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«The Maze Runner – Correr ou Morrer», livro e filme

por Alexandra Martins

Maze Runner – Correr ou Morrer é um livro intenso, com um ritmo alucinante e que não concede tempo a grandes divagações. Os twists sucedem-se, levando-nos a duvidar sobre tudo o que acontece e a não fazer a menor ideia sobre o que vai acontecer a seguir. É assim que James Dashner, o autor, nos prende à história e nos faz virar página atrás de página.

Maze Runner - Correr ou Morrer

É também um livro distópico claramente juvenil. Embora seja muitas vezes colocado a par d’Os Jogos da Fome ou de Divergente, este livro é dirigido a um público mais jovem e maioritariamente masculino. Para começar, é contado do ponto de vista de um rapaz, num cenário rodeado de rapazes, todos adolescentes. A forma como falam uns com os outros, a linguagem utilizada, cheia de termos em calão, as brincadeiras tontas e até a agressividade e irritabilidade repentinas por parte de algumas personagens transportam-nos para o universo da adolescência masculina. Outra coisa que marca a narrativa do livro é a velocidade a que as coisas se sucedem que, se por um lado é bom para o ritmo da história e para captar a atenção dos leitores mais facilmente distraídos, por outro, leva a que não haja muito tempo para que as personagens, nomeadamente a principal, Thomas, possam digerir as emoções geradas por aquilo que lhes está a acontecer, possam pensar nelas e transmiti-las ao leitor. Torna-se assim uma leitura muito interessante do ponto de vista da ação, mas que não permite às personagens o tempo necessário para crescerem emocionalmente, conferindo um tom mais superficial ao livro e tornando-o talvez mais apelativo a um público a quem por vezes falta maturidade para ler livros mais complexos.

Faltando-lhe a dimensão emocional mais complexa, foi a ação que me agarrou a esta leitura. Sentada à beirinha da cadeira, controlando-me para não roer as unhas e de olhar ansioso pela próxima cena. Foi assim que li Maze Runner – Correr ou Morrer e foi também assim que vi a sua adaptação cinematográfica.

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Vi o filme antes de ler o livro. Tento sempre que tal não aconteça, mas desta vez não foi possível, por isso a minha primeira reação à Clareira e ao Labirinto foi visual, impactante, intensa. Depois li o livro e, embora a história esteja toda lá, a forma de a contar não podia ser mais diferente. São muitas as sequências, as cenas e os pormenores que diferenciam o livro do filme, sendo que isso, na minha opinião, não foi prejudicial a nenhum deles. Todos sabemos que encaixar quase 400 páginas em duas horas de filme é uma tarefa difícil e o resultado, ainda que diferente do original, foi muito positivo.

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As mudanças levadas a cabo pelo realizador Wes Ball serviram não só para condensar a história e torná-la mais coerente em menos tempo, como também para tornar a narrativa mais adulta, com personagens mais «crescidas», agradando a um público mais vasto. Pessoalmente, achei que o filme estava muito bem conseguido, com personagens e um encadeamento da história muito plausível para uma realidade tão distópica, um desenvolvimento estruturado, com alguns twists que nos deixam o coração aos saltos e que culmina num final intenso e completamente em aberto, à espera da sequela.

Um livro e um filme que me deixaram com vontade de ler e de ver mais sobre este mundo. Felizmente, já posso ler Maze Runner – Provas de Fogo e está para sair em breve a conclusão desta trilogia, para nos matar a curiosidade!

Literatura para adolescentes entre nomeados para National Book Award

Os livros para adolescentes ou «jovens adultos» têm sido alvo de alguma controvérsia por serem cada vez mais lidos por adultos com idades acima dos vinte e trinta anos. A questão em causa terá que ver com a qualidade desses livros e a sua pertinência para uma faixa etária que os críticos consideram que deveria ler obras mais adequadas à sua idade. Polémicas à parte, a verdade é que no meio de uma grande diversidade de histórias, típicas do Young Adult, encontram-se obras de qualidade literária cujo mérito merece ser reconhecido.

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Recentemente foi divulgada a long-list dos nomeados deste ano para o National Book Award, prémios atribuídos pelo National Book Foundation, nos EUA, com o objetivo de celebrar a literatura americana, e entre os livros presentes encontram-se alguns destinados ao público adolescente, como Brown Girl Dreaming, de Jacqueline Woodson, única autora afro-americana nomeada.

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Os temas destes livros são variados, desde a relação de uma filha com o seu pai vítima de stress pós-traumático, em The Impossible Knife of Memory, de Laurie Halse Anderson, à história de um rapaz de origem chinesa adotado por pais brancos, em Greenglass House, de Kate Milford, ou a de outro rapaz que sofre de epilepsia, em 100 Sideways Miles,de Andrew Smith, ou ainda de duas jovens acabadas de se formar através de programas de educação especial e que agora se veem numa situação em que terão de aprender a cuidar de si próprias, em Girls Like Us, de Gail Giles. As personagens são diversas e complexas e as histórias refletem questões com que nos debatemos em sociedade.

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Num artigo do The Guardian, há quem louve esta atitude do júri em incluir literatura para jovens na lista, embora considere que sejam mínimas as hipóteses de qualquer uma das obras passar para a short-list. Ainda assim reconhece que independentemente do seu público-alvo são livros de qualidade e provocadores, com a diversidade que muitas vezes falta neste tipo de prémios.

Via Blogtailors.

Distopias, fantasia e amor fraternal, o zunzum lá fora…

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A rentrée lá fora tem sido um passeio de montanha russa, com muitas novidades de autores novos e de autores já conhecidos. Aqui ficam alguns dos títulos que já andam a dar que falar.

The Infinite Sea, de Rick Yancey

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Acaba de ser lançada a esperada sequela ao best-seller do New York TimesThe Fifth Wave, cuja adaptação ao cinema já tem data de estreia para janeiro de 2016, com Chloë Grace Moretz (que interpretou recentemente a protagonista de outra adaptação de um livro YA ao cinema, Se Eu Ficar) no papel de Cassie Sullivan. Em The Infinite Sea, Cassie, Ben e Ringer enfrentam a Quinta Onda que precede a exterminação da raça humana.

I’ll Give You The Sun, de Jandy Nelson

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Após uma estreia fulgurante com o aclamado The Sky Is Everywhere, Jandy Nelson regressa com um livro que segue a história de um casal de gémeos, Noah e Jude. Acompanhamos as suas vozes e os seus pontos de vista em épocas diferentes. A de Noah antes de um acontecimento importante que marca as suas vidas para sempre e a de Jude já depois desse acontecimento.

Aos treze anos, Noah é um rapaz solitário que passa a vida a desenhar e está a apaixonar-se pelo seu vizinho carismático, enquanto a irmã Jude salta de penhascos para o mar, usa batom vermelho e fala por eles os dois. Passados três anos, Jude e Noah mal se falam. Algo aconteceu que os separou, por motivos diferentes, mas igualmente dramáticos. Até que Jude conhece um rapaz atrevido e marcado pela vida, e uma outra pessoa que mudará tudo.

Uma adaptação ao cinema já está a caminho a cargo da Warner Bros.. A crítica já o considera um dos melhores livros para adolescentes do ano.

«Readers are meant to feel big things, and they will—Nelson’s novel brims with emotion (grief, longing, and love in particular) as Noah, Jude, and the broken individuals in their lives find ways to heal.» – Publishers Weekly

«I’ll Give You the Sun is a daydream… otherworldly and mesmerizing… Nelson’s evocative language envelops one’s imagination… an exquisite surrender to wonder and possibilities.» – The Boston Globe

«A resplendent novel…Art and wonder fill each page.» – School Library Journal

The Young Elites, de Marie Lu

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A autora da série Legend lança uma nova série de fantasia para adolescentes. Neste novo livro seguimos a história de três personagens, Adelina Amouteru, uma sobrevivente a uma doença mortal e que poderá ter dons escondidos; Teren Santoro, líder do Eixo da Inquisição, cuja função é encontrar as tais Jovens Elites do título do livro e destruí-los antes que eles destruam a nação;  e Enzo Valenciano, um membro da Dagger Society, cujo objetivo é encontrar Jovens Elites, que eles acreditam possuir dons extraordinários, e protegê-los da Inquisição. Porém quando estes descobrem Adelina verificam que ela tem poderes ainda mais incríveis do que aquilo que imaginavam.

Aqui ficam algumas críticas da imprensa:

«Lu pivots from the ‘coming of age via romance’ formula to pry apart the many emotions that pass under the rubric of love… There’s nothing easy here, for Adelina or readers—there are no safe places where the pressures of betrayal, death threats, and rejection aren’t felt.» – Publishers Weekly

«Lu seamlessly melds an unforgettable and intoxicating historical fantasy narrative with a strong female protagonist that grapples with an issue experienced by all young adults—acceptance of one’s self… Lu’s new series will be a surefire hit with old and new fans alike.» – School Library Journal

Filme de «Hunger Games: Mockingjay Part 1» promete…

por Alexandra Martins

Com a aproximação do mês de novembro, cresce a expectativa em torno do filme The Hunger Games: Mockingjay Part 1, a primeira parte do épico final da trilogia Os Jogos da Fome. Já foram divulgados alguns teasers (ver aqui e aqui) e os rostos da revolta já foram apresentados, num conjunto de cartazes promocionais. Destes cartazes, a ausência mais notada é Katniss.

Sim, já sabemos que neste último livro (dividido em dois filmes) vamos encontrá-la num estado de fragilidade muito diferente daquele da lutadora que conhecemos. Mas Katniss é o Mimo-gaio e já sentíamos falta dela. Entretanto foram lançados os seus primeiros dois posters.

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Nas imagens encontra-se trajada com o fato de Mimo-gaio criado por Cinna (naquela em que está de costas podemos admirar a beleza das asas negras), com a trança sobre o ombro, e fazendo-se acompanhar da sua icónica arma: o arco e as flechas. A determinação espelhada no rosto de Katniss, interpretada por Jennifer Lawrence, aliada às chamas ao fundo (ao contrário dos cartazes dos restantes rebeldes, este é o único que tem fogo, fazendo-nos lembrar que Katniss é A Rapariga em Chamas) revela-nos um filme que em tudo parece prometer superar as expectativas dos fãs.

E enquanto novembro não chega, ficamos com o trailer oficial:

Antestreia exclusiva e gratuita de «Maze Runner» no Jardim da Estrela

por Alexandra Martins

A adaptação cinematográfica do livro de James Dashner, Maze Runner – Correr ou Morrer, vai ter a sua antestreia exclusiva em Portugal já amanhã, dia 9 de setembro, no âmbito da 11.ª edição do Cine Lapa, um ciclo de cinema gratuito e ao ar livre, no Jardim da Estrela, em Lisboa.

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No cartaz do Cine Lapa, que este ano decorre entre 9 e 14 de setembro, encontram-se filmes para todos os gostos, mas os olhares estão virados para Maze Runner, cuja adaptação é uma das mais esperadas do ano no cinema. O filme só chega às salas portuguesas no dia 18 de setembro, por isso esta é uma oportunidade a não perder, principalmente para os que já leram o livro, o primeiro de uma trilogia editada em Portugal pela Editorial Presença.

A antestreia está marcada para esta terça-feira, 9 de setembro, às 21h, sob as estrelas.

Maze Runner - Correr ou Morrer

Sobre o livro:

«Quando desperta, não sabe onde se encontra. Sabe que o seu nome é Thomas, mas é tudo. Quando aquela caixa metálica para, Thomas percebe então que se encontra num elevador e não tarda a descobrir que chegou a um lugar estranho e que o enche de pânico. Lá fora, uma pequena multidão de adolescentes como ele. Os rapazes puxam-no para fora e as suas vozes saúdam-no numa linguagem que lhe parece estranha. Dizem-lhe que aquele lugar se chama a Clareira e ensinam-lhe o que sabem a respeito daquele mundo. E existe o Labirinto, para além dos muros da Clareira… Mas acontece algo inesperado – a chegada da primeira e única rapariga, Teresa. E ela traz uma mensagem que mudará todas as regras do jogo.»

Trailer do filme:

Os 18 melhores livros YA do ano… até agora

O jornal The Telegraph vai anunciando ao longo do ano os melhores livros para adolescentes de 2014, com a devida a atualização. Só em janeiro saberemos a lista definitiva, mas para já fica a seleção dos melhores… até agora. Aqui.

Entre os títulos destacados, alguns encontram-se editados em Portugal, como Half Bad, de Sally Green (Editorial Presença), We Were Liars, de E. Lockhart (ASA). Autores como Tim Bowler têm outros livros editados em Portugal (O Mar dos Murmúrios, Editorial Presença), Robert Muchamore, Frances Hardinge (A Rapariga Que Sabia Ler, Editorial Presença), Matt Haig (A Família Radley, Bertrand Editora).

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Juvenil e «Jovem Adulto», onde é que um acaba e o outro começa

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Hoje, mais do que nunca, enfrenta-se uma dificuldade que não se verificava há quinze anos, mais ou menos – definir o que é um livro juvenil. Muitos afirmam que tudo começou com Harry Potter. Quando os adultos começaram a ler Harry Potter. Os primeiros dois, três volumes, não há dúvida de que são juvenis, mas os seguintes, aqueles que acompanham a adolescência de Harry e os amigos, esses já podem ser colocados noutra secção.  Mas qual?

A explosão na diversidade de histórias que se deu a partir de Harry Potter causou uma certa confusão nas livrarias, principalmente com o lançamento da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, e posteriormente da série Jogos da Fome, de Suzanne Collins. De repente, estes livros já não eram só para crianças, ou só para adolescentes, também os adultos ou jovens adultos se aventuravam na leitura destes livros, por vezes com mais fervor do que o público-alvo para o qual estavam destinados, à partida.

Crepúsculo não será para crianças, será mais para adolescentes, e a trilogia Jogos da Fome  é provavelmente demasiado violenta para miúdos de dez anos. Assim tornou-se necessário estratificar o juvenil em diferentes faixas. Estas faixas dividem-se agora frequentemente entre os 9-12, que os anglo-saxónicos apelidam de tweens;13-17, a adolescência plena, ou até entre os 17-20, categorizado como Young Adult ou «Jovem Adulto», embora aqui as idades possam ser variáveis, dependendo da história, da linguagem, do conteúdo. O próprio Young Adult já sofreu uma estratificação com o surgimento do New Adult, para histórias com conteúdo sexual mais explícito.

Então como é que se decide quando um livro é juvenil ou para jovens adultos? Um dos fatores decisórios estará na idade da personagem principal da história. Quantos anos tem? Dez, doze, quinze, dezassete? O segundo fator poderá ser o do «ponto de vista». O livro está escrito na terceira pessoa? Na primeira? Os livros destinados aos adolescentes e jovens adultos tendem a adotar o ponto de vista da personagem ou personagens principais, e apresentar-se na primeira pessoa, enquanto que para os mais pequenos o autor costuma optar pelo uso da terceira pessoa.  A linguagem e o vocabulário utilizados são outros fatores a ter em conta, assim como o assunto e a complexidade «interior» da história. Nos livros juvenis, as personagens tendem a ser mais reativas, enquanto que naqueles livros destinados aos adolescentes, o protagonista tende a questionar mais o statu quo e a desafiá-lo, num constante balanço entre conflito interior, ação e reação.

O debate não se encerra certamente nestes possíveis fatores, na tentativa de criar uma linha que ajude a distinguir o juvenil do Young Adult. De qualquer forma, tratam-se de meras categorizações. O mais importante – parece-me – é o próprio leitor. As leituras não serem definidas tanto pela idade de quem lê, mas antes pelo seu ser como indivíduo, com as suas experiências, as suas capacidades, as suas forças e as suas fragilidades.

Fica a reflexão.

 

Precisamos de mais heroínas diferentes de Katniss Everdeen

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Hoje é dia de YA e de notícias vindas de terras de Sua Majestade. Decorreu no Reino Unido a primeira convenção dedicada à literatura «Young Adult» e um dos assuntos discutidos foi a necessidade de haver mais heroínas falíveis, além das dos livros Jogos da Fome, de Suzanne Collins. O painel, constituído pelas autoras Tanya Byrne, Isobel Harrop, Julie Mayhew e Holly Smale, rejeita a ideia de que as verdadeiras heroínas têm de ser todas como Katniss Everdeen. Isobel Harrop questionou mesmo: «Porque é que uma personagem feminina tem de ser forte? Porque é que fraqueza ou gostar de rapazes há-de impedir uma personagem de ser feminista?». Uma outra autora, Holly Smale, salienta a importância de as histórias representarem também «as qualidades menos atraentes», pois parece que ser feminista é visto como ter de ser «forte e duro como um homem». Para Holly ser feminista é «mostrar todas as tonalidades de se ser rapariga». Isto é importante não só para as leitoras, mas também para os rapazes que leem estes livros perceberem as complexidades do género e não ficarem com uma ideia simplista da «mulher perfeita».

Artigo completo no The Telegraph.

A rainha do «Young Adult» é um escritor

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No Reino Unido existe um prémio que distingue autores de literatura para adolescentes e jovens adultos em que são os leitores que votam. O prémio Queen of Teen existe desde 2008 para celebrar a diversidade cada vez maior de obras de ficção disponíveis para uma faixa etária tão complexa e complicada como a dos adolescentes.

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Este ano o vencedor do Queen of Teen foi James Dawson, autor de obras como Hollow Pike e Say Her Name. James era o menos conhecido dos nomeados, entre os quais se encontravam escritores best-sellers como John Green, Cassandra Clare e Veronica Roth. Um dos votantes justifica a sua escolha com a sensibilidade demonstrada pelo autor relativamente  a questões que afetam a comunidade LGBT: «Há muitas personagens homossexuais nos seus livros. Mas os livros não são sobre ser-se homossexual; são gay porque são, não há um grande drama à volta disso, o que é fantástico».

A notícia é daqui. Mais sobre o prémio aqui.

Mais sobre o autor e a sua obra aqui.

 

A polémica à volta dos adultos que leem «Young Adult»

 

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O debate não é recente, mas agora a discussão aqueceu entre aqueles que defendem que os adultos não deviam ler literatura para jovens, por se tratar de má literatura ou por não ser adequada àquela faixa etária, e aqueles que advogam o contrário.

No artigo Against YA, Ruth Graham afirma que os adultos «deviam sentir vergonha» por lerem livros destinados às crianças, e que por isso deviam dedicar-se à leitura de «ficção literária séria».

A autora do artigo refere alguns números, como por exemplo que mais de 50% dos compradores deste tipo de literatura têm idades superiores a 18 anos, e que 28% têm idades entre os 30 e os 44 anos. São números surpreendentes que dão que pensar.

Ruth põe de parte aquela literatura considerada abertamente má, como o Twilight, de Stephenie Meyer, e debruça-se sobre o «realismo contemporâneo YA», promovido pelo mega-sucesso de John Green, A Culpa é das Estrelas. 

Os temas mais explorados neste género de livros têm que ver com a angústia juvenil, o primeiro amor, a primeira relação sexual, o futuro escolar e profissional, assuntos que para os adultos já não terão tanto significado, pelo que se compreende a posição desta articulista.  Dependendo do nível de maturidade dos adultos que leem romances juvenis, muitos não conseguirão evitar «revirar os olhos» a cada página. Então porquê lê-los? Ruth acredita que A Culpa é das Estrelas ou Eleanor & Park são efetivamente boas leituras para adolescentes, mas não para adultos, que retirarão desses livros pouco mais do que «escapismo, gratificação instantânea e nostalgia».

No fim do artigo, a autora chama a atenção para uma declaração da atriz Shailene Woodley, que interpreta o papel de Hazel na adaptação cinematográfica do livro de John Green, para explicar porque é que não vai mais fazer papéis de adolescente (depois de Divergente, suponho): «No ano passado quando fiz o Culpa [é das Estrelas], senti empatia pela adolescência, mas já não sou uma jovem adulta, sou uma mulher.»

A reação ao artigo foi imediata e mereceu uma resposta irónica de uma autora de literatura para jovens, Kathleen Hale, em A Young Adult Author’s Fantastic Crusade to Defend Literature’s Most Maligned Genre. Contudo, não se podem ignorar as questões que Ruth coloca e que justificam o debate. O perigo aqui é limitar-se simplesmente ao ataque de parte a parte e de não se examinar com imparcialidadecada perspetiva.

Entretanto já existe uma lista Anti-Anti-YA, com sugestões de bons livros que podem ser lidos tanto por adolescentes como por adultos, aqui, onde se encontra também o artigo que me chamou a atenção para esta discussão virtual. Recomendo ainda a leitura deste artigo sugerido no texto de Ruth Graham.