu, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, uma Tese de Doutoramento intitulada «Migração Silenciosa – Marcas do Pensamento Estético do Extremo Oriente na Poesia Portuguesa Contemporânea» e, atualmente, trabalha num projeto de investigação de Pós-Doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, também no âmbito do Orientalismo Português. A sua ligação à poesia iniciou-se com a publicação de poemas em revistas literárias portuguesas e estrangeiras e a participação em diversos encontros internacionais de poesia. Tem cinco livros de poesia publicados –  Prefloração (2006), A Metamorfose das Plantas dos Pés (2008), Bailias (2010), Marsupial (2014), Achamento (2015) –  e um dirigido ao público infantojuvenil – O dom da palavra (2016).

A Fábulas entrevistou a autora. Catarina, que desde cedo manifestou um enorme fascínio pelo Teatro e pela Literatura, tendo frequentado diversos cursos e oficinas criativas, fala-nos do seu gosto pela poesia e do seu percurso literário.

Que papel desempenha a poesia na sua vida?
Não desempenha um papel. Quando muito a poesia está na assistência. Umas vezes aplaude-a de pé, outras levanta-se e vai-se embora. Quando leio um poema (ou escrevo) agrada-me sobretudo aquela sensação de poder entrar onde não há tempo. Num haiku, por exemplo, nunca sei se me demoro por quinze segundos, se por quinze séculos. Isto é o que me faz bem na poesia, ir para fora de pé e afogar-me.

Muitos estudos psicológicos concluem que a poesia pode ter maiores benefícios para o bem-estar do ser humano do que os livros de autoajuda. Concorda?
Esses estudos deixam-me arrepiada. É uma visão muito utilitarista da poesia, que sinceramente não me interessa. Talvez possamos dizer, invertendo um pouco os termos, que cada poeta escreve o seu próprio livro de autoajuda. Mas sabendo de antemão que no final não salvará ninguém, nem sequer a si próprio.

Em que momento da sua vida surgiu o encanto pela leitura e pela escrita de poesia?
O amor pela leitura e pela escrita nasceu antes de saber ler ou escrever. Os livros de histórias interessaram-me sempre e eu gostava de os receber, gostava que os adultos mos lessem. Outras vezes imaginava, inventava a partir das ilustrações, como qualquer criança. Também era uma grande criadora de dramas e tragédias para as minhas bonecas. A escrita ia aparecendo assim: frases ou cantilenas que se inscreviam nos meus pensamentos. Neste aspeto, o contacto com a natureza, nos verões com os meus avós, foi muito importante para tornar os meus sentidos disponíveis. Observar os adultos era uma coisa que adorava. É importante que uma criança aprenda a ver além do que é objetivamente visível e lhe seja dado espaço para partilhar as suas descobertas – por mais simples e comuns, devem ser recebidas como coisas raras. Assim uma criança vai aprendendo a colecionar os seus pequenos milagres e a pensar com poesia.

É uma autora da novíssima poesia portuguesa. Há uma proximidade em estilo nos novos poetas contemporâneos?
Do lado de dentro é difícil ter uma visão do conjunto. Haverá coincidências em certas angústias que perpassam a nossa geração, no ritmo da escrita (que reflete o da própria vida), nos espaços das cidades que partilhamos e que coabitam vários poemas. Porém, não existe atualmente um movimento estético organizado que reúna várias vozes como os que existiram noutros momentos.

Quando lemos os seus livros, facilmente percebemos que há uma forte ligação ao Oriente. Como surgiu esse fascínio?
O interesse pelo Extremo Oriente foi crescendo à medida que desenvolvia a minha investigação de doutoramento. Esse interesse, que começou por ser puramente estético – pela poesia e pela arte –, rapidamente se transformou num interesse espiritual. Certos aspetos da tradição budista foram ao encontro de questões profundas, silenciosas, que estavam comigo há muito tempo. E à medida que avanço em leituras – ou que pratico exercícios como a meditação – o meu entendimento do mundo transforma-se e a escrita também se transforma. Todo este processo está ainda muito ativo e tem abalado poderosamente a minha estrutura, mas descrevê-lo é quase impossível.

Com O dom da palavra estreia-se na literatura para crianças e jovens, criando «uma espécie de poema contínuo, escrito sob a forma de diálogos». Fale-nos um pouco sobre este livro.
O João Concha, que ilustrou este livro e foi também o seu editor, convidou-me um ano antes para escrever o número seguinte da Colecção Alice (Não Edições), criada a pensar em miúdos mais ou menos graúdos. A ideia era fazer qualquer coisa que se aproximasse mais da poesia, algo que me pareceu bastante difícil. Mas sou amiga do João há muito tempo e sinto imensa afinidade com o seu trabalho – tínhamos, aliás, já colaborado num projeto antes deste, embora não tenha saído da gaveta –, pelo que lá me enchi de coragem. Tinha uma fonte riquíssima lá em casa, o meu filho, a quem acabei por dedicar o livro. As crianças são uma espécie de reis Midas da linguagem: quase todas as palavras que proferem se transformam em ouro. Passei a fazer esse exercício de o escutar com mais atenção do que nunca, de me concentrar na essência das suas perguntas, das suas inquietações, na forma como reconstruía os conceitos, o discurso. E foi um exercício que nunca mais abandonei, porque me faz visitar uma série de raízes: as da minha própria linguagem, as das minhas ideias e as dos meus afetos.

Podemos identificar versos e imagens de outros poetas na sua poesia?
Sim, isso acontece, como é natural. Todos nós temos mestres e entramos em diálogo com eles – algumas vezes essas referências transparecem de forma evidente, outras vezes são mais subtis. Também já aconteceu esses ecos revelarem-se mais tarde, quando releio um poema publicado há algum tempo. Isso mostra que essa revisitação é também um processo inconsciente. Portanto, prefiro não destacar (ou destapar) aqui nenhum nome.

Como é o seu processo de criação artística?
Nada organizado. Posso passar várias semanas sem escrever um verso e a certa altura ser atravessada por ele (ou por uma imagem antes dele) e no momento mais inoportuno. É comum guardar fragmentos no telemóvel, nos rascunhos das sms. Ultimamente, os poemas saem dum só jorro, por vezes até difícil de acompanhar só tendo duas mãos. Depois volto a eles, claro, para os limar, mas cada vez menos. Para os meus três primeiros livros escrevia sempre os poemas em caderninhos. O acto de me sentar a um computador inibia a fluidez e o despojamento de que eu precisava. Além de que, alguns versos deixados de lado, por vezes encontravam salvação numa segunda ou terceira leitura. Depois, aos poucos, fui-me habituando, porque passei a estar mais tempo a trabalhar ao computador e, por vezes, para não deixar fugir um verso, acomodava-o logo ali no documento ao lado. Já no que respeita à relação entre os poemas, quando se entra na fase de escrever o livro propriamente dito, com uma estrutura pensada, o computador facilita um pouco. Quando publico um livro, geralmente nos tempos que se seguem ando muito às cegas, não encontro logo um fio condutor a partir do qual escrever. Mas quando ele me aparece, nunca mais o largo: sei que vou escrever um livro e não uma coletânea de poemas.

 

Quando éramos pequenos…

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No outro dia passou na televisão Um Polícia no Jardim Escola, um filme de 1990, em que Arnold Schwarzenegger interpreta um polícia infiltrado num infantário e que de repente é atirado para um cenário para o qual nenhuma academia de polícia o poderia ter preparado: tomar conta de miúdos e miúdas de 4 e 5 anos.

Após um começo algo atribulado (talvez caótico seja a palavra certa), Jonh Kimble, o «gigante com um sotaque engraçado» lá encontra uma maneira de pôr ordem na casa, e até encontra momentos de calmaria para ler histórias às crianças.

Uma das histórias que ele lê é um poema do livro When We Were Very Young, de A.A. Milne. Spring Morning é o título do poema, para quem tiver curiosidade. Poderão lê-lo na íntegra aqui.

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A.A. Milne é o criador da personagem Winnie-the-pooh, popularizado pelos desenhos animados da Disney. When We Were Very Young não se encontra editado em Portugal e muito pouco da obra do autor se encontrará atualmente nas livrarias do país.

Fica, no entanto, a curiosidade!

A força da poesia

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por Sofia Pereira

«Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.»
Federico Lorca

«A poesia é a arte de comunicar a emoção humana pelo verbo musical.»
René Waltz

Hoje, a 21 de março, assinala-se o Dia Mundial da Poesia.

A poesia é um género literário muito rico, que nos transporta para um mundo diferente, onde podemos sonhar, refletir e viver. Quando falamos de poemas, é inevitável lembrarmo-nos de todo um conjunto de palavras cheias de significado, de sentido, de ritmo e de musicalidade. São todas essas características, aliadas à criatividade e a uma forte dimensão estética, que tornam a poesia, de uma forma geral, fascinante para a maioria dos leitores.

Ler poesia é tentar mergulhar na verdadeira mensagem do texto poético – só conhecida pelo poeta –, mas a pluralidade de significações atribuídas pelos leitores constrói um puzzle que enriquece o poema. Mas, mais do que tentar captar o sentido e a expressão das palavras, a leitura de poesia pode contribuir para o desenvolvimento pessoal, intelectual, emocional e social dos leitores.

Conhecer o que grandes poetas deixaram escrito e que perdura no tempo, compreender melhor o mundo que nos rodeia e, dessa forma, poder participar nele, conhecer outras formas de ver e sentir o mundo, saber mais sobre poesia, refletir e adotar uma atitude crítica face à realidade que nos rodeia, e inspirar-nos para escrever, são benefícios que todos os leitores podem descobrir nesta viagem pela arte poética.

A poesia é, muitas vezes, o espelho da alma do seu autor, mas também do ser humano que se dedica ao prazer da sua leitura. A poesia é uma recriação do mundo: descreve a realidade de um modo misterioso, transformando-se num bálsamo e os momentos menos positivos, as injustiças, as violências e os sentimentos negativos enchem-se de cor e vivacidade. São palavras silenciosas que têm um poder terapêutico para quem as lê.

Neste Dia Mundial da Poesia, deixamos aqui a sugestão de alguns livros, para partilhar, para oferecer:

O MEU PRIMEIRO ÁLBUM DE POESIA

O Meu Primeiro Álbum de Poesia, de Alice Vieira, ilustrações de Danuta Wojciechowska, Dom Quixote

«O Meu Primeiro Álbum de Poesia tem a capacidade rara de tornar acessíveis, a leitores de todas as idades, poemas de grandes autores portugueses do século XVI aos nossos dias, conseguindo proporcionar-lhes um prazer genuíno e duradouro. Nesta antologia encontra-se poesia criteriosamente seleccionada por Alice Vieira de autores como Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Miguel Torga, António Gedeão, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário-Henrique Leiria, Ruy Belo, Luísa Ducla Soares, Matilde Rosa Araújo, Vasco Graça Moura, entre outros. Cada leitor será livre de decidir aquele que prefere, aquele de que menos gosta, aquele que mais o encantou (mesmo que não tenha percebido as palavras todas), aquele que lhe pareceu mais estranho, aquele que aprendeu logo de cor. As autoras Alice Vieira e Danuta Wojciechowska coleccionaram os poemas e conceberam as imagens deste álbum, que somos convidados a apreciar página a página e, no final, a completar. Trata-se de uma obra para leitura individual ou em grupo. Com ela se pode começar a amar a língua, a literatura e os livros numa aventura através da linguagem poética que envolve compreensão, imaginação e coração.»

ANOS 70 POEMAS DISPERSOS

Anos 70: Poemas Dispersos, de Alexandre O’Neill, Assírio & Alvim

«Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 8.º ano de escolaridade. Leitura orientada na Sala de Aula – Grau de dificuldade II. Os textos de Alexandre O’Neill que compõem este volume nunca foram por ele incluídos em livros seus. À excepção de dois, recuperados de uma antologia, e de três encontrados no espólio, o autor publicou-os em jornais e revistas durante a década de 70. O conjunto aqui editado resultou da pesquisa feita no âmbito da biografia do poeta (Alexandre O’Neill: Uma Biografia Literária, de Maria Antónia Oliveira, Dom Quixote). Pôde constatar-se que, embora o poeta viesse publicando regularmente desde os finais da década anterior, os anos 70 eram aqueles em que a sua produção se tornava mais assídua, e em que mais textos haveriam de ficar confinados às páginas dos periódicos. Reúnem-se também poemas escritos para os jornais Diário de Lisboa e A Luta, e para as revistas Flama e Ele. Foram encontrados no espólio do poeta os poemas “Magritte” e “Azul Ar”, bem como os poemas sem título designados por Fragmentos, inéditos. Acrescentam-se ainda dois poemas datados de 1972 que E.M. de Melo e Castro e José-Alberto Marques incluíram na Antologia da Poesia Concreta em Portugal (Lisboa, Assírio & Alvim, 1973). Em anexo, publicam-se dois textos com poemas, e uma versão em prosa da primeira parte de “Rã & Descobridor.”»

SONETOS

Sonetos, de Florbela Espanca, Porto Editora

«Escritos nas primeiras décadas do século XX, os sonetos de Florbela são a expressão poética da paixão sensual e da confissão feminina. Simultaneamente pujante e frágil, a poetisa revela, por vezes de forma egocêntrica e narcisista, uma feminilidade intranquila e insatisfeita, imersa na Dor e no Amor. Influenciada por poetas como António Nobre ou Antero de Quental, Florbela revelou-se pouco permeável aos grupos e movimentos literários da época e construiu uma estética própria, pautada por um discurso poético veemente, descomplexado e livre de constrições sociais.»

E, como este dia marca também o início da primavera, convidamos a desfrutar do poema «Quando vier a primavera», de Alberto Caeiro, declamado pelo ator Pedro Lamares.

Feliz Dia Mundial da Poesia!

Os gatos excêntricos de T.S. Eliot

Serão poucos aqueles que nunca ouviram falar do musical Cats, composto por Andrew Lloyd Webber. A peça estreou-se em Londres, em 1981, e esteve dezoito anos em cartaz na Broadway, em Nova Iorque. A inspiração de Lloyd Webber é que já não será talvez tão conhecida, mas veio de um livrinho infantil intitulado O Livro dos Gatos (Old Possum’s Book of Pratical Cats, no original), com poemas de T. S. Eliot. O livro resulta de uma seleção de versos escritos nos anos 1930, sob o nome «Old Possum», e que o autor incluía nas cartas que enviava aos seus afilhados. Em 1939, a editora Faber and Faber decidiu publicar quinze desses poemas sob a forma de livro.

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Por cá a edição existente é bilingue, da Nova Vega, ilustrada por Axel Scheffler

Livro dos Gatos

A sinopse conta-nos o seguinte: «Venham conhecer Mister Mistofélix, o velho Fortunato que só quer dormir, e o Rufino Finório, que é um gato esquisito. Mas terão muita sorte se derem com o Mascarilho, criminoso perfeito que se ri da lei e que nunca ninguém consegue apanhar.»

As escolhas de Natal de… Ana Ramalhete

Falta um mês para o Natal e achamos que os melhores presentes para pôr nos sapatinhos dos mais pequenos, e também dos maiorzinhos, são livros, livros e mais livros. Com isso em mente, e porque às vezes é difícil saber o que escolher no meio de tanta oferta, resolvemos dar uma ajudinha. Ao longo desta semana será publicada uma lista de cada uma das redatoras da revista Fábulas com as suas recomendações de livros para oferecer neste Natal. Ana Ramalhete revela aqui as suas escolhas na categoria de Infantil.

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Dentes de rato, de Agustina Bessa-Luís, Ilustrações de Martim Lapa, Guimarães Editores

Dentes de rato conta a história da vida de Lourença, dos seis aos nove anos, passada no Douro com a sua família. A escola, as férias, os lugares, as leituras, as aventuras e as fantasias acompanham o seu crescimento interior e exterior e levam-na à descoberta de vários mundos: os reais e os imaginados.

Esta narrativa inspirada nas vivências de Agustina Bessa-Luís enquanto criança, espelha a própria infância, nas suas diversas vertentes: física, psíquica, imaginativa, emocional e poética, que decorre num tempo vertiginoso em que tudo pode acontecer.

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 O pássaro da cabeça, de Manuel António Pina, Imagens de Ilda David, Assírio e Alvim

Este livro inclui os poemas de Manuel António Pina que integram as edições originais das obras O pássaro da cabeça, Gigões e anantes e O têpluquê, editadas pela Regra do Jogo. O autor parte dos contrários, transforma-os em jogos de palavras e apropria-se do seu significado dando-lhes um novo sentido, como se tivessem vida própria e sofressem mudanças intrínsecas.

Nestes poemas singulares, plenos de originalidade e criatividade, nada é estático ou permanente, tudo se encontra em processo de transformação dinâmica entre o que é e o que não é, o que há e o que não há. A terna desconstrução da realidade leva-nos até um mundo às avessas que parece fazer todo o sentido.

perfumeO perfume do sonho, na tarde, de Luísa Dacosta, Ilustrações de cristina Valadas, ASA

Numa tarde de sábado, debaixo de uma árvore, uma menina, acompanhada do seu gato, deixa-se envolver no sono e entra no mundo do sonho. Aí vive e imagina aventuras desencadeadas pelos seus vestidos mágicos, guardados numa arca encantada. Quando o sol se põe e o gato reclama comida, guarda os fatos que não usou, fecha o baú dos sonhos e corre para casa.

Uma prosa poética construída a partir de aguarelas de Cristina Valadas, perfumada de intertextualidades que vão desde as histórias de As mil e uma noites até aos contos de Hans Christian Andersen. Uma bela simbiose entre texto e imagem.

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Tudo é sempre outra coisa, de João Pedro Mésseder, Ilustrações de Rachel Caiano, Editorial Caminho

Pela prosa do poeta percorremos um caminho separado por uma linha que divide dois mundos aparentemente díspares mas no fundo complementares. Em tudo há sempre outra coisa. Há o lado de cá e o lado de lá, o lado de dentro e o lado de fora, o lado de cima e o lado de baixo.

Neste livro, podemos começar pelo princípio ou pelo fim, podemos ler primeiro a ultima frase de uma página ou a primeira de outra. Podemos pensar ou sentir, ler ou ver, de uma maneira ou de outra. Podemos procurar a prosa e encontrar a poesia, esperar uma resposta e descobrir uma pergunta. Numa coisa há sempre outra coisa.

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O paraíso são os outros, de Valter Hugo Mãe, Ilustrações de Esgar Acelerado, Porto Editora

Uma menina divaga sobre a vivência entre casais, sejam pessoas ou animais. Embora não compreenda totalmente o comportamento afectivo dos adultos, homens ou bichos, também espera, um dia, encontrar felicidade no amor. E até já descobriu que «o amor precisa de ser uma solução, não um problema».

Com esta história, Valter Hugo Mãe faz-nos sentir como é importante o amor, construí-lo, procurá-lo, vivê-lo… e ajuda-nos a perceber como é fundamental ter esperança, saber fintar a solidão e ter tempo para aprender «que amar é um trabalho bom».

Poesia para os miúdos

No Dia Mundial da Poesia, recupero um artigo que escrevi há uns meses, com uma pequena seleção de livros que se poderão oferecer hoje às crianças para que descubram e explorem o mundo encantado da poesia.

«Há muita poesia, mas poucos leitores. Assim se diz num país de grandes poetas. […] A poesia é talvez mais fácil de assimilar pelos pequeninos, ajuda-os a descobrir as palavras, a descobrir o ritmo das frases e de como jogar com a língua. Para mim a poesia foi fundamental quando estava a aprender a escrever. De tal modo que na infância e na adolescência só escrevia poesia. Variava entre a simples quadra, o soneto e a tentativa de inventar algo diferente, ousado, mas ainda assim com uma estrutura simples, fácil de assimilar.

Por me lembrar disto, de quão importante foi para mim a poesia, embora ler, não tenha lido muita, além de Sophia de Mello Breyner ou de António Gedeão, entre outros, fiz uma pequena pesquisa de livros de poesia para crianças e jovens. Eis uma seleção daqueles que encontrei e que me parecem particularmente interessantes.

Histórias em Verso para Meninos Perversos, de Roald Dahl, publicado pela Teorema, com tradução de Luísa Ducla Soares. É recomendado para crianças a partir dos dez anos.

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 Primeiro Livro de Poesia, de Sophia de Mello Breyner Andresen, editado pela Caminho já faz mais de dez anos, pelo que talvez seja um bocadinho difícil de encontrar.

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 A Casa com o Sol Lá Dentro, de Maria Teresa Maia Gonzalez, da PI editora, um livro em que a autora nos descreve como a natureza inspira a poesia, e no meu caso é bem verdade, porque a natureza era o mote principal dos meus poemas, escritos entre os nove e os doze anos, com os cheiros, as cores, os sítios que visitava e as marcas que me ia deixando.

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 De Que Cor é o Desejo?, de João Pedro Mésseder, Editorial Caminho, um livro que também segue a mesma linha que o da Maria Teresa Maia Gonzalez, mas explorando um pouco mais além, onde «a poesia é a arte de revelar através das palavras o lado escondido da realidade», os nossos desejos e medos.

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 E porque me parece um conceito interessante, aqui fica Desmatematicar, de João Manuel Ribeiro, da editora Trinta por uma Linha, com vinte poemas sobre números, tabuada e figuras geométricas, pois não podemos viver sem palavras e sem números.»

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Artigo daqui.

Poesia juvenil, onde encontrar…

Existe muita poesia, mas muito poucos leitores. Assim se diz num país de grandes poetas. No caso infantil, penso que é diferente. A poesia é talvez mais fácil de assimilar pelos pequeninos, ajuda-os a descobrir as palavras, a descobrir o ritmo das frases e de como jogar com a língua. Para mim a poesia foi fundamental quando estava a aprender a escrever. De tal modo que na infância e na adolescência só escrevia poesia. Variava entre a simples quadra, o soneto e a tentativa de inventar algo diferente, ousado, mas ainda assim com uma estrutura simples, fácil de assimilar.

Por me lembrar disto, de quão importante foi para mim a poesia, embora ler, não tenha lido muita, além de Sophia de Mello Breyner ou de António Gedeão, entre outros, fiz uma pequena pesquisa de livros de poesia para crianças e jovens. Eis uma seleção daqueles que encontrei e que me parecem particularmente interessantes.

Histórias em Verso para Meninos Perversos, de Roald Dahl, publicado pela Teorema, com tradução de Luísa Ducla Soares. É recomendado para crianças a partir dos dez anos.

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Primeiro Livro de Poesia, de Sophia de Mello Breyner Andresen, editado pela Caminho já faz mais de dez anos, pelo que talvez seja um bocadinho difícil de encontrar.

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A Casa com o Sol Lá Dentro, de Maria Teresa Maia Gonzalez, da PI editora, um livro em que a autora nos descreve como a natureza inspira a poesia, e no meu caso é bem verdade, porque a natureza era o mote principal dos meus poemas, escritos entre os nove e os doze anos, com os cheiros, as cores, os sítios que visitava e as marcas que me ia deixando.

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De Que Cor é o Desejo?, de João Pedro Mésseder, Editorial Caminho, um livro que também segue a mesma linha que o da Maria Teresa Maia Gonzalez, mas explorando um pouco mais além, onde «a poesia é a arte de revelar através das palavras o lado escondido da realidade», os nossos desejos e medos.

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E porque me parece um conceito interessante, aqui fica Desmatematicar, de João Manuel Ribeiro, da editora Trinta por uma Linha, com vinte poemas sobre números, tabuada e figuras geométricas, pois não podemos viver sem palavras e sem números.

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